Política e crime – irmãs gêmeas xifópagas
João Costa |
João
Costa*
Para sua consideração – Já li, em um
livro de memórias, uma citação curiosa: “os maiores criminosos, capazes de
violar túmulos, violentar freiras e degolar criancinhas, conservam sempre um
limite moral”. Constato que tal assertiva não vale para se aplicar aos nossos
políticos, num momento de acirramento de ânimos e sobrevivência.
“Inês é morta”, diz o ditado português,
que também se aplica ao governo Dilma Vana sobre a inutilidade de certas ações
do seu governo, de imensas oportunidades políticas perdidas. O PT foi governa
por uma década e
As oportunidades perdidas foram muitas, a
ponto de o país voltar ao seu ponto de equilíbrio secular: depositar no
Parlamento a possibilidade de soluções que não passem por ruptura ou
derramamento de sangue, algo que nunca ocorreu do ponto de vista da luta de
classes – Canudos, a única guerra civil de fato que a Nação presenciou não
conta.
Não precisa ser vidente para lançar
prognóstico para um futuro político próximo. Criticar a OAB por aquilo que ela
sempre mascarou não ser é infantil. Apontar um traidor é mais infantil ainda. E
depositar confiança no Congresso, este sim, legitimamente representante da
Nação, nos seus acertos e crimes. Afinal, a Nação pode até ser puritana, mas
seu legado jamais foi deixado por puros. Ponto parágrafo.
Leio que o cantor Lobão escreveu um
artigo em O Globo, pedindo desculpas a Chico Buarque, Caetano e Gil. Mesmo não
tendo cabimento em elevar Lobão, ao patamar desses três poetas – digamos assim
– é possível que muitos acreditem na sinceridade do roqueiro, useiro na
pregação do ódio e intolerância, tanto quanto o pasquim que publicou seu mea
culpa. Milhões, inclusive, acreditam que o combate à corrupção é sério.
No mundo todo, política e religião são
gêmeas xifópagas, o Brasil aí diagnosticado. Toda é qualquer religião embute um
dilema ético. Deus tem até o poder de perdoar pecados, jamais de mudar o que
foi feito. Isso se aplica a Lobão, Temer, juízes e procuradores e criminosos da
mídia nativa. Ah! O crime; ia esquecendo-me .
No filme “O Poderoso Chefão”, de Mario
Puzo e Ford Copolla, tem um diálogo primoroso sobre ética e moral no âmago da
máfia siciliana. O pistoleiro, se passando por traidor, adota um novo padrinho
e lança um engodo.
- Não entendo de política, entendo de
armas, diz o matador.
-
O crime e a políticos caminham juntos – política é saber a hora de puxar o
gatilho, retruca no padrinho mafioso.
Mas fico com um diálogo bem brasileiro
no falso confronto entre polícia e bandido.
- A casa caiu (eu ouvi isso de colegas
de profissão), perdeu, você perdeu! – diria João Roberto Marinho para
Dilma. É um diálogo pobre, chulo até,
mas bem brasileiro.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do
Paraíba.com.br
Política e crime – irmãs gêmeas xifópagas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/30/2016 09:24:00 AM
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