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PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DA FESTA DO ROSÁRIO

Jerdivan Nóbrega de Araújo*
Fico feliz quando vejo um filho de Pombal, principalmente da minha geração, mas o não só dela, buscar em suas memórias as reminiscências de Pombal em um passado não muito longe. Falo do texto de Onaldo Queiroga, que vem se juntar a muitos outros que já foram feitos a respeito do nosso Lord Amplificador. E é incrível como cada filho de Pombal tem uma história para contar a respeito deste sistema de comunicação, que não foi o único, pois antes tivemos mais dois, se não me falha a memória, um deles comandado pelo Raimundo Sacristão e outro pelo próprio Clemildo Brunet. (A Voz da Cidade entre 1966-1967).
Dizem que Clemildo criou uma escola com o Lord Amplificador, mas, vejo hoje que foi muito mais do que isso que o Lord representou para a nossa geração. Algo que não se pode descrever em palavras, apesar de que o Onaldo e outros chegaram bem perto de retratar na pena, mas, só quem viveu em Pombal poderá saber.
O problema é que quanto mais se escreve a respeito destas instituições pombalenses, assim direi das décadas 1960 e 1970, mais se tem a dizer, mais estórias e historia se tem engavetado em memórias a aflorar em belos e nostálgicos textos.
Os que sabem escrever como Onaldo Queiroga e sua mãe Dra Onélia Rocha, e os que se atrevem a escrever, como eu, digo a vocês, se deliciam mais até do que os que perdem seu tempo lendo nossos escritos chorosos, por que nós vivemos o que escrevemos e escrevemos com a tinta do coração.
Não só o "Som Direcional da Comunicação e o mais perfeito serviço de alto falante", mas, outras instituições e pessoas das décadas 1960 e 1970 grudaram em nós como nódoa de caju roubado na roça de Bozó ou de seu Gervásio.
A SAOB( Sociedade Anônima Operária Beneficente) da primeira biblioteca e dos carnavais, a Brasil Oiticica dos operários retintos com a tisna da chaminé, o Macarrão Matoci e o Café Dácio, o fubá Piragibe e o sal Adonai de seu Antônio Rocha , avô do Onaldo Queiroga, "Da Choupana ao Palácio Todos Tomam Café Dácio" , a Usina de seu Paulo Pereira , o Cine Lux e as pessoas.
Sim, gente também fez parte desta paisagem bucólica de Pombal, confundido nas ruas bêbados, vagabundos e operários com pessoas mais esclarecidas, políticos, professores, médicos que não se escondiam por trás de diplomas ou do dinheiro. Eram vistos atravessando as ruas como quaisquer outros cidadãos da velha e saudosa Pombal de 70 e 60, na feira do Velho Mercado Público ou aos sábados pechinchando o preço da verdura, da farinha e do feijão verde, quando esse havia. Ou trafegando em seus Fuscas, DKV, Rural e Jipes. São instituições e valores que se perderam no tempo e que existiram não só em Pombal, mas em quaisquer outras cidades interiorana. Porém, em Pombal foi diferente senão não lembraríamos com prazer até hoje.
Não era só o Lord Amplificador que era assim como descrevemos, pois difusoras e sistemas de sons deste modelo existiram em todas as cidades do interior, nas décadas de 1960 e 1970. Nós pombalenses fizemos a diferença: a época em que nascemos era diferente, Pombal era diferente. Nós filhos de Pombal somos diferentes, carregamos no coração a cidade de ontem e às vezes a de hoje.
Nós nos reunimos uma vez ao ano, para celebrar as instituições e as pessoas que fizeram parte da nossa juventude e da nossa formação: Professor Arlindo, Lord Amplificador, Clemildo, Galdino, Bideca, João Fagundes, Cine Lux, Biró de Beradeiro, dona Cessa e Bibia, São Cristovam, Bloco de Sujos, Padre Solon de França, dona Bruna, o pão com creme na bodega de Toinho, seu Raminho e Rev. Jônathas Barros de Oliveira, que trouxeram a TV para Pombal, o gênio inventivo de Vicente Farias, dona Bruna e dona Inês, dona Eliane, Negros dos Pontões, Reisados e Congos... Nós celebramos encontros para lembrar desencontros e assim nos mantermos vivos, não tanto pela cidade que já nos ignora, pois precisa seguir seu caminho, seu destino, sua sina, e muito mais por nós, por nossas lembranças pelos nossos cabelos brancos e pelos amigos, mortos jovens a flor da idade, que precisam ser lembrados.
E, pra não dizer em que não falei da Festa do Rosário, a Festa do Rosário!
*Escritor Pombalense.
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DA FESTA DO ROSÁRIO PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DA FESTA DO ROSÁRIO Reviewed by Clemildo Brunet on 2/14/2009 07:19:00 AM Rating: 5

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