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ESTRADAS DA VIDA

Onaldo Queiroga
Onaldo Queiroga*

Ao nascer, o ser humano chora, abre os olhos e descortina a vida. Inocente, leva alguns anos para caminhar com os próprios pés. No célere caminho da vida, alguns partem prematuramente; outros medianamente também nos deixam, enquanto que somente uns poucos conseguem vencer todas as fases e naturalmente esmorecem nos braços do crepúsculo do tempo.

A vida, sua estrada e o mistério, o enigma de nossa existência. Como disse Augusto Cury: “Choramos aos nascer, sem compreender o mundo em que entramos. Morremos em silêncio, sem entender o mundo de que saímos”.

O homem, no alvorecer do discernimento, direciona seu olhar para a estrada da vida. Nessa hora, muitas vezes, ele a vê como se fosse longa reta, ampla e bem pavimentada; mas, lá no final da reta, a distância termina impedindo que a visão homem enxergue o que verdadeiramente existe além do horizonte — ou seja, se há uma curva à esquerda ou à direita; se a reta continua pavimentada ou passa a ter obstáculos, precipícios e até abismos.

A estrada da vida é como esta reta. Muitas vezes sob o ímpeto e vigor de sua juventude, no decorrer de sua trajetória, na expressão de sua jovialidade, o homem age, em certos momentos, sob o ritmo da auto-suficiência. E, aí, termina por enxergar só o presente, esquecendo-se do futuro. Se houvesse sequer um pouco de reflexão, ele certamente terminaria por entender que seu olhar jamais alcançará o que virá após o exato instante em que vive. Se isto se demonstrasse factível, poderia quem sabe amenizar suas dúvidas e angústias, incertezas e receios, ansiedades e medos.

Vivenciar tudo isso constitui exercício constante da fé. A Humanidade evoluiu consideravelmente em muitas coisas; todavia, é inegável que também retroagiu sensivelmente em outros pontos. Não faz muito tempo que a média de vida era entre 40 e 50 anos de idade. Hoje, os dados estatísticos demonstram aumento relevante dessa média de vida da população, próxima ao patamar de 80 anos de idade.

Mas, se a média de vida subiu, também é indiscutível que com ela veio a sensação da incrível velocidade do tempo. Em tal contexto, a pré-falada evolução vem permeada de extrema e desigual competição, no seio da Humanidade, além do fato de que a ansiedade, o medo, a solidão e a incredulidade impiedosamente invadiram o âmago do homem do século XXI. Por isso, alguns — com tom meio sombrio, mas também saudosista — costumam afirmar: “Tempo houve

em que, sob a beleza das estrelas e da Lua, os vizinhos se conheciam melhor e palestravam cordialmente, de noite a noite; crianças corriam lépidas, ora atrás de uma bola, num velho campo de pelada, ora dela esquivando-se, quando reunidas no jogo do baleado. Havia sorrisos francos, flertes e hora certa para o namoro. Havia pureza num olhar e honra num fio de bigode.

Certamente que o homem tem que dosar suas ações, buscar o equilíbrio entre a razão e o coração, o que, sem dúvida, reside na observância da palavra de Deus, sua bússola única na longa estrada da vida. Que Deus ilumine o caminho da Humanidade.

*Pombalense, Juiz de Direito da 5ª Vara Cível da Capital.
ESTRADAS DA VIDA ESTRADAS DA VIDA Reviewed by Clemildo Brunet on 4/20/2011 07:33:00 AM Rating: 5

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