Eleições do bem comum – apenas para candidatos
João Costa |
João
Costa*
O que significam estas eleições
municipais num momento da História em que os canais de pressão popular
tornaram-se inúteis e a linha que separa a ilegalidade de tudo que é legal
perdeu de há muito a nitidez? Se o principal postulado da política é bem comum,
os candidatos falam do bem como se um mantra fosse – desde que comum a eles
mesmos e seus partidos.
Os candidatos a prefeito de João Pessoa
são mais da mesma coisa, e desconfio que a disputa na maioria dos municípios
não seja diferente. O Guia Eleitoral de todos os partidos vende fragrâncias
velhas ou novas em embalagens sofisticadas. Trocando os candidatos, basta
comparar as campanhas eleitorais e seus guias na TV e rádio em todos os
municípios. Principalmente nas capitais e
Os candidatos às câmaras de vereadores, com raríssimas exceções, são assustadores, àqueles que se apresentam em nome de Deus e da família, e os bizarros são de forte empatia popular. Restam uns poucos candidatos jovens que se insurgem contra essa maré fundamentalista religiosa, misógina e indisfarçadamente demente.
Levando em conta que no Brasil de hoje a
validade legal do voto é um engodo democrático a eleição tornou-se extremamente judicializada, como se criminosa
ela fosse. O Essencial da política é o crime.
O ensino médio – É médio por natureza e
nunca levou a lugar algum, mas aprovar reformas por Medida Provisória, na base
de primeiro vira lei, depois vê se cola foi demais – e com pleno apoio do
relator da matéria na Câmara, o deputado Wilson Filho, o candidato a vice na
chapa da professora Cida. Por isso que na essência, é a mesma sopa.
E eu não quero acreditar que o Usurpador
que preside a Junta Governativa tenha dito a verdade nas Nações Unidas a
respeito das motivações para o Golpe. Disse claramente que seguia orientação
internacional, e que a Dilma Vana recusou o programa de governo “ponte para o
futuro”, aquele que vai devolver o status de Republiqueta de Bananas ao Brasil
nos próximos anos.
Bolso sem fundo - O golpe é profundo e o
fundo está bem mais no fundo. A presidenta deposta não desmentiu nem apresentou
sua versão. Ficou mal explicado, até porque, a própria Dilma ensaiou sua versão
de “ponte para o futuro” – que significa a retirada de direitos trabalhistas e
outros quejandos, quando iniciou seu segundo mandato nomeando o financista
Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda.
Por fim, ou para início de novos-velhos
tempos, pipocam manifestações pelo país. Ainda não são as forças que vão
reverter o processo do nosso eterno retorno ao atraso das nações. Mas ouso
apostar na juventude, ainda que ela reverbere palavras de ordem de entidades
carcomidas como a CUT e dos partidos legalizados. Outras formas de lutas vão
surgir. Tomara que não demore uma década.
E se no Brasil de hoje o Judiciário é ao
mesmo tempo a casta dos novos sacerdotes e se, por conseguinte, privilegia
métodos kafkianos, não é suficiente para constituir-se um momento de exceção,
pois o tempo vai cobrar sua fatura. Mas até o ajuste, o fundamentalismo segue
fagueiro, pois os holofotes da Famíglia Marinho os ilumina.
E estas eleições não se constituem num
marco democrático, nem seu voto uma arma de resistência, daí de plena
inutilidade. Talvez eleger vereadores identificados com a luta popular, seja
importante diante dos faunos que se apresentam para a Câmara.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Eleições do bem comum – apenas para candidatos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/25/2016 07:01:00 PM
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