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É HORA DE MUDANÇAS

Genival Torres Dantas

Genival Torres Dantas*

O Brasil chegou no seu futuro, no universo da tecnologia, já não somos um gigante adormecido em berço esplêndido , somos, sim, o gigante que caminha em direção da superação e do sucesso percorrido e alcançado pelos líderes mundiais. Já despertamos a inveja de muitas nações, e a cobiça dos infortunados. Estamos chegando aos 200 milhões de habitantes, hoje, diferente de 50 anos atrás, não representamos uma raça faminta e perdida nas trilhas das incertezas. Superamos, não totalmente, mas um grande percentual às nossas carências de sobrevivência, principalmente nos rincões mais distantes, aonde as dificuldades são bem maiores. Claro que existem aberrações, falta de
controles para que os recursos alocados para determinadas finalidades não sejam desviados, desvirtuados, sendo utilizados em finalidades dúbias. Há carência de material humano perfeitamente sintonizado com os interesses do Estado e princípios éticos para que os objetivos estabelecidos sejam cumpridos dentro dos prazos e da fidelidade aos conceitos morais que a sociedade exige, e que os bons costumes assim determinam.

Somos uma nação economicamente superior a muitas potencias mundiais reconhecidas como superiores aos nossos lendários recursos, embutidos no ventre da terra nossa em forma de minerais. Temos um parque industrial em pleno crescimento, não se trata de um milagre econômico ocorrido rapidamente, foi um processo lento e gradual, iniciado no governo de Juscelino Kubitschek, no final dos anos 50, e sedimentado nos governos subsequentes.

A visão futurista dos nossos governantes, cientistas e pesquisadores, fez do nosso país um exportador de tecnologia de ponta, colocando a nossa indústria de aeronáutica como uma das maiores do mundo. Destacando-se a Empresa Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), sediada em São José dos Campos, SP, se destacando na fabricação de aviões comerciais, agrícolas e militares. Em atividade desde 1969, com unidades no Brasil e exterior, inclusive com joint venture, em Portugal e China. Se constituindo numa das maiores exportadoras, com faturamento superior a R$8.5 bilhões, respondendo por mais de 17.5 mil empregos diretos.  Na área pública, muito embora a ausência de investimentos nos aeroportos do Brasil, por muitos anos, a massa de passageiros, no mercado interno tem crescido acima da nossa capacidade de investimentos e o brasileiro acredita nesse meio de transporte, tanto na agilidade como na segurança, apesar do estrangulamento e da ineficiência na operação dos embarques e desembarques que o setor passa nesse momento.

A indústria naval começa a retomar o mercado perdido em décadas passadas, em decorrência de seu desaquecimento por absoluta falta de incentivo, com investimentos maciços na área, apesar da precariedade dos nossos portos, com raras exceções, caso específico de Navegantes e Itajaí, em Santa Catarina.

O segmento automobilístico cresce com a vinda de mais indústrias que se implantam no nosso mercado para atendimento local e o mercado internacional. Estamos sediando a mais nova unidade fabril alemã a BMW, aqui no estado de Santa Catarina, com investimentos de 200 milhões de Euros. Nesse campo há um erro de cálculo, com a entrada de novos veículos em operação, numa demanda superior às nossas possibilidades de tráfego, dentro do razoável. Havia necessidade de investimentos prévio, na malha viária da nossa infraestrutura, para atender a demanda interna que cresce num ritmo acelerado. Há uma operação em ação para que essa deficiência seja sanada, com investimentos de R$133 bilhões, para os próximos 20 anos. Esses investimentos são para atendimento do setor aeroportuário e rodoviário, muito embora tenhamos a necessidade de investimentos na ordem de R$100 bilhões ano, no setor, portanto, e apesar disso, uma luz no fundo do poço surge em socorro da nossa logística dos transportes. Incluindo-se aí o setor ferroviário, praticamente sucateado em detrimento ao rodoviário, com projeto de recuperação e construção de 7500 km de ferrovias.

O resultado das nossas commodities se expande, anualmente, sem a necessidade de fazermos novos desmatamentos, utilizando-se apenas das terras agricultáveis no território nacional. Conseguimos elevar a produção de grãos, invejável no mercado internacional, quando conseguiremos ultrapassar a produção de soja dos EUA, se não ainda este ano, certamente no próximo já conseguiremos atingir essa meta.

