INTOLERÂNCIA E DEMOCRACIA
Severino Coelho Viana |
Por
Severino Coelho Viana*
A democracia para quem a
defende no sentido mais amplo de um regime político deve ser o vértice que
espraia luz para as duas extremidades da pirâmide indicativa do ideal de
liberdade: o contraditório e a liberdade de expressão.
“A Praça Castro Alves é do povo
assim como o céu é do condor”, já dizia o poeta Castro Alves. Portanto, a
democracia é uma praça cheia de gente, conforme observamos o exemplo histórico
da Grécia antiga. Pessoas de todos os sexos, ideologias, etnias e
credos, que,
dentro dos limites de uma Constituição representativa, que cria parâmetros e
norteia caminhos; ninguém tem medo de expressar suas opiniões, e, ainda assim,
as diferenças convivem em harmonia, tolerando pacificamente o contraditório. É
o desapego ao interesse e a vontade individual. Não tente impor ‘super-ideia’
advinda do sectarismo partidário, que nasce de uma forma obtusa da alienação
ideológica, que causa cegueira e desvia o caminho da lógica racional.
Somente os tiranos, os
opressores e os ditadores têm medo da democracia. A liberdade é o problema das
ditaduras. Na ditadura a escolha nem é feita por você nem pela maioria, mas
sim, pela minoria que se acha “iluminada”, que vive embebida pelo ódio.
A democracia não se
restringe somente ao campo político, com o exercício do direito de escolha, mas
deve ser efetivada nos setores: educacional, participativo, social,
promocional, religioso e econômico.
Uma análise resumida do
embargo econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos os Estados
Unidos da América (USA), a partir de 1958, com o início de medidas restritivas,
sendo proclamado oficialmente em 07 de fevereiro de 1962. Foi convertido em lei
em 1992 e em 1995. O governo do presidente Bill Clinton ampliou o embargo
comercial proibindo que as filiais estrangeiras de companhias estadunidenses de
comercializar com Cuba, a valores superiores a 700 milhões de dólares anuais. A
medida está em vigor até os dias atuais, tornando-se um dos mais duradouros
embargos econômicos na história moderna.
Este embargo é formalmente
condenado pelas Nações Unidas, pela assembleia geral, em 2007. Na visão dos
defensores radicais do regime cubano, o bloqueio constitui o principal
obstáculo para o desenvolvimento.
econômico e social do país.
Na prática, a história aponta que Cuba perdeu dinheiro em exportações de bens e
serviços, principalmente no mercado de açúcar e de turismo, as duas maiores
divisas da ilha. Para fugir da falta de compradores, Cuba teve que negociar a
venda de produtos com a Ásia e com países do leste europeu.
Perguntar não é crime nem
tampouco pecado: qual o mal que Yoani Sachéz fez ou faz ao regime democrático
brasileiro? Qual ameaça ela fez ou faz ao governo brasileiro? Para ser
agredida, empurrada, xingada, maltratada, obstaculada de falar, promover um
debate ou mesmo debater com as ideias contrárias. Democracia é isso! O Brasil
recebe visita de tiranos, ditadores, traficantes, terroristas, pessoas que
defendem todo tipo de ideologia. Isso é natural num democracia. Para as
democracias além-mar o Brasil não ficou bem visto, infelizmente! Será que
esqueceram a máxima de Voltaire: “Não concordo com nenhuma palavra que dizes,
mas defendo até a morte o direito de dizê-la”.
A questão não se trata de
definir o tipo ideológico individual, se da direita, de esquerda ou de centro.
O cerne da questão da visita dá-se pela prática dos atos de intolerância. A
intolerância leva ao fanatismo. Justamente, o fanatismo exacerbado foi o que
levou os erros atrozes cometidos pela esquerda, assim mostra a história da
humanidade. No momento histórico atual, a esquerda radical não só está
persistindo, mas aumentando os erros. E persistir nos erros é ignorância. Como
encontrar novos adeptos? Pense nisso! Ver a coisa só de um lado é cegueira
mental! Os profundos conhecedores do socialismo não tomariam uma atitude desse
estilo; parece ser coisa de convertido do último momento que logo alcança o
fanatismo.
Os sectários aliados ao
poder político que foram orientados pela embaixada cubana, num ardil
inescrupuloso ao perfil democrático vivenciado pelo Brasil atual, na tentativa
de esconder a real causa de inibir ou excluir a visita da blogueira cubana
Yoani Sanchéz à terra de Pindorama, inventaram que a blogueira era favor do
embargo econômico de Cuba editado pelo os Estados Unidos e que ela defendia a
manutenção da prisão de Guantánamo. Além de usar o antigo e cansativo chavão
“que ela pertence a Cia”.
Depois de passar a estada da
ativista cubana, a realidade mostrou os fatos completamente diferentes dos
criados pelos intolerantes.
Durante a visita à Câmara dos
Deputados, Yoani Sánchez foi questionada por parlamentares se era contra a
prisão que os Estados Unidos mantêm em Guantánamo (em solo cubano) e o embargo
econômico desse país a Cuba.
Sobre Guantánamo, ela disse
que é uma civilista, que respeita a legalidade e, portanto, não podia concordar
com a existência da prisão. Quanto ao embargo, listou três razões para defender
o fim: porque representa uma ingerência dos Estados Unidos sobre Cuba; porque
fracassou no objetivo de induzir o povo cubano a se voltar contra o governo; e
porque o governo cubano usa o embargo para justificar seu fracasso econômico.
Yoani também foi
questionada, no Programa Cidadania, da TV Senado, se contestava as conquistas
cubanas em alfabetização e saúde pública. Ela reconheceu as conquistas,
destacando que, no passado, houve apoio soviético para essas políticas
públicas. Entretanto, frisou que, atualmente, as áreas “não funcionam da mesma
maneira”.
— E não quero, nunca mais,
que um governante diga: “Cale-se, pois há saúde e educação” — ressaltou.
Um dos senadores que a
receberam no Congresso, Álvaro Dias vem criticando a suposta ação da embaixada
cubana para divulgar um dossiê contra a blogueira. Um funcionário do governo
brasileiro teria recebido o dossiê.
Sobre o fato, Yoani disse que
o objetivo do dossiê era “matá-la ética e moralmente” frente a seus leitores.
— Não há possibilidade de
debate quando o outro quer te destruir.
A grande vantagem da
democracia é que você fala, explica, contesta, é contraditado, e não lhe
acontece nada!
João Pessoa, 04 de março de
2012.
*Escritor pombalense
e Promotor de Justiça em João Pessoa – PB.
INTOLERÂNCIA E DEMOCRACIA
Reviewed by Clemildo Brunet
on
3/04/2013 12:30:00 PM
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