Nem tudo que reluz é ouro, por isso cuidado com o que resplandece
Temos algumas definições
sobre Religião que vão desde a singeleza da interpretação dos mais simples
seres humanos como as mais sofisticadas teses delimitadas pela inteligência dos
mais cultos e estudiosos da matéria. Etimologicamente o termo vem do latim, respeitar
e dedicar a um culto, do verbo religare, (ligar novamente, sentido de retornar
às origens, ou ao criador), se constituindo então na relação que une o homem a
Deus e à fonte de sua existência, mormente no conceito da tradição cristã.
Catalogada como o que são
alvo de adorações, cultos e sacrifícios, outras amostragens de fé e crença, a
deidade é a essência divina, sendo Deus a divindade suprema, criador de todas
as coisas, principalmente as coisas boas. Essas definições são empregadas
dentro do conceito do Cristianismo, ele, Jesus, representa o filho de Deus
feito homem.
Alguns pensamentos de fé não
comungam com essas ideias, é o caso do budismo original, o Jainismo,
confucionismo e o taoísmo, são exemplos que não são religiões porque não
incluem crenças em divindades. Mas a maioria das religiões fomentam crenças no
pós-morte, com promessas de vida após a morte, principalmente a Igreja
Católica, dentre muitas delas, ameaçam com o inferno e a anátema, ela que
inventou o pecado e o perdão dado pela igreja, provocando até mesmo em cisão
interna, surgindo nesse momento o que conhecemos de protestantes e suas várias
ramificações.
O tempo foi passando e a
humanidade foi se transformando e as Igrejas também foram se adaptando para
segurar seus fiéis, aqueles que mantêm a colunas das Igrejas de pé, tanto na
parte espiritual como a sobrevivência financeira com a participação do dízimo,
colaboração dada espontaneamente ou não, dependendo da igreja, seus seguidores,
administradores como padres e pastores, definições dadas pelas suas respectivas
ordens.
Desde o início da história
religiosa temos registrado muitos conflitos e questões de visão religiosa que
nunca foram somenos, sempre abalaram estruturas de muitas Igrejas. Ultimamente
temos alguns casos gerando dissabores em várias correntes religiosas e suas
respectivas Igrejas. Como ilustração, dia 21 de agosto último o (MP-GO), numa
operação denominada de “Operação Vendilhões”, levantou dados na Associação
Filhos do Pai Eterno (Afipe), responsável pelo Santuário da Basílica de
Trindade, Estado de Goiás.
Naquela oportunidade foram
cumpridos 16 mandatos de busca e apreensão em imóveis ligados ao Padre Robson
de Oliveira Pereira, ele que é fundador e presidente da Afipe e reitor da
Basílica. Em decorrência desse fato o Padre Robson pediu afastamento de suas
funções, caso confirmado por nota assinada por Dom Washington Cruz, Arcebispo
da Arquidiocese de Goiânia, conforme a imprensa local e nacional.
Outro caso que vem
intrigando as páginas políticas e policial é o assunto ligado a Deputado
Federal e Pastora Flordelis dos Santos (PSD/RJ), 59 anos, representante do Rio
de Janeiro e acusada de ser a mandante do assassinato do Pastor Anderson do
Carmo de Souza, marido da Pastora e assassinado em 16 de junho do ano passado,
2019, cuja repercussão foi enorme devido todo mistério que envolve aquele
crime. Envolvidos no assassinato estão vários filhos adotivos do casal e muitas
evidências de motivações para execução do assassinado.
O caso é complexo, recheado
de traições, mentiras, luta pelo poder, intrigas e facções dentro da própria
família agora contaminada pelo crime no mínimo estranho ao mundo religioso.
Hoje, 09/09, finalmente, a Câmara dos Deputados consegue citar a referida
Deputada para que possa começar o processo de decoro parlamentar e na sequência
julgar seu afastamento ou não.
Não podemos tomar esse caso
específico como uma regra dentro do Congresso, sabemos que aquela Casa não é de
longe um convento de religiosos, mas essa situação é atípica e não pode ser
considerado para efeito de alguns assuntos tratados pelos congressistas, o
próprio presidente Bolsonaro e o TCU (Tribunal de Contas da União).
As igrejas usando de seus
direitos constitucionais buscam junto ao Congresso, nessa hora da reforma
tributária e aproveitando da sua bancada evangélica, ampliar sua imunidade, na
tentativa ser isenta de tributos para o futuro, através de uma emenda
apresentada querem as Igrejas tornar seus templos religiosos imunes ao
pagamento de qualquer tipo de tributo, incluindo as contribuições, vale lembrar
que essas instituições já são livres dos impostos.
É bom ressaltar que há
controvérsias a respeito desse assunto, pois já existe um débito bilionário dos
templos religiosos inscritos na Dívida Ativa da União, próximo de R$1,5 bilhão,
não contando valores em fase da dívida administrativa em cobrança na Receita
Federal. Na mesa do presidente da República, encontra-se outro montante de
aproximadamente de R$1 bilhão para perdão presidencial.
Caso ocorra esse perdão, o
presidente corre o risco incorrer em irregularidade. O TCU tem feito reiteradas
advertências e alertas sobre a necessidade de avaliar o impacto de medidas
aprovadas no Congresso, independente de ter origem no Executivo ou não.
Há acordão recente que
estabelece, qualquer proposta que conceda benefícios deve vir acompanhada de
demonstrativo de compatibilidade de proposta e de projetos de lei aprovado,
premissas e objetivos da política econômica nacional, definido em Anexo de
Metas Fiscais que integra a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Genival
Dantas
*Poeta,
Escritor e Jornalista
genivaldantasrp@gmail.com
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