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O ZÉ CAPITULA QUE EU VI.

Jerdivan Nóbrega de Araújo*
Eu recordo muito bem de Zé Capitula, já no final da sua vida, quando deixara o oficio o “aguador”, assim eram chamados os que vendiam água nas residências de Pombal, passando-o mais tarde a andarilho e pedinte nas ruas de Pombal.
Figura emblemática na minha vida. Simpático que era, não dispensava um “explicação” de tudo que lhes rodeava. Lembro-me quando tangia os jumentos nas ruas de Pombal, e lembro-me quando, já no ocaso da vida, vestindo um surrado paletó preto e uma bengala escurecida pelo suor das suas mãos, conduzia seu corpo cansado em passos lentos pelas rua de Pombal. Vaidoso que era, usava chapéu, colares, pulseiras de arame e nos dedos muitos anéis com pedras coloridas como se fora puro rubi.
O relógio, lembro-me como se ele estivesse em minha frente agora enquanto teclo estas palavras, era um emaranhado de arames e contas coloridas. Nenhum ponteiro nenhum número para lhes orientar no tempo, mas, se lhes perguntassem as horas ele colocava o “relógio” contra o sol e dizia as horas, estranhamente, se não acertando, errando por pouco.
Estas pessoas, Godo, Zé Capitula e Pedro Jaques, não sei explicar por que são eternas em nossas memórias.
Zé Capitula, para os dias de hoje, seria um artista um poeta destes que a própria existência é seu livro e sua poesia são as linhas não escritas da sua vida. Não era nenhum profeta, mas, bem que lembrava os andarilhos do nosso sertão.
Pombal é pródiga neste tipo de gente. Gente do povo que, certamente havia em todas as cidades do sertão, mas que só em Pombal, costuma voltar em lampejo de memória, como o fez Paulo, trazendo de volta em forma de literatura.
Bem que Pombal poderia homenagear Zé Capitula como patrono de uma rua. Pois, deve-se lembrar que ele não era louco, como sugere o nome. Ao contrario, era uma pessoa sábia e muito responsável. Meu pai contava que ele passava horas procurando o melhor local do Rio para apanhar água e, quando não encontrava cavava cacimbas em locais mais distanciados das margens para ter a garantia de que era a melhor água a ser entregue aos seus clientes.
Dr Nelson e Dona Nena eram exemplos de Pombalenses que não aceitavam água de outro se não fosse Zé Capitula, por que era a garantia da qualidade. Um homem desse merece ser lembrado, mesmo por que naquela época não existia tratamento de água, que apanhada no rio, colocada nos potes e assim era consumida.
O rosto cansado de Zé Capitula, seus cabelos brancos, sua pele enrugada, sua coluna arqueada pelo peso da idade, suas andanças no final da vida, pelas ruas quentes de Pombal, sua parada para observar o horizonte ali na rua do Mercado Publico, sua mão estirada a espera de uma esmola, as vezes até negada por aqueles que muitas vezes ele matou a sede ou refrescou o corpo do calor da cidade, com a água transportada por suas mãos, tá em mim como um personagem de “Doidinho” nas ruas de Pilar.
Por tanto, acompanho e reforço as palavras e as lembranças de Paulo Abrantes por esta figura que povoou nossos medos e nossos sonhos de menino nas ruas de Pombal.
*Escritor Pombalense.
O ZÉ CAPITULA QUE EU VI. O ZÉ CAPITULA QUE EU VI. Reviewed by Clemildo Brunet on 3/22/2010 01:49:00 PM Rating: 5

Um comentário

Unknown disse...

OI CLEMILDO!TODOS OS DIAS TEMOS ALGO PARA PARABENIZA-LO . HOJE QUERO AGRADECER PELA JUSTA HO
MENAGEM A ESTE FILHO ILUSTRE !
MESTRE DOS MESTRES AH!SE PESSOAS COMO ARLINDO, PODESSEM SE DIVIDIR
PARA ENSINAMENTO DA HUMANIDADE
O MUNDO GANHARIA NOVAS FORMAS DE
VIDA O HOMEN ENCONTRARIA DEUS!...

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