Vingt-un Rosado e a cultura local
J.Romero Araújo Cardoso |
José
Romero Araújo Cardoso*
O
ano de 1936 em Mossoró registrou série de seminários, conferências e palestras
organizados pela direção do Colégio Diocesano Santa Luzia, cujo ponto
culminante foi a participação de Luís da Câmara Cascudo, agitando platéias e
despertando interesses pelos estudos regionais e locais.
Entre os participantes dos eventos,
encontrava-se Jerônimo Vingt-um Rosado Maia, então um jovem de 16 anos, caçula
dos paraibanos Jerônimo Rosado e Isaura Rosado Maia, cuja empolgação despertou
a atenção do sábio potiguar.
Câmara Cascudo lançou desafio, abraçado
incontinenti, para que Vingt-un se tornasse guardião da memória local, feito
considerado ponta-pé inicial para a estruturação futura da Batalha da Cultura.
Quatro anos mais tarde, com apenas vinte
anos, patrocinado por Dona Isaura Rosado Maia, Vingt-un lançou primeiro livro,
intitulado Mossoró, o qual trazia o selo da conceituada Pongetti Edições,
localizada no Rio de Janeiro.
Mais tarde, ainda na década de quarenta
do século XX, quando enfatizava graduação em Engenharia Agronômica na Escola
Superior de Lavras, em Minas Gerais, foi convocado, no tempo da segunda grande
guerra, a servir por lá mesmo ao Exército Brasileiro, tendo amargado pena de
prisão por mau comportamento, pois deixava a unidade militar para namorar a
futura esposa, Dona América Fernandes Rosado Maia, quando aproveitou para se
aprofundar em leituras que revelaram muito sobre Mossoró, com destaque para a
geologia e paleontologia.
Vingt-un Rosado descobriu que sua terra
natal teve destaque em artigos publicados no exterior – Branner e Crandall –
sobre a possibilidade da ocorrência de petróleo, motivando-o a ser
intransigente defensor do potencial mossoroense em hidrocarbonetos.
Retornando a Mossoró, dedicou-se de
corpo e alma, quando dos dois anos de gestão do irmão Dix-sept Rosado, frente à
Prefeitura Municipal, em contribuir de forma significativa e incisiva para a
efetivação do desafio lançado por Câmara Cascudo, em 1936, criando o Boletim
Bibliográfico, embrião da Coleção Mossoroense, bem como a própria, assim como
Bibliotecas e Museu.
A
Batalha da Cultura foi então tomando formas concretas, definindo a importância
de Mossoró no cenário cultural nacional. A Coleção Mossoroense se tornou
referência em diversas áreas, sobretudo quando o assunto se relaciona ao
Nordeste semiárido, indispensável quando se tratam de assuntos como as secas.
O apelo do insigne intelectual potiguar
foi atendido de forma proeminente, pois a cultura, não apenas local, ganhou
destaque através das ações do eterno feiticeiro das letras, razão pela qual se
assinalou com letras de ouro o legado vingt-uniano dos mais importantes, ao
lado da consolidação da ESAM, Bibliotecas e Museu, entre as tantas lutas que
travou.
José
Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento
de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte, Campus Central, Mossoró/RN.
Vingt-un Rosado e a cultura local
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/19/2018 09:10:00 AM
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