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EM ALGUM LUGAR CHAMADO POMBAL

Paulo Abrantes*

Paulo Abrantes
Pombal é uma cidade bela, situada no alto sertão da Paraíba, de grandes filhos ilustres, de um povo que tem uma cultura privilegiada e que sentem amor por sua terra natal. Assim, não nos surpreende a cada ano, acontecer nesta amada terra, um evento de lançamento de livro. Agora, mesmo, acabo de ler o livro EM ALGUM LUGAR CHAMADO POMBAL, dos geniais poetas e escritores pombalenses, Ignácio Tavares e Jerdivan Nóbrega. Assisti, ao lançamento, encantado, contrito e imaginando o quanto é importante para uma cidade ter sua história registrada em livro, escrita pelos seus filhos ilustres, visando pesquisas para as gerações futuras. Gostei do livro. A literatura pombalense ficou mais enriquecida. Lendo os textos de Jerdivan, imaginei-me, durante a leitura, na Praça Getúlio Vargas, numa noite de lua, sossegado, na paz interior dos românticos, a ouvir de um violão afinado acordes de melodias tiradas da voz de Pedoca de Deca. Revivi os tempos que comi os frutos amarelos e adocicados de Melão Caetano, Marizeiras e Trapiás que debruçavam pelas cercas vivas dos corredores do rio Piancó. Lendo, Ignácio Tavares, aí, sim, completa tudo o que queríamos saber: nos Velhos tempos: Bons Tempos-I: A velha Estação do Trem, com os passeios da juventude, a sorveteria Tabajara onde arranjei a primeira namorada, nos encontros de sábado, lugar festivo povoado de mulheres. E assim, eles vão tecendo este livro maravilhoso, onde trás de volta um passado que ficou cristalizado em nossas mentes. Recorda também, seus companheiros de andanças noturnas, Sagaz Queiroga, Cidoca (Alcides Carneiro), Antonio Liberato e Edrizio Roque. O outro grupo reunia Otony Rocha, o padre, Zé Avelino, Assis Pacífico, Silas, Raminho Leovigildo, João Santana, falecido recentemente, entre outros. Fala também dos seresteiros da noite: Zé Venâncio, Júlio Benigno, os irmãos Déca e Anísio Medeiros, Ruy e Chico Carneiro, Nô Formiga, China, Chico Espalha, Custódio Santana, entre outros. Mais adiante, descreve outros seresteiros: Doutor Espalha, seus sobrinhos Bideca e Chico Doura, ainda, Adamastor, Pixica, Joaquim Cândido, Manoel de Donária e tantos outros. Eu também posso dizer, que conheci essas fascinantes criaturas da noite, monstros sagrados da seresta nossa de cada madrugada.

Voltei no tempo e dei boas gargalhadas “No tempo do Rio Piancó; Domingo á tarde em Pombal; Cine Lux em Pombal; Pombal Ontem e hoje no Tempo de Zé de Bú,” são outros textos, capítulos, que os dois escritores poetas foram fabricando com leveza e musicalidade, e juntou todos num livro, que é um intenso transbordar de amor, paixão e ternura – do começo ao fim.

Disse o poeta:”Ninguém sabe estudar tão bem as alternativas existenciais como o poeta, que persiste em ficar à janela, mirando o rio e o céu, como um sentinela do espetáculo da Natureza”.

Pois bem. Ignácio e Jerdivan não ficaram somente “mirando o rio e o céu”. Eles foram além disso: escreveram, cantaram sonhos, fantasias e ilusões, emprestando colorido especial a todas as dimensões e formas de exaltação do amor a sua terra.

Neste livro de crônicas, Ignácio e Jerdivan dão-nos prova de lirismo, profundo e forte, do primeiro ao último texto. Fui à feira de sábado e assisti o seu trançar de destrançar de gente. Vi nomes de jogadores de futebol e de ludo, vi gente de barzinho, assisti filme no Cine Lux, vi nomes de loucos e vagabundos, de intelectuais e de seresteiros, e resolvi parar um pouco para me lembrar de tudo e novamente sentir saudades. Teve razão o poeta quando disse:

“Ninguém vive sem saudade

Sem saudade ninguém vive

Às vezes sinto saudade

Das saudades que já tive”

Meus caros Ignácio e Jerdivan,

Agradeço-lhes por terem proporcionado a mim momentos tão felizes. Feliz do homem que volta às suas origens. E eu voltei. EM ALGUM LUGAR CHAMADO POMBAL foi para mim um navio de saudades navegando no oceano da minha juventude.

É isso aí. Bebi a água e me banhei no rio Piancó. Tenho razões de sobra de ser um apaixonado por aquele abençoado torrão.

Parabéns, Ignácio e Jerdivan. Não parem por aí. Não poupem seus amigos e admiradores dos seus escritos.

Disse Machado de Assis, em Dom Casmurro: “Vou deitar ao papel as reminiscências que vierem vindo. Deste modo, viverei o que vivi”. Foi o que vocês fizeram. O livro é uma viagem sentimental ao passado e uma merecida exaltação à sua terra, à sua gente. Como paisagem, a bucólica Pombal de seus tempos de infância. Com estilo alegre, descontraído, fluente e sem rebuscamentos, os escritores marcam com seu primoroso livro um valioso tento na história literária de nossa terra.

Parabéns! Valeu.

*Eng° Civil e Escritor.
EM ALGUM LUGAR CHAMADO POMBAL EM ALGUM LUGAR CHAMADO POMBAL Reviewed by Clemildo Brunet on 10/18/2010 05:25:00 AM Rating: 5

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