O pré-sal é um projeto que alimenta perspectivas na exploração dos combustíveis não renováveis, é um trunfo que temos para exploração por muito tempo, muito embora não seja os combustíveis que desejávamos e até combatemos num passado não muito distante. Temos o combustível renovável, somos seus precursores e mentores, além de dominarmos toda tecnologia para a implantação da indústria alcooleira e resolvermos problemas com o meio ambiente, ponto crítico nas relações do mercado com o meio ambiente, o que falta é vontade política, e bom senso.

Na realidade, citei esses fatos para chegar ao atual momento da política brasileira. No próximo final de semana teremos o encerramento das eleições de 2012. o 1 ° turno transcorreu dentro da maior tranquilidade, o fechamento dos dados, a velocidade da apuração dos resultados, foi impressionante. No próprio dia (7), passado, no período noturno já tínhamos o consolidado em todo território nacional, com algumas exceções, casos isolados e compreensíveis. Certamente no próximo dia (28) a situação não será diferente, isso mostra o quanto evoluímos também nesse campo da informática.

Infelizmente nem tudo é evolução, essa eleição demonstra que evoluímos tecnicamente, mas continuamos arraigados aos princípios do coronelismo, mudou apenas a terminologia, porém a formula é a mesma. O poder econômico domina e inibe o eleitor com a compra de votos das formas mais diversas, escandalosas e inescrupulosas. Os governos usam suas máquinas para pressionar o eleitorado e conseguir o seu intento que é a reeleição ou fazer o seu sucessor. Isso, indiferentemente de partido político, sigla, ou ideologia, todos, sem exceção, usam do mesmo expediente. É um comportamento arcaico, desumano e tirano, tirando a possibilidade daqueles que sem recursos financeiros possam disputar, em condições de igualdade, com os apadrinhados e afortunados do sistema, uma chance para concorrer, com possibilidades reais ao sucesso, à cargo público.

Quando verificamos que as eleições de 2014, será para o executivo e legislativo nos âmbitos Estaduais e federal, sentimos que há uma necessidade premente para que se tome providencias no sentido de mudarmos o atual sistema. Da forma que está não pode ficar. É necessário o encolhimento de partidos, o número existente é muito grande, não tem sentido, só serve para ampliar as negociações, ou negociatas, entre o executivo e o legislativo, com objetivo único de manter a governabilidade, dentro de um modelo compartilhado, é um assunto explicito e não é combatido. Nenhum partido se insurge contra a situação porque todos fazem parte do sistema, isso é ilegal e imoral. Só proporciona a oportunidade para o supra-sumo da escória política se fortaleça dentro do poder como que um verme dentro da sua redoma, achando-se superior a tudo e a todos. Para quem está acompanhando o processo 470, mais conhecido como mensalão, julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sabe exatamente do que estou falando, tema para outro texto futuro.

Outra pendenga lamentável, o financiamento da campanha política por pessoas jurídicas, é no mínimo vergonhoso, subentende-se que, quem está aplicando recursos financeiros em qualquer político ou partido, quer contrapartida. E essa contra partida, é paga com adicionais que são alocados, incorporados nos valores das concorrências, cartas convites, ou qualquer outra forma de compras, aquisições, ou contratações futuras, para reembolso aos investidores de campanhas. Portanto, esse dinheiro repassado ao financiador corresponde a valores que poderiam ser usado para obras, saúde, ensino, e toda infraestrutura que o eleitor precisa no município, estado e federação. Nesse momento lembro-me mais uma vez da célebre frase que marcou o mundo político no início dos anos 80, século passado: “é dando que se recebe”.

Podemos verificar que crescemos em termos materiais, na vertical, nos índices, nas estimativas, nos modelos e nos parâmetros dos novos tempos. Entretanto, permanecemos pequenos ou diminuídos diante do mundo na horizontal, quando perdemos o sono ao colocarmos nossas cabeças nos travesseiro e não temos condições de dormir, pois, há uma consciência a nos cobrar atitudes. Fazemos parte de um processo que nos desmoraliza e nos abate, nos corroe moralmente, sentimos vergonha pelo que não somos capazes de fazermos, lutar por uma verdadeira democracia, limpa, justa e para todos. É hora de mudarmos, não só a mentalidade, mas nas atitudes, na postura, precisamos fazer uma nova leitura da nossa dignidade, do nosso conceito democrático e do que efetivamente queremos para o nosso país, somos filhos de uma pátria a quem devemos respeito e zelo.

*Escritor e Poeta
É HORA DE MUDANÇAS É HORA DE MUDANÇAS Reviewed by Clemildo Brunet on 10/25/2012 06:17:00 PM Rating: 5

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