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1958: ANO EM QUE O MUNDO DESCOBRIU O BRASIL

Maciel Gonzaga (foto)
MACIEL GONZAGA* A Copa do Mundo de 1958, realizada na Suécia, foi a sexta Copa do Mundo disputada. Contou com a participação de 16 países, sendo que 51 países participaram das eliminatórias. Inegavelmente, foi a maior da história para nós brasileiros, pois lá o mundo descobriu o Brasil e reverenciou o Rei Pelé, além de ter sido a nossa primeira conquista, o que representa a primeira e única vez que um time sul-americano levantou a taça em solo europeu. O Brasil, depois do vice em 1950 e da fraca campanha em 1854 era visto com desconfianças, mesmo sendo o único país a participar de todas as edições do torneio da FIFA, fato que persiste até a última edição realizada da Copa, em 2006. O Brasil chegava pela segunda vez em uma final e enfrentaria a anfitriã, a Suécia. A seleção brasileira obteria seu primeiro título mundial calcado no trio Pelé-Garrincha-Vavá. O esquema-tático do técnico brasileiro Vicente Feola fazia com que o ponta-esquerda Zagalo atacasse e recuasse para marcar no meio-campo, dando origem ao 4-3-3. Com isso, o Brasil mostrou a mais sólida defesa da Copa (quatro gols sofridos, ao lado do País de Gales). A equipe de Feola fez uma boa campanha na fase de grupos, como duas vitórias e um empate. O Brasil ficou no Grupo 4, ao lado de Áustria, Inglaterra e União Soviética. Na estréia, uma vitória por 3 a 0 sobre os austríacos. Na partida seguinte, contra os ingleses, apenas um empate em 0 a 0. Na última rodada, os brasileiros venceram os soviéticos por 2 a 0 e garantiram a classificação à próxima fase em primeiro lugar na chave. Nas quartas-de-final, o Brasil teve dificuldades para eliminar o País de Gales por 1 a 0, com um gol antológico de Pelé, que até hoje é relembrado. Nas semifinais, os brasileiros mostraram um grande futebol diante da França, que contava com o artilheiro da competição Justa Fontaine, e venceram o rival por 5 a 2. Na final, diante dos donos da casa, outra grande apresentação. Apesar dos suecos até começaram bem, abrindo o placar, o Brasil mostrou tranqüilidade e repetiu o placar diante dos franceses: 5 a 2, a maior goleada de uma seleção em uma final de Copa do Mundo. Porém, o maior jogador de todos os tempos (o Rei Pelé) foi utilizado pelo técnico Vicente Feola somente no terceiro jogo da Seleção na Copa, contra a União Soviética. Uma decisão acertada. Nos jogos seguintes, ele seria também decisivo. Contra a França, Pelé marcou três vezes na goleada por 5 a 2. Na final, contra a Suécia, fez mais dois na goleada por 5 a 2. A célebre imagem do jovem craque chorando, após o fim do jogo, é um dos momentos mais marcantes da história dos Mundiais. Recentemente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva homenageou em Brasília os heróis da Copa de 58. Vejo na televisão essa homenagem e fico cá com meus botões relembrando. Com apenas 8 anos de idade, residindo em Pombal, ouvi todos os jogos da Copa do Mundo de 58, em pé na janela, do lado de fora, na casa de Cícero Gregório, por trás da Igreja Matriz. Lembro-me perfeitamente da vibração da torcida pombalense com os feitos de Pelé & Cia naquela final do dia 29 de junho de 1958, que marcou um ponto de virada na história não só do futebol, mas também do próprio país, pondo fim ao que o mítico cronista Nelson Rodrigues chamava de "complexo de vira-latas". Nas palavras do próprio escritor, esse fenômeno era representado "pela inferioridade em que o brasileiro se colocava, voluntariamente, em face do resto do mundo". O triunfo brasileiro em 1958 acabou enfim com o trauma causado pela tragédia de oito anos antes, que ficou conhecida como Maracanazo, quando o Brasil perdeu para o Uruguai em pleno Maracanã e deixou escapar o que seria o primeiro título mundial. Além de abrir caminho para as quatro Copas que seriam conquistadas nos 50 anos seguintes (1962, 1970, 1994 e 2002), o que tornou o país o maior vencedor do futebol no planeta, o estilo apresentado na competição sueca também serviu para tornar o Brasil sinônimo de excelência nos gramados. Junto com a maior potência dos gramados, nasceu em 1958 também a essência do futebol-arte. A escola brasileira de futebol consagrou o drible, a espontaneidade e a ofensividade em oposição à força e à disciplina do futebol europeu. Até então, o "complexo de vira-latas" impedia que o Brasil se impusesse frente a adversários que os jogadores muitas vezes tentavam copiar. Foi uma conquista que lavou a alma do povo brasileiro. E não foi apenas uma conquista esportiva. O título mundial colocou definitivamente o Brasil no mapa do mundo. *JORNALISTA, ADVOGADO, APRESENTADOR DE TV E PROFESSOR
1958: ANO EM QUE O MUNDO DESCOBRIU O BRASIL 1958: ANO EM QUE O MUNDO DESCOBRIU O BRASIL Reviewed by Unknown on 6/28/2008 07:27:00 PM Rating: 5

Um comentário

Anônimo disse...

Prof. Francisco Vieira,

Parabenizo-lhe pelo belíssimo texto resgatando a memoria de Os Aguias. E minha sina e não abro mão disto, buscar em minhas memorias os memoráveis anos 60 e 70 em nossa terrinha.
Assim como Vernekc resgata o patrimônio histórico cultural e a própria historia da construção da nossa terra, e luta mais ainda pela preservação, seja na literatura seja o físico de Pombal. Assim como Luiz Barbosa Neto busca trazer de voltas as cantigas perdidas do nosso povo, você vem enriquecer esse nosso trabalho. Acredito que ainda existe muitas histórias na sua memoria para que possamos saboreá-las.
Confesso que senti inveja de não ter escrito esse texto. Como disse o poeta, ele caiu tao bem dentro de me que perguntar carece: como não foi eu que fiz?
Jerdivan N Araujo

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