Samba atravessa com o sincopado da avenida
Genival
Torres Dantas*
Essa semana produtiva,
politicamente, 04 até 08/11, continua a oferecer saltos e sobressaltos dentro
dos três Poderes da Nação. As questões em evidência, dentre tantas, está sendo
a pauta da oposição que contava com um enredo prefixado no arcabouço do sempre
discurso torpe na tentativa de melar, desaprovar e criticar negativamente,
principalmente um dos Projetos do Executivo encaminhado ao Legislativo que é a
PEC, do Projeto da Reforma Administrativa e dos Estados e Municípios, além da
PEC paralela que se refere à adesão dos demais membros da União a nova
Previdência.
A diferença que existe é que
em governos anteriores, caso do Fernando Henrique Cardoso, no seu governo de
dois mandatos, teve seu Projeto de Reforma administrativa fatiada e
desfigurada, portanto sem grandes avanços. No período dos governos do PT, o
assunto tomou forma, entretanto, foi relevado pelas facilidades que os
governantes encontraram de tocar o projeto pessoal endossado pela exploração do
pré-sal e o avanço na exploração das commodities e suas exportações, fato
facilitador para os objetivos da quadrilha instalado dentro do governo.
Aparece o Bolsonaro sem
apoio partidário, o partido pelo qual foi eleito é uma verdadeira colcha de
retalhos, sem nenhuma expressão política, até então, um partido nanico, isento
de projeto de governo, ele muito menos, segundo as informações da mídia,
composto de novos e velhos políticos ancorados em laranjais, dessa forma,
viciado em velhas práticas. Sobra o Presidente eleito, 2018, ele que foi
escolhido por exclusão aos demais candidatos e principalmente ao PT, pelas suas
travessuras dos seus governos.
Muito embora Bolsonaro não
tivesse um Curriculum invejável, para o cargo, era um Capitão reformado pelo
Exercito brasileiro, 28 anos de vida legislativa, sem nenhum fato relevante
apresentado, formou uma equipe tentando fazer uma administração diferenciada de
tudo aquilo que estávamos passando. De fato, imprimiu um ritmo sem a fórmula e
o protagonismo criado anteriormente pela nova matriz econômica, o maior mico da
história política brasileira. Outro ponto que ele investiu foi manter o seu
governo longe da participação do Legislativo, evitando o dando é que se recebe,
conhecido governo de coalizão ou participativo.
O defeito foi acreditar que
Bolsonaro pudesse governar sozinho, por razões outras teve que renunciar ao seu
pensamento inicial e começa a fatiar cargos, principalmente no segundo e
terceiro escalões e aprovar determinados projetos, assim começa o protagonismo
do Legislativo. Esse Poder praticamente divide as atenções voltadas ao
Executivo.
Graças ao novo ponto de
vista do Bolsonaro, induzido pela necessidade premente do apoio do Legislativo
teve avanços, começando pela reforma da previdência que se encontrava
praticamente parada naquela Casa. Tivemos, nesse episódio a participação de
muita relevância do Ministro da Economia Paulo Guedes, Presidentes da Câmara
Rodrigo Maia e do Senado Davi Alcolumbre, juntos, formaram uma força tarefa e
conseguiram viabilizar a sequência do desenvolvimento dos projetos, em pautas,
no sentido de desatar os nós até então vetores da administração do País.
Alicerçado nessa nova
conjuntura política, temos o Congresso liberando as pautas e avançando com
outras, a Reforma administrativa vai precisar de muito argumento, ela vem
carregada de inovações, assim como a PEC paralela. O Executivo tenta reduzir o
número dos municípios, visando os de até 5000 habitantes e que não tenham meios
de sobrevivência com recursos próprios.
Com arrecadação menor que
10% do custo da máquina administrativa, há mais de 1400 municípios nessa faixa,
ficando o diferencial mantido por repasse federal. Trata-se de um assunto que
vai dividir muitas opiniões, pois temos uma eleição para o próximo ano e será
motivo de muita discórdia, a ideia é boa, mas tem suas particularidades que
precisam ser avaliadas caso a caso.
Temos ainda a redução de
salários com redução de carga horária, por períodos de dois anos, para
funcionários públicos, enquanto o Estado em estado de emergência e suas
economias estranguladas e finanças apertadas, mais um tema que contará com a
oposição dos cartéis dessa categoria que é forte e sabe trabalhar bem nesse
mercado. Isso posta, verificamos, aliado a outros fatores constantes nas
reformas do governo, o governo central idealiza outra lógica e logística na
administração pública.
Esperamos que o retalhamento
dos serviços prestados e os novos que serão repassados aos municípios, e as
novas responsabilidades a esses imputados venham acompanhados de repasses de
verbas suficientes para prestação dos serviços assumidos para execução, ainda,
que seja feito um trabalho de acompanhamento por algum órgão controlador,
composto de elementos da esfera federal, estadual e do próprio município, no
sentido que ocorra execução de tarefas com responsabilidade, prioridades
apontadas e objetivas, implantadas e compridas.
Dessa forma, acreditamos,
depois das revisões feitas nas PECs do Executivo pelo Legislativo, tenhamos um
resumo de ações estabelecidas e o Brasil possa caminhar isento de muitos
absurdos que compõem a administração pública e é chegada a hora do País ser
formatado numa nova linguagem bem próxima da realidade que chegou com muitas
cobranças para que andemos para frente, sem receios de retorno, portanto, modernizar
é preciso, sem enredos ou escolas de samba, tudo tem seu tempo, local e hora e
sejamos, dentro dessa nova ótica, um País em bloco em direção ao futuro que se
avizinha e nos espera.
Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas |
*Poeta, Escritor e
Jornalista
Samba atravessa com o sincopado da avenida
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/08/2019 06:38:00 AM
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