Pombal, minha terra natal, meu lugar, minha cidade e minha vida.
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Pombal, vejo-me todos os dias no teu
amanhecer, na luz que surge com o sol quebrando a barra, iluminando o voo dos
pardais, curiós, galos de campina, canários e daquele beija flor que todos os
dias, ainda, visita o quintal da minha casa.
Pombal, te vejo no acordar sob o
apito da Brasil Oiticica, que levantava seus filhos para mais um dia de vida.
Pombal sou as calçadas da minha Rua João
Pessoa, o transitar de dona Detinha, Antônio de Cota, seu Valdemar, Inácio da
Brasil, Zezinho Sapateiro, Dedé Calixto, Antônio Bezerra, seu Hamlet, Antonio
Rocha e Biró Beradeiro. Sou as algarobas sombreando e
Pombal, te ouço na voz dos filhos do Lord Amplicador: Clemildo Brunet,
Evilásio Junqueira, Evandro Junqueira, Ernesto Junqueira, Rosil Bezerra,
Genival Severo, Beim, Massilon Gonzaga, Tarcísio Pereira, José Vieira Neto
(Zezinho), José Cesário de Almeida, Genival Torres Sales Dantas, Dorival, Horácio
Bandeira, etc.
Pombal, te vislumbro naquele menino teatro, chamado Tarcísio Pereira,
que, na juventude, silenciosamente, descia e subia a nossa Rua João Pessoa, com
um semblante tranquilo e já a construir suas peças, hoje consagradas nos palcos
do mundo.
Pombal, sou aquela saudosa mangueira da casa da minha avó Raimunda. Sou
o cheiro do Café Dácio, moído na torrefação do meu avô Antônio Rocha, lá na Rua
do Roque. Sou o Bar de Maria de Biró, o beco do Grande Hotel, o Rio, suas águas
correntes, suas lavadeiras, seus meninos a brincar com a bola do tempo, suas
ingazeiras, pedras, piqueniques e a temida “panela”.
Sou um domingo nas águas do Areal, reunindo famílias e amigos. Sou o som
das cordas do saudoso Bideca, do maestro Manoel de Donária, do pistom do gordo
de cabine, da batucada de Sales de Biró, Luizinho de Mota, João Maria,
Birozinho, Zé Filho, etc. Sou o som eterno da Sede Operária, do Jovem Clube de
Pombal, da A.E.U.P. e do Pombal Ideal Clube.
Pombal, te ouço através da inesquecível risada de Lúcio Flávio Ugulino.
Pombal te sinto no cheiro do mato molhado anunciando a invernada. Nos clarões
dos relâmpagos seguidos dos trovões a sacudirem a terra sertão. Mas, te vejo
também nas noites serenas, de lua clara, a iluminar os bancos da praça Getúlio
Vargas, templo de jovens felizes que passeavam, paqueravam, namoravam e jogavam
conversa fora.
Pombal, te enxergo na história do folclore dos Pontões e dos Congos. Te
vejo nos hérois das telas do Cine Lux, no bate-papo da Coluna da Hora, nos
carnavais de outrora, onde imperava a brincadeira sadia do molha-molha,
mela-mela, do corso com os seus carros enfeitados a desfilarem pelas ruas das
recordações.
Pombal das férias escolares. De uma aurora não muito distante, mas
inalcançável, onde havia um menino, um sertanejo que logo que acordava pulava
da rede, tomava café e montado em sua Monark vermelha pedalava pelo mundo dos
sonhos. Subia e descia ruas, calçadas e praças, sentindo em seu rosto o vento
das primeiras aventuras.
Com sua inseparável bicicleta, transitava livre pelas veredas imaculadas
da terra Pombal. A cada esquina, descortinava um pedaço novo da vida. O menino
não sentia o tempo passar, pois tudo era belo e inocente. Mas se foram as
férias e o tempo-menino. Hoje adulto, os anos antigos só são vistos no
crepúsculo de uma lágrima alegre da memória.
Mas Pombal, teus filhos, nunca pródigos, podem encontrar outras
ribeiras, mas nunca beberam ou beberão águas saudáveis e inesquecíveis como as
tuas. Viva Pombal!
*Escritor
pombalense, Juiz de Direito.
Pombal, minha terra natal, meu lugar, minha cidade e minha vida.
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/14/2016 06:22:00 AM
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