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Entre tapas e beijos o futuro é incerto


 


Genival Torres Dantas*

 

 

O Brasil precisa passar por esse processo de turbulência, maremoto e terremoto político sem tornar mais penoso do que é o fardo que temos carregado sobre os ombros e por entre caminhos tortuosos. Há um sabor adstringente e bafiento, toda vez que o nosso Presidente emite uma nota ou faz juízo de valor sobre nossos vizinhos mais próximos, primordialmente aqueles tidos como socialistas ou a caminho desse comportamento político.

 

Acredito e creio que seja um pensamento generalizado à vida política dos povos que nos cercam pertença a eles, cada qual tocando suas vidas, pois não me diz respeito, até que sejamos incomodados, se assim nos comportarmos viveremos harmonicamente por longa data fazendo negócios e nos ajudando mutualmente. Esse pensamento pode e deve ser estimulado para as nossas relações exteriores como para nossa relação entre Poderes, se assim for feito não teremos choques de opiniões, nem mesmo discórdia entre o Executivo, Legislativo e Judiciário.

 

Estamos entrando numa semana de bastante desconforto na interação dos Poderes constituídos. O Executivo muito tagarela ao se referir a um País qualquer que seja muitas vezes saindo da razoabilidade passando a admoestar o referendado de forma acintosa, o pior, graciosamente, na maioria das vezes sem ser chamado ao púlpito. Saindo sempre da zona de conforto, ou fora da curva, chegando ao ridículo de ser tratado até como inconsequente.

 

Para não ficar sozinho nessa jornada o Legislativo no afã de virar protagonista nas reformas estruturantes necessárias ao bom andamento da ordem política, tenta antecipar PEC, numa propositura de auxiliar ao Executivo, sem ao menos esperar a iniciativo desse, formando um só projeto facilitador. Ainda, o Judiciário tentando pegar carona no carro alegórico, onde todos querem se apresentar, vem com seu tema carnavalesco, tentando sepultar a ideia de eliminar a prisão depois da condenação na segunda instância.

 

O gesto do STF (Superior Tribunal Federal), praticamente está estabelecido, há um consenso na população, o assunto deve ficar empatado, no plenário, ficando ao Presidente da Casa, Dias Toffoli, o voto de minerva, desempatando favoravelmente a suspensão da prisão em segunda instância, fato esse que deixará os brasileiros ainda mais insatisfeitos com as últimas decisões daquela casa.

 

É bom esclarecer, até 1973 as condenações ocorriam na primeira instância, quando para salvar a cabeça de um figurão à época, o Delegado Sérgio Paranhos Fleury, providencialmente foi inventado a Lei Fleury, a condenação passaria a ser depois da segunda instância, para não se ter dúvidas, a Lei tinha o nome do seu beneficiado maior. Em 2009, quando a Lava Jato começa a se constituir como um Projeto de força e poder, a interpretação do STF muda radicalmente, a execução da pena só podia ser iniciada após o trânsito em Julgado, em outras palavras, sentenciado após a condenação do STF, ou seja, última instância recursal.

 

Não podemos esquecer que antes do STF, quarta instância, temos o STJ (Superior Tribunal de Justiça), terceira instância. Tudo isso para facilitar a vida de muitas cabeças douradas que circulam na alta sociedade política brasileira, dentre elas a mais premiada de todas, não pelas suas qualidades, mas pelas travessuras no exercício do cargo de Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, preso na Polícia Federal, em Curitiba. Mais um jeitinho brasileiro que será incorporado, lamentavelmente, ao ineditismo Jurídico e Político.

 

Temos, portanto, a nossa disposição, três poderes combalidos e desfigurados pela absoluta falta de fé que a população tem pelos seus componentes vejam, pois – o executivo continua pecando pela sua ausência de atividades proativas inerentes as principais necessidades que temos, mormente das classes menos favorecidas que se ressentem de transporte público urbano, pelo menos razoável.

 

A educação que não aparece nas pesquisas com números melhorados; e a saúde pública que é uma verdadeira vergonha nacional, com hospitais e equipamentos obsoletos e ineficientes, sobrando aos profissionais médicos e paramédicos tendo que se virarem com o que possui em mãos, um verdadeiro beco sem saída ou alternativa ao pobre dependente do SUS.

 

O Legislativo ancorado que é nas necessidades prementes da população aflita e a oportunidade deixada pelo executivo, procura executar ou fazer leis que possibilitem um melhor serviço público, deixando de fazer sua principal tarefa que é legislar, mas legislar com responsabilidade e grandeza de espírito público.

 

Finalmente, aquele que seria o Poder do equilíbrio e do bom senso, passou a ser uma das mais tristes figuras da República, um Presidente sorumbático, mergulhado nas queixas vindas das ruas e da mídia eletrônica que o acusam de falta de cabedal moral para conduzir aquela casa, STF, por ele não ter atuado como Juiz, nem mesmo passado em concurso para essa finalidade.

 

Mais ainda, ter sido advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT, partido cuja história danosa é de conhecimento público. Com esses fatos prefiro não levar em consideração, assim como o comportamento de outros membros acusados de práticas não republicanas no exercício da função, como ministros.

 

Com essa toada indigesta, para a maioria do povo brasileiro, infelizmente, nesse comportamento entre tapas e beijos, os três Poderes podem chegar a um final doloroso e dolorido para a política brasileira, os três podem terminar abraçados e chorando, na mesma praça que um dia foram ovacionados.


Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas
*Poeta, Escritor e Jornalista

Entre tapas e beijos o futuro é incerto Entre tapas e beijos o futuro é incerto Reviewed by Clemildo Brunet on 11/05/2019 06:25:00 AM Rating: 5

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