AURELIANO RAMALHO E A FIDELIDADE PARTIDÁRIA!
Aureliano Ramalho |
A História é feita por
homens e homens fazem a história. Há um ditado popular que diz: “Morre o homem
e fica a fama”. Há muitos, porém, que ficam no anonimato. Muitas vezes fatos
ocorridos com determinadas pessoas são entendidos de diversos modos dependendo
da leitura de cada um.
Vivemos mergulhados num
mundo cheio de controvérsias, por esta razão é necessário a apuração dos
acontecimentos, para que não incorramos no erro do uso da liberdade de
expressão, vir a se transformar em libertinagem de expressão. Falando ou
escrevendo devemos atentar bem para as palavras do sábio Salomão quando diz:
“Estás enredado com o que dizem os teus lábios, estás preso com as palavras da
tua boca”. E
ainda: “A morte e a vida
estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto” Pv. 6:2 e
18:21.
Pretendemos neste artigo
prestar a nossa homenagem a um agente político de nossa cidade, que faleceu na
última Sexta feira dia 28 de março e sepultado no sábado no Cemitério Senhora
do Carmo de Pombal. Aureliano Ramalho Cavalcanti o agropecuarista que entrou
para o cenário político de nossa terra, tendo sido eleito para vereador em 1955
e reeleito em 1959,1963,1968 e 1972.
Em 1976 foi eleito vice
Prefeito. Começou na antiga UDN, ingressando posteriormente nos partidos
sucedâneos dessa legenda. Fiel escudeiro, intransigente nas ações, polêmico,
destemido e firmeza de caráter nas posições assumidas por sua facção política
partidária, lhe valeram a confiança de seus aliados e das lideranças políticas
que comandavam o grupo, tendo a frente o deputado estadual Francisco Pereira
Vieira.
Aureliano assumiu a
Presidência da Câmara Municipal de Pombal em 1964 e pela segunda vez foi eleito
para o mesmo cargo no biênio 73/74. O Brasil estava vivendo o período de
exceção advindo com a Revolução de 64, estávamos debaixo de uma ditadura
militar, na época duas facções políticas foram estabelecidas, MDB e ARENA.
ARENA – Aliança Renovadora Nacional apoiava o regime implantado em nosso país.
Aureliano Ramalho havia sido eleito vereador pela 5ª vez, agora filiado aos
quadros da Arena.
Aureliano Ramalho Cavalcanti
foi eleito Vice Prefeito de Pombal em 1976 na chapa comandada por Paulo Pereira
Vieira, ambos pela ARENA 1, para governarem os destino dessa terra no período
de 1977 a 1982, época em que houve prorrogação de mandatos de Prefeitos por
dois anos. Aureliano foi Prefeito interino durante sete meses na gestão Paulo
Pereira, que se afastou para tratar de assuntos particulares. (Fonte Verneck
Abrantes).
Em 1972 foi eleito Prefeito
de Pombal o deputado estadual Francisco Pereira, que renunciou o cargo para
ficar exercendo as atividades de parlamentar. Aureliano como Presidente da
Câmara Municipal de Pombal, ainda assumiu como Prefeito interino por um período
curto enquanto o vice Prefeito Hildo de Assis Arnaud foi a Brasília fazer um
curso de Administração.
Segundo o vereador Severino
de Sousa e Silva, conhecido por Biró, Beradeiro, Beira-mar,quando exercia o seu
primeiro mandato na vereança pelo MDB em 1973 e de facção política adversária
de Aureliano, aconteceu à cassação de toda bancada emedebista composta por
quatro vereadores: Severino de Sousa e Silva, José Cândido (Zé
enfermeiro),Antonio de Almeida Rodrigues e João Francisco Bezerra. Eles
formavam minoria na casa. O exercício do presidente da Câmara era renovado a
cada dois anos, Ao término, novas eleições.
