Tragédia da Nação é êxito da parvoíce comprovada
João Costa |
João Costa*
No teatro aprendemos que
Tragédia é uma forma de drama que se caracteriza pela sua seriedade, dignidade e
frequentemente os deuses, o destino ou a sociedade. No sentido popular, tragédia, desgraça e drama são sinônimos. E numa Nação em que a parvoíce comprovada, a tragédia é
colossal. De modo simples, no teatro aprendemos a dividir a tragédia em quatro
atos.
Primeiro ato, a seriedade;
segundo a dignidade dos homens; terceiro, a interferência dos deuses, se é que
eles existam; quarto ato, a sociedade como ela é, a vida como ela é, não como
desejamos, ou gostaríamos, e quinto e último ato, o destino de todos os
personagens.
O momento da nossa tragédia pode
estar no primeiro ato – da seriedade dos acontecimentos, cuidando do segundo
ato, que trata da dignidade dos homens, da justiça do trabalho, da construção e
destruição das reputações dos homens; a responsabilidade dos deuses, porque o
povo acredita em que tudo acontece por permissão divina; numa sociedade que
assiste 60 mil assassinatos por ano e não se incomoda, que encara a violência
contra a mulher como permitida, ou tolerada, se moderada for, e do destino da
Nação, que não sabemos qual será.
Acreditávamos que o Brasil era o
país do futuro, o futuro chegou e é este que está aí, que o país daria certo
como se já tivesse dado certo no passado.
Duas cenas de um mesmo ato: numa
única e escassa noite, o Congresso cassou conquistas sociais conquistadas pelo
povo há mais de 70 anos, noite esta seguida de uma sentença judicial não
embasada em provas. Algo como a volta simultânea das relações escravocratas no
trabalho e o reaparecimento do Tribunal do Santo Ofício – com um Torquemada
amparado em forças externas, colaboradores internos e aplauso dos parvos.
O processo contra o ex-presidente
Lula, por exemplo, dentro da nossa tragédia, a caso explícito de “mera
formalidade” – a condenação veio antes, muito antes do julgamento, e era a sua
finalidade; e em muitas ocasiões, por declarações e atos.
O juiz aproveitou o momento da
destruição de direitos trabalhistas conquistados para promulgar sua sentença,
de todos já conhecida, e ele ficou nu. Pois condenou sem provas, a tal “Teoria
do domínio do fato”, ou “teoria expansionista”, demonstrada pelo procurador
naquele espetáculo do powerpoint – momento espetacular da hipocrisia nativa.
Acredito da na defesa do
ex-presidente Lula, que sustenta essa condenação sem prova “por parte de um
juiz que perdeu sua parcialidade há muito tempo, o que resulta num processo
ilegítimo”.
Lembrando que temos,
paralelamente, um presidente que tomou o poder através de uma conspiração e um
golpe, que se sustenta num Parlamento nas mesmas condições que ele: acusado de
corrupção e obstrução da Justiça.
Lembrando que temos um Judiciário
que de há muito não tem a confiança daqueles que acreditam na justiça.
A tragédia nossa ainda está no
primeiro ato.
*João Costa é radialista, jornalista e diretor
de teatro, além de estudioso de assuntos ligados à Geopolítica. Atualmente, é
repórter de Política do Paraíba.com.br
Tragédia da Nação é êxito da parvoíce comprovada
Reviewed by Clemildo Brunet
on
7/16/2017 12:45:00 PM
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