Um caldeirão em ebulição

 

Genival Torres Dantas*

 

 

Esperei pela aprovação, 22/10, ontem, do texto-base da Previdência, segundo turno no Senado, para poder escrever esse texto, muito embora muita coisa tem se desenrolado paralelamente e politicamente. Foi decorrido um prazo de oito meses até que o assunto fosse concluído, faltando ainda à votação de dois destaques que serão votados hoje e a PEC paralela que diz respeito aos Estados e Municípios, sem adesão desses o esforço feito fica prejudicado, porém o assunto não sofrerá solução de continuidade, pois há promessas que o assunto não caia no esquecimento, há interesses de todos envolvidos na matéria e acordo previamente feito nesse sentido.

 

Espera-se que com o final dessa peleja outros assuntos tão importantes quanto esse e que o Congresso possa empreender um ritmo para acelerado nas próximas tarefas, ajudando ao Executivo priorizar as reformas tão cantadas em versos e prosas, entretanto adormecidos em gavetas estratégicas aos inoperantes da República. O que estava parecendo impossível foi viabilizado graças ao empenho tanto da Câmara como do Senado, méritos para os presidentes das casas Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivamente, não esquecendo o esforço feito pelo Ministro Paulo Guedes que em nenhum momento fraquejou diante das dificuldades encontradas para aprovação do projeto, ao contrário do Palácio do Planalto que ficou ausente quando mais era solicitada sua intervenção.

 

O Presidente Bolsonaro, domingo último, 20/10, com destino ao Oriente Médio e Ásia, com objetivos comerciais, Japão e China são paradas obrigatórias nesse espaço de 12 dias e roteiro pré-estabelecido. Bolsonaro não seguiu viagem sem antes deixar em polvorosa o PSL, partido ao qual tem filiação, num embate com o presidente da sigla partidária, Luciano Bivar, ao ponto dos dois filhos do Presidente Bolsonaro, Eduardo, deputado federal e Flávio, senador, praticamente afugentados do partido e seus cargos, dentro dele, cassados, depois da guerra declarada entre Eduardo Bolsonaro e delegado Valdir, pelo cargo de líder do partido na Câmara. O Eduardo foi vencido pelo Valdir, que já era líder e no meio de uma proposta de trégua o Eduardo aparece com uma lista de 28 votos, o partido tem 54 deputados, e assume a liderança com reconhecimento em público do próprio delegado Valdir.

 

O assunto não foi resolvido em definitivo, o Eduardo Bolsonaro reconhecido pela mesa da Câmara como novo líder cassa 12 vice-líderes do partido, numa oportuna retaliação e da tribuna da Câmara anuncia sua renúncia ao posto de Embaixador para Nova York, antecipando provavelmente na derrota que fatalmente ocorreria no Senado, na indicação que nem mesmo chegou a ser oficializado e estava em processo de desgaste fundamentalmente depois da situação vexatória provocada pelo próprio Jair Bolsonaro. Enquanto as coisas andam se acertando, graças à ausência do Jair Bolsonaro e o bom senso de alguns membros do partido na tentativa de evitar o racha que estava por vir dentro do PSL, por enquanto.

 

Enquanto as queimadas da Amazônia ficam parcialmente esquecidas, sem alardes por parte da oposição esquerdista, o litoral nordestino se ressente da contaminação das suas águas pelo óleo misterioso que continua a chegar lenta e progressivamente, tornando o prejuízo ambiental mais profundo e triste, agora com a participação das três forças armadas tentando conter o desastre que já se apresenta como um dos maiores ocorridos em nossas águas.

 

Querem imputar ao Executivo toda responsabilidade da ocorrência com os vazamentos ocorridos na Costa brasileira, por enquanto não há uma definição que se possam apurar responsabilidades ao fato em si. Para piorar o clima e a temperatura os caminhoneiros, tidos como ala bolsonarista promete invadir Brasília, leia-se Supremo Tribunal Federal, STF, caso ele, o STF vote pela extinção da prisão em segunda instância e esse fato venha favorecer a saída da prisão do ex-presidente Lula, mais um imbróglio a ser conferido.

 

Para não fugirmos da turbulência política em que se encontram nossos vizinhos da América do Sul, com conflitos na Bolívia, o governo sendo acusado de manipular o resultado da eleição ocorrida no último dia 20; o Chile sendo incendiado pelos vassalos inconformados pelo momento político do País, o Chile que tem a maior renda per capita entre nós do Sul; Argentina passando por maus momentos na iminência do retorno do socialismo, pelo menos as pesquisas aponta nessa direção.

 

 Genival Torres Dantas

*Poeta, Escritor e Jornalista

genivaldantasrp@gmail.com