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CLEMILDO FEZ ESCOLA ( III ) "No tempo que o rádio era feito de improviso"

Zeilto Trajano: 27 sete anos depois de sua morte.

Por Paulo Abrantes*

O Radialista Zeilto Trajano é considerado um dos mais completos comunicadores de rádio que o sertão já conheceu; conhecido como o homem dos sete instrumentos; possuía vários talentos, sobretudo o de músico, mas o que mais gostava e o envaidecia era o de radialista. Foi diretor de rádio, músico, garoto propaganda, animador de auditório, compositor, mestre de cerimônia, ele foi essencialmente um homem de rádio. Encantava no homem, de início, a simplicidade no trato e a humildade de quem era, sem dúvida, um dos maiores nomes do rádio no sertão da Paraíba. Nasceu em Pombal, a 16 de Abril de 1944, que se vivo estivesse, estaria completando hoje, 65 anos de idade. Morreu na cidade de João Pessoa, acometido de um aneurisma cerebral no dia 25 de agosto de 1982.

Segundo Verneck Abrantes, (foto) meu primo, em 1967, Zeilto Trajano tinha um programa musical na Rádio A VOZ DA CIDADE chamado “Almoço à Brasileira” de entretenimento e brindes a quem respondesse corretamente as perguntas que o mesmo fazia, sob o patrocínio do Cine Lux. Entre os brindes, Galdino Mouta ofertou dois ingressos para a entrada no Cine Lux a quem dissesse o nome da trilha sonora de um determinado filme. Decorridas duas semanas, depois de Zeilto ter repassado outros prêmios para os ouvintes participantes, não conseguia ofertar o brinde do Cine Lux, aparentemente porque as pessoas não tinham a resposta certa para a pergunta. Numa certa manhã, o adolescente Alexsander, filho de João e Neves de Serapião, estava junto com outros colegas na casa de seu Lelé, momento em que o rádio ligado no programa e Zeilto coloca a trilha sonora e pergunta mais uma vez o nome do filme. Uns ficaram olhando para o outro, e eu (Verneck), que ia chegando falei: É a música do filme: O Homem Que Sabia Demais. Alesxander rapidamente correu para o telefone e ligou para a Rádio informando o nome do filme. Zeilto, surpreso, diz que o filme é um clássico, tem uma das trilhas mais famosas da cinematografia mundial, é antigo, achava que ninguém ia responder. Então, perguntou como ele conseguiu a resposta. Alexsander todo garboso respondeu: É porque eu sou um intelectual, só gosto de filme de arte e de música clássica. Tinha na época, Alexsander, apenas 15 anos de idade; desinibido e cheio de energia, à noite foi assistir, de graça, mais uma obra prima dos filmes que Galdino costumava exibir no nosso saudoso Cine Lux.

Em depoimento, sobre sua morte, Clemildo escreveu: “Esse radialista emudeceu sua voz que arrebatava ouvintes e empolgava multidões”. Polêmico, vibrante, versátil, ativo e participante, um polivalente. “Expoente da Comunicação”! Enfatizou ainda: ”Zeilto era conhecido pela sua habilidade nas artes, era músico e como tal, fundou sua própria Orquestra, em Cajazeiras, cidade onde atuou como diretor da Rádio Alto Piranhas por longos dezoito anos, chamada Orquestra “CHAVERON”; formou mais duas orquestras: A CHAVEREQUE e a ORITIMBÓ, isto no decorrer de três anos, animando os carnavais na região e uma vez animou um carnaval no Pombal Ideal Clube. Compôs uma música de carnaval com o título: “Maroaje”. Amou tanto a terra de Padre Rolim, que criou dois slogans para enaltecer Cajazeiras: Costumava dizer nos microfones da Rádio Alto Piranhas: “Minha linda Cajazeiras” e em uma vinheta da emissora: “Rádio Alto Piranhas a única emissora em Cajazeiras que o Nordeste conhece”. Após dezoito anos na Rádio Alto Piranhas, Zeilto foi levar a sua voz para João Pessoa, assumindo a direção comercial da Rádio Arapuã e despertava os pessoenses com o seu Programa: “Café da Manhã”. Um dia, completou Clemildo: “No cumprimento de sua missão, Zeilto trilhou a sua última caminhada no rádio, estava cumprindo sua última jornada de trabalho, sem saber que aquele dia, seria o último de sua carreira. Compareceu ao aeroporto – Castro Pinto, para fazer a cobertura jornalística da visita do Presidente da República, João Batista de Figueiredo. Zeilto, com brilhantismo, fez o seu trabalho e ao finalizá-lo, de repente, se sentiu cansado, debruçou-se sobre a direção de seu carro e suspirou: “Está escurecendo”, foram suas últimas palavras”. Zeilto Trajano de Sousa, era filho do casal Otacílio e Nely (in memoriam), tendo como irmãos, Mª do Socorro, Zelita, Francisca Zita, Mª do Carmo e Otacílio Trajano, talentoso locutor, atuando em emissora de rádio nesta Capital. Zeilto, casou-se com Francisca de Lima Sousa, com teve quatro filhas: Nadja Rejane, Alba, Kátia e Márcia. Concluindo, devo afirmar que a figura de Zeilto Trajano perdurará como um exemplo, pois serviu exclusivamente, para os valores profissionais em que acreditou desde sua juventude, período em que iniciou sua carreira radiofônica na emissora de rádio “A VOZ DA CIDADE” e partiu em busca de novos horizontes. À medida que ele evoluiu, mais se cristalizou em seu pensamento a importância desses valores, aos quais mais se dedicou, desprendendo-se, por isso mesmo, dos valores materiais, para dar lugar aos espirituais. Sua vida teve o melhor sentido: o do aperfeiçoamento do valor humano, e – em nome desse ideal – não usufruiu as vantagens do comodismo ou do oportunismo. Seguindo o pensamento altruísta de Dr. Maciel Gonzaga de Luna, no propósito de homenagear Zeilto com uma estátua, para que perpetuasse a sua imagem, eu também gostaria de sugerir à Câmara Municipal de Pombal a criação da outorga do Troféu Zeilto Trajano. Suas contribuições aos meios radiofônicos garantirão sua imortalidade, já que suas aptidões permanecerão em lugar de honra, nessa enorme galeria dos desbravadores da nossa radiodifusão. Zeilto, a história saberá fazer justiça. *Engenheiro Civil. João Pessoa – Paraíba.

CLEMILDO FEZ ESCOLA ( III ) "No tempo que o rádio era feito de improviso" CLEMILDO FEZ ESCOLA ( III ) "No tempo que o rádio era feito de improviso" Reviewed by Clemildo Brunet on 4/17/2009 05:55:00 AM Rating: 5

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