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MEDICINA DE POMBAL NOS ANOS 50 E 60 NA LINGUA E NA CRENÇA DO POVO!

Jerdivan Nóbrega de Araújo*

Quando eu nasci, lá “pelos inícios” dos anos sessenta, aqui na cidade de Pombal, essas coisas de Urologista, Dermatologista, Reumatologista, Cardiologista, Gastro, Obstetra e etc, como de sorte em todo os sertão nordestino, eram nome feios, desconhecidos do povo. Coisas que talvez fosse moda e luxo nas distancias do sul só Brasil.
Médico na cidade de Pombal tínhamos um ou dois, e já era muito, que medicavam de gente a bicho, conhecia de argueiro a espinhela caída, passando por soluço de bacurim em menino novo, fígado ofendido, vêia quebrada, chaboque do joelho arrancado, unha incravada, escuricimento de vista, pano preto, uvido istourado e até tirava espinho de piqui de língua de menino buliçoso
Como era raro médico na cidade, o nosso povo tinha a ajuda providencial das Benzedeiras, Parteiras, Enfermeiras e Enfermeiros, formadas pelas necessidades que surgiam no dia - a - dia. Quando o caso era grave o ser vivente recebia uma vela para iluminá-lo a caminho da eternidade.
Donos de farmácias também tinham a patente de receitador de remédios, mas, os pobres não os procuravam por que não tinha dinheiro para comprar a medicação por ele indicada.
As parteiras, primeiros seres viventes a olhar nos olhos de mais um pombalense a vir ao mundo, eram Maria José da fala grossa que, por ironia do destino era casada com Zé cabeção, o corveiro. Outra era dona Maloura. Até então nenhum vivente teria visto a cara do recém nascido, mesmo por que essa tal de ultra sonografia era coisa que não sabia-se da sua existência.
Depois veio Zé de Santa, Lia e Zé enfermeiro, com as injeções de penicilina que serviam para tratar de pé dormento, dor no estombo, farnezim, pereba, catarro de peito, infraquicimento das vontades, pano branco impinge e até zunido nos uvidos istorados, pelos mergulho nas águas do rio.
Rezadeira boa, que atendia sem cobrar um centavo, era dona Chiquilha mãe de Luquinha e de Belo. Ela atendia numa casinha de sapé ali no final da Coronel José Avelino. Os mais endinheirados tinham os seus serviços prestados em domicilio. Usava uma folha de Arruda para curar: ispinhela caida, dor nos quarto, menino de moleira mole, tosse de cachorro, estalicido do pulmão, íngua do suvaco e da virilha, Caganeira de biqueira e, princialmente, quebrante em menino de mês. Normalmente o quebrante era advindo dos olhos gordos de vizinha invejosa.
As crianças da minha época tinham doenças conhecidas e carimbadas, muitas vezes causadas pela fome excessiva ou pela abundante quantidade de lombrigas que carregavam no bucho.
Não se procuravam um especialistas em doenças, como Zé de Santa , Tia Lia ou dona Chiquinha benzedeira por pouca coisa: para um passamento ou biloura, por exemplo, bastava um punhado de sal na boca para o moleque voltar a respirar para, em seguida, levar uns gritos da mãe para nunca mais “fazer susto”. Dordoia se curava com água dormida no sereno ou leite de pinhão roxo. O mesmo remédio também dava fim a impinge, pano branco e pano preto. Já a dor de viado era curada apenas colocando na virilha uma folha do mesmo Pinhão Roxo. Xanha, bicho de pé, coceira nos quartos, oi de peixe no pé, sete couro, popoca rouxa, dor na junta, inquizila, vermeião, tosse de cachorro doido, amigas inframada , mondrongo, difruço, sapiranga nos ói, frieira, cobreiro de pé, pereba braba,curuba, remela no zói, eram as doenças que a penicilina e a reza de dona Chiquinha tinham que trabalha em conjunto para curar.
Quando era época de política, perincipalmente eleições para prefeito, não faltavam “médico de diploma na parede” para atender ao povo. Era ai que as doenças mais complicadas e que não haviam obtidos respostas com as rezas e a penicilina, tinham oportunidades de serem submetidas a estes profissionais que eram visto pela população com desconfiança. Eles nunca tinham cura para: fastio, dor no espinhaço, bucho quebrado, calo seco, unha fofa, água na pleura , vista cansada, quarto arriado, papêra, doença dos nervo, ombro dismintido, queima no estombo, juízo incriziado, iscuricimento de vista tisga, vento caído, dor nas cruz, dor nos brugumi, mal jeito no espinhaço.
O doente saia com um papel cheio de nome esquisitos e, na primeira oportunidade, procuravam a medicina caseira, das nossas enfermeiras, parteiras e a rezadeiras.
*Escritor Pombalense
MEDICINA DE POMBAL NOS ANOS 50 E 60 NA LINGUA E NA CRENÇA DO POVO! MEDICINA DE POMBAL NOS ANOS 50 E 60 NA LINGUA E NA CRENÇA DO POVO! Reviewed by Clemildo Brunet on 5/24/2010 08:37:00 AM Rating: 5

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