Acontece que Biró entendeu
de se candidatar ao tomar conhecimento que o vereador Valdeci Martins que era
da Arena, andava desgostoso com o partido por não ter recebido um grupo escolar
que havia sido prometido para Santa Maria. Valdeci resolveu apoiar a
candidatura de Biró, mesmo assim a eleição corria o risco de um empate. Diz
Biró, que a situação não queria que ele fosse presidente.
Resolveram então candidatar
a Vereadora Carmita tendo como motivo a idade. Ela tinha um ano de diferença da
idade de Biró e eles pensavam que com o empate Carmita venceria. Acontece que
nessa diferença Biró era mais velho e ganhou a eleição. Conta Biró, que depois
de eleito e empossado, a bancada da ARENA inconformada com o resultado do
pleito, realizou algumas sessões secretas constando em ata, a ausência dos
vereadores oposicionistas, perfazendo um total de três sessões consecutivas.
Daí o motivo da cassação dos vereadores do MDB.
Francisco Freitas Nóbrega,
Presidente do MDB local, foi com os vereadores a procura do advogado Paulo
Gadelha (hoje Desembargador do Tribunal Regional da 5ª Região sediado em
Recife-PE), que observando a causa da cassação, descobriu que a lei que
justificava o ato, tinha caducado e a justiça determinou a reintegração
imediata da bancada emedebista. Aureliano,Fiel aos princípios de sua legenda e
atendendo determinação de seus líderes políticos, orientado pelos que compunham
a cúpula de sua facção partidária, fez manobras usando de estratégias para não
atender o mandado da Justiça.
Conta José Cavalcanti ex
vereador e companheiro da época de Aureliano, que quando o oficial de justiça
se aproximava da Câmara, ele (Zé Cavalcanti), avisava a Aureliano, para que o
mesmo fugisse, a fim de não receber o mandado. Numa dessas escapatórias,
Aureliano saiu a toda velocidade em seu jipe e encharcou de lama o oficial de
justiça que vinha lhe entregar a notificação, pois havia chovido e a Rua da
Câmara não era pavimentada.
Finalmente, o mandado de
reintegração dos vereadores chega às mãos do Presidente interino, no entanto,
ainda não é dessa vez, que os vereadores tomam posse. O Juiz Duílio
Wanderley,viu que o impasse estava criado. Resolveu lacrar a sede do Poder
Legislativo de Pombal e vai ao Tribunal de Justiça da Paraíba, para que uma
solução seja dada. Por determinação do Tribunal de Justiça do nosso Estado, o
Poder Legislativo é reaberto e nomeado o Juiz Wilson Pessoa Cunha, que veio a
Pombal, ouviu as partes e em seguida determinou a reintegração dos vereadores
do MDB. O Mandado foi cumprido em Sessão solene Presidida por Aureliano
Ramalho, acompanhado pelos olhares do Dr. Wilson Pessoa Cunha, Dr. Duílio
Wanderley, Contingente da Polícia Militar da cidade de Patos e grande número de
curiosos que se aglomeraram na sede do Poder Legislativo e Rua da Câmara Municipal de Pombal.
O que podemos deduzir desse
episódio, é que a política partidária daquela época, apesar de ter esses
embates, era uma diversão para o povo. Biró fez questão de registrar no livro
“Memórias do Beira Mar” de Wertevan Fernandes, escritor pombalense, essa
história; acrescentando que, apesar de Aureliano Ramalho ter sido um adversário
seu naquele tempo, se deu muito bem com ele depois e o chama de amigo! Tão
diferente do procedimento político que vem sendo adotado nos nossos dias. Onde
há achincalhes, desrespeito à vida humana, levando para o campo pessoal e
invadindo a privacidade do sujeito.
*RADIALISTA.
AURELIANO RAMALHO E A FIDELIDADE PARTIDÁRIA!
Reviewed by Unknown
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4/03/2008 08:11:00 AM
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