A FESTA DO ROSÁRIO EM TEMPO DE PANDEMIA
Prof. Francisco Vieira*
Pombal, cidade mais que
centenária, detém rico acervo histórico, cultural e religioso, manifestação que
se revela na devoção a Nossa Senhora do Rosário.
Tudo começou em 1.721, com a
construção da segunda igreja do município, erigida a Senhora do Bom Sucesso, tempos
depois dedicada à Nossa Senhora do Rosário e consubstanciada em julho de 1.895,
com a criação da Irmandade do Rosário. Em outubro do mesmo ano, realizou-se a
Primeira Festa do Rosário de Pombal, numa solenidade simples, limitada a missa,
procissão, exposição do Santo Rosário e participação dos grupos folclóricos,
Pontões e Congos, exceto Reisado, somente em 1.959, incorporado as
festividades.
Portanto, os fatos
evidenciam a herança devocional e justificam ser a Festa do Rosário de Pombal a
mais famosa, maior e mais antiga manifestação sócio, religiosa e cultural do
sertão, quiçá de todo o estado.
Todavia, no ano em que a
Procissão do Rosário de Pombal é tombada como patrimônio imaterial da Paraíba,
pasmem, o cortejo não saiu às ruas. O fato é no mínimo inusitado, para não
dizer bizarro
A pandemia do Corona Vírus,
doença oriunda da China e dispersa pelo mundo, extrapolou os limites da
normalidade causando grandes prejuízos a humanidade com seus efeitos danosos.
Além de milhares de mortes - o que é pior - provocou mudanças radicais na vida
das pessoas e das cidades, tais como: ações de saúde, isolamento social, distanciamento
entre pessoas, medidas econômicas, desemprego, etc. Portanto, medidas preventivas
necessárias, porém consequentes.
Em decorrência da Covid 19, a
secular Festa do Rosário de Pombal, literalmente não aconteceu, salvo, as
celebrações litúrgicas, com reduzido número de devotos em cumprimento as recomendações
da OMS. Assim, depois de 125 anos o evento sofreu significativas mudanças em
toda programação sócio- religiosa, inibindo os fiéis de manifestarem sua crença
na Santa do Rosário. Além de inédito, o fato é estranho aos antigos costumes.
Oh! Quão espantoso e sombrio
ver as ruas desertas em torno da igreja. O espaço vazio e o silêncio imprimem estranheza
que se mistura a saudade doída do passado. Contudo, impossível ficar alheio e não
relembrar as festas de outrora. Seria no mínimo uma insensatez, não ressoar aos
ouvidos o som dos Parques Maia, Campinense e Santa Luzia. Assim, é também, como
saudosista, recordar a roda gigante que não girou, sentir o cheiro do
cachorro-quente e o degustar saboroso da maçã do amor. É ainda, sem os parques,
não poder aperfeiçoar a pontaria no tiro ao alvo ou tentar a sorte nos jogos de
azar. Enfim, lamentar pela criançada, na sacrossanta ingenuidade, não satisfazer
o insaciável desejo de brincar no carrossel que lá não estava.
Que nossa festa maior volte
em breve, resgatando velhos costumes e tradições, a partir dos grupos
folclóricos, influências afro culturais muito evidentes em nosso país e
inseridas nas festividades. Que a força da fé e o amor telúrico, tragam consigo
tudo o que outrora fez da Festa do Rosário a maior manifestação religiosa da
Paraíba. Que venham de lugares diversos e distâncias quilométricas os amigos e conterrâneos
ausentes, para o abraço fraterno do reencontro e cumprimento das promessas
pelas graças alcançadas.
Pombal, cidade famosa por
guardar belo cabedal histórico, com destaque para a Festa do Rosário e a Lenda
de Maringá, temas que além dos olhares dos pombalenses, conquistaram a simpatia
de amigos e visitantes.
Que no próximo ano a nossa
festa ressurja com todo seu esplendor, ratificando o testemunho de fé e devoção
cristãs, sentimentos que jamais se abalarão, nem mesmo em tempo de pandemia.
Salve a Festa do Rosário de
Pombal.
Pombal, 04 de novembro de 2.020.
*Professor e Escritor
Um comentário
Parabéns pela matéria publicada sobre nossa terra pombal,vai voltar ao normal com fé em Deus abraços do Geraldinho rio RJ.
Postar um comentário