Tarja preta: Omertà à moda brasileira
João Costa |
João
Costa*
Para sua consideração – Tarja preta:
Omertà à brasileira. O país segue à deriva – pior, feito um barco furado em
alto mar. Falta um timoneiro para barrar achacadores notáveis, botar pra tocar
o Lado B da marchinha que a rede Globo, a Veja e os demais barões da mídia
tocam. “Enterrem o Lula, já!” é o Lado A repetitivo que toca toda semana
dia-e-noite. O Lado B é o prenúncio inevitável, o favoritismo do ex-metalúrgico
para eleições de 2018. Não é à toa que os golpistas, travestidos de impolutos e
bons moços, querem eleições como saída para empanar o golpe ao estado direito. Políticos
do PMDB, associados aos do PSDB, expoentes do Judiciário e
Alguns apontam delírios em quem enxerga
no vice-presidente Michael Temer a real ameaça ao estado de direito. Com ele,
as revistas apontam que a Nação não sentiria o golpe, repetindo com Temer o
mesmo que ocorreu com Itamar, e como se o momento fosse o mesmo. Os escribas da
mídia nativa escrevem para a Av. Paulista; para uma classe média ressentida e
para sedimentar o ódio latente dos que perderam as eleições. Num país em que
parcela da população aprendeu a odiar – e está gostando disso. Daí, luz e
holofotes no escândalo da Petrobras, blecaute nos outros nichos e ou ninhos
políticos, também corruptos.
Mas tratemos da Omertà tabajara. Está
translúcida como a água a atuação de parlamentares paraibanos na conspiração
contra o estado de direito de um lado, e a ação de um batalhão de pessoas em
postos chaves exercendo proteção midiática, silêncio e cumplicidade em torno de
determinados políticos paraibanos. Todos sabem que CPIs são oportunidades de
negócios e facilidades, acompanhei várias na Assembleia do nosso estado e, como
repórter, era como aprender a jogar cartas com profissionais do carteado. Na
Câmara Federal não é muito diferente. Curioso: quando o relator é de oposição,
o presidente é de situação e vice-versa. Todos ganham graças à Omertà para
alguns; rajadas para aqueles sem “tarja preta”.
O que é apurado é filtrado, o que é
filtrado chega de forma transversa ao público. A mídia não só informa como também desinforma e quando participa da suposta
"investigação" está à mesa com suas cartas. Lembro bem de algumas:
CPI do Correio, Da Pesca, De Camará, para ficar apenas em três. Era como uma
caixa de Pandora – aquela que embute todos os malefícios, menos o Mal. Cabe à mídia sedimentar a informação
calculada e que também vira carta no jogo. Geralmente, usa-se o escárnio; o
deboche, que é um bom artifício. Esses não assustam. É um negócio, e negócio
depende, e muito, de oportunidades. Nada
melhor do que um estado de beligerância política para expor todos. Como disse,
não há silêncio inocente.
CPIs
surgem geralmente como retaliação da Oposição contra o governante e vice-versa.
Lembro de uma CPI – na Câmara Federal – para investigar irregularidades nas
obras inacabadas da União, mas que sem presidente refugiou-se no seu estado de
origem, sob suspeita de extorquir empresários. Cá em terras tabajaras, teve
algumas que provocavam risos, dada a tanta manipulação.
Assim: enquanto o MPF indiciava criminalmente
secretários e funcionários pela morte de cinco pessoas no famoso rompimento da
Barragem Camará, os esputados praticamente apontavam o uso de areia demais na
concretagem, quase açúcar. Na CPI do Correio. O soberano do momento acusou
importante empresário do setor investigado, e no final do ano, esse mesmo
empresário participava de almoço festivo com o inquilino da Granja Santana. A
lista é longa. A tarja preta já existia, mas só nas farmácias. Assim Caminha a
Humanidade!
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Tarja preta: Omertà à moda brasileira
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/03/2015 10:41:00 AM
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