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POUCAS E BOAS DO DEPUTADO CHICO PEREIRA...

Maciel Gonzaga (Foto)
MACIEL GONZAGA*
Político de grande popularidade na região do Sertão da Paraíba, tendo iniciado a sua trajetória na vida pública nos anos 40 e representado a cidade de Pombal na Assembléia Legislativa por sucessivas legislaturas, o deputado Francisco Pereira Vieira – Seu Chico Pereira, como era mais conhecido – tinha um estilo desabusado, franco e pouco elegante no vernáculo. Já tive oportunidade de escrever, neste mesmo Blog, artigo sobre a importância de Chico Pereira (Foto), para Pombal, independente das divergências políticas, partidárias e ideológicas.
Neste novo artigo, vamos enfocar algumas tiradas espirituosas e jocosas que, denominamos, de “poucas e boas” do rico folclore de Chico Pereira. Nos anos 60, em uma calcinada campanha política na cidade, em que a família Carneiro impunha aos eleitores de Pombal o nome do advogado Dirceu Arnaud Diniz como candidato a deputado estadual, Seu Chico protagonizou episódio que enriquece o folclore político paraibano. Consta que no palanque, um dia, surpreendeu a assessoria da campanha com uma afirmação inusitada: “Aqui em Pombal, eu e Paulo Pereira formamos um trio...”. O estudante Vicente Cassimiro, pressuroso, soprou, corrigindo: “É dupla, Seu Chico. Trio são três”. Respondeu o deputado: “Que besteira! Trem não anda em trio e não é dois?”.
O Fusquinha era a coqueluche nos anos 60. Seu filho Ademar Pereira tinha comprado um e Chico Pereira foi ao Banco do Brasil de Pombal no aludido carro. Lá, puxou o freio-de-mão e quando foi sair esqueceu de baixar a alavanca. O carro inchou a traseira e ai Seu Chico disse: “Danado, esse carro atola até no calçamento!”.
Essa outra aconteceu durante um exame de motorista que o Detran estava fazendo em Pombal. Seu Chico foi para o meio dos pretensos motoristas e resolveu também fazer exame para renovar a sua habilitação. Resultado, saiu derrubando os cones e o instrutor, indicado por ele para o cargo, que estava no banco carona disse: “Ta bom deputado, pode parar. O senhor está apto. Eu tenho sete filhos para criar”.
Chico Pereira acostumava sempre viajar de ônibus de João Pessoa a Pombal, no final da tarde de sexta-feira, logo que deixava a Assembléia Legislativa. Certo dia, fumava seu cigarrinho, quando o cobrador o interpelou: “O senhor não pode fumar!”. Chico Pereira indagou: “Eu posso saber por quê?”. O cobrador, aborrecido reagiu: “O senhor não está vendo a placa que diz ser proibido fumar cigarro dentro do ônibus?”. Chico Pereira, então, relaxou e murmurou entre fumaças. “Se eu fosse obedecer a toda placa, eu esborrotava de tomar Coca-Cola. Tem placas de tome Coca-Cola de João Pessoa até Pombal”.
O deputado Levi Olímpio era um adversário duro na queda. E tinha uma fama, aliás, justificada, de valentão. Gostava de andar armado. Levi fazia um comício num distrito de Pombal e era observado, à distância, por Chico Pereira, seu adversário mais ferrenho. Num certo momento, Levi disse: “Dizem que sou pistoleiro, mas quero dizer que sou homem de paz. Nem armado eu ando...”. Chico Pereira, à distância, comentou: “Aposto como ele está armado. Basta revistar pra vê". Foi quando um correligionário murmurou: “Seu Chico, o problema é encontrar quem que tenha coragem de ir lá em cima revistá-lo!”.
Chegou um delegado em Pombal que prometia revolucionar a cidade. A primeira providência do Tenente-PM foi mandar fechar o Lord Amplificador, de propriedade de Clemildo Brunet de Sá. Desesperado, Clemildo foi falar com o delegado e este se manteve irredutível. Foi quando Clemildo reagiu: “Se não tem jeito, eu vou falar com Chico Pereira”. O delegado não gostou, deu um murro na mesa e externou toda sua hidrofobia: “Você pode falar até com o Satanás, mas a sua difusora vai ficar fechada”. Clemildo foi até a casa de Seu Chico, no Riacho do Bode e, revoltado, contou toda a história na expectativa de que o seu problema seria solucionado. O deputado, que ouvia atentamente o relato de Clemildo, segurando o telefone na mão e fazendo uma ligação, verberou: “Clemildo, quando a gente quer alguma coisa, não manda, pede”. Nesse ínterim, o delegado atende ao telefone. E Chico Pereira diz: “Meu filho, se você que permanecer por algum tempo aqui em Pombal, não bula com Clemildo não”. Em seguida bateu o telefone. Horas depois o Lord estava funcionando.
Na política de alta voltagem dos anos 60, quando explodiam as paixões do PSD (Carneiro) e UDN (Maniçoba), Pombal e a região era totalmente calcinada pelo desvario de um radicalismo selvagem. A convite de Lauro Paixão, Chico Pereira foi participar de uma carreata em Jericó. Subiu no caminhão, que logo deu a largada. O locutor diz: “Atenção, Seu Chico, à esquerda”. Povão atrás, algazarra, música, cachaça, era Jericó toda nas ruas. E o locutor novamente: “À direita Seu Chico!”. Ao cabo de alguns minutos e já intrigado com tantas recomendações do locutor, as quais obedecia enfarado, Chico Pereira se aproxima de Lauro Paixão e, com aquela inconfundível impostação de voz, interrogou: “Lauro, essa rapaz está fazendo de mim palhaço. A todo instante me manda olhar para a esquerda, para a direita, em frente. O que ele quer com isso?”. “Nada não deputado”, respondeu Lauro. “É que o motorista do caminhão se chama Chico Pereira!”.
*Pombalense, Jornalista e Advogado Criminalista - Natal RN.
POUCAS E BOAS DO DEPUTADO CHICO PEREIRA... POUCAS E BOAS DO DEPUTADO CHICO PEREIRA... Reviewed by Clemildo Brunet on 2/27/2010 12:15:00 PM Rating: 5

Um comentário

socorro pombal. PB disse...

Sinceramente, estou rindo até agora. Sr. Chico Pereira era realmente uma pessôa que nos divertia, com suas franquesas, que se terminava aceitando e acordando, Posso alterar. Em um dia de passeata de 7 setembro,Sr, Chico Pereira prefeito em gestão. Foi em seguida assistir a sessão no antigo Cne Lux. Toda escola Normal reunida, Eu, declamei uma poesia Por Deus e Pela Patria. Ao terminar. Autorizada pela Madre Superiora Irmã Severino Souto, Mandou que pedisse ao prefeito que mandasse soltat uma salva de tiros ao meio dia. Cheguei passei o dito, e logo Sentí que não havia entendido, E me perguntou assustado, "TIRO DE QUE MENINA?"
Sentindo que ele não tinha entendido , mudei o diáligo "Soltar fogos.. Bateu em meu ombro, e exclamou, Agora está tudo certo..É uma pessoa mesmo inesquecível.. Foi brilhante este seu artigo..
Sua conterrânea
Socorro Dias

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