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POMBAL – 21 de julho de 1862

Verneck Abrantes
Verneck Abrantes*

Deusdedit Leitão, em discurso proferido a 20 de julho de 1962, no auditório da antiga Escola Normal Arruda Câmara, como parte das festividades comemorativas do primeiro Centenário da Elevação de Pombal a Categoria de Cidade, entre outras partes do texto, ressalta:

...”Se instalou na Paraíba a 14ª Legislatura da Assembléia Provincial, da qual faziam parte alguns nomes mais ligados à Vila de Pombal, como o juiz de Direito Dr. Manuel Tertuliano Thomas Henriques, o Promotor Público Dr. Manuel da Fonseca Xavier de Andrade, o Dr. José Paulinho de Figueiredo, o político piancoense Dr. João Leite Ferreira e o Dr. Aurélio da Costa Vilar, também residente em Patos. Os três primeiros eleitos pelo primeiro distrito e
os outros reconhecidos deputados pelo segundo distrito, do qual Pombal era um dos Colégios eleitorais de maior expressão.

Poderíamos supor que algum desses nossos representantes tivesse tomado a iniciativa de postular pela elevação de Pombal à categoria de Cidade. Tal, porem não aconteceu (...).
Mesmo que alguém se detenha no exame mais demorado de nossa sociologia política fica sem perceber os motivos que levaram o Dr. Augusto Carlos de Almeida e Albuquerque a apresentar o projeto de Lei que deu foros de cidade a Pombal quando outros mais ligados a vossa terra por maior afinidade regional não atentaram para essa legítima aspiração dos vossos antepassados.

O Dr. Augusto Carlos de Almeida e Albuquerque, bacharel de 1856 pela faculdade do Recife, era natural de Mamanguape. Filho do Comendador Francisco de Almeida e Albuquerque e de Dona Maria Joaquina de Albuquerque, de ilustrada família do brejo paraibano a que chamaríamos de aristocracia do açúcar. Foi deputado provincial em várias legislaturas e exerceu a magistratura com juiz Municipal de Mamanguape, onde residiu como proprietário do Engenho Veloso. Foi, posteriormente, juiz de Direito de Ingá, sendo transferido dessa comarca para a de Camaragibe, em Alagoas.
O Projeto de Lei que elevou Pombal à categoria de Cidade, apresentado à Assembléia Legislativa teve sua primeira leitura na sessão de 20 de junho. No dia seguinte, após a segunda leitura, recebeu o número 11. A 14 de julho foi aprovado em primeira discussão, a 17 em segunda e, finalmente, em terceira, a 18, sendo enviado à Comissão de Redação. Na sessão do dia 19 o Dr. Tertuliano fê-lo voltar à mesa com a redação final que foi aprovada, subindo à sanção presidencial, o que se deu a 21 de julho de 1862 quando o presidente Francisco de Araújo Lima o converteu na Lei número 63. Estava assim realizada uma aspiração acalentada por várias gerações. Pombal conquistara a desejada vitória que ia colocá-la em pé de igualdade com Sousa, Areia e Mamanguape.  Mas quem era esse Presidente que ligou o nome a história de Pombal?

O Bacharel Francisco de Araújo Lima era cearense. Exerceu atividade política em sua província que o elegeu à Assembléia Geral, foi magistrado e governou a Paraíba de 18 de maio de 1861 a 17 de fevereiro de 1864, realizando uma das mais criteriosas administrações do período monárquico. Foi um grande amigo da população durante a epidemia do cólera-morbus e tratou da questão de limites entre a Paraíba e o Rio Grande do Norte. Que o povo de Pombal guarde o seu nome, perpetuando através dos tempos a memória daquele que elevou Pombal com o predicamento de Cidade.

Aqui o povo saiu às ruas para comemorar a sua vitoria com incontido entusiasmo. As subscrições populares se sucediam no anseio das festas e os bailes na manifestação da justa alegria. O Jornal da PARAHYBA noticiava que “em Pombal era excessivo o contentamento pelos atos de justiça que a Assembléia prodigalizara para com os seus habitantes, já elevando a Vila à categoria de Cidade, já autorizando o provimento efetivo da professora interina e já restabelecendo a cadeira de latim” (...). A professora era Delfina Gonçalves de Sousa Barros, que vinha prestando assinalados benefícios à causa do ensino pombalense.

,A Vila, na sua configuração urbana, ia pouco além do quadrado da matriz, com duas pequenas ruas que despontavam à beira da estrada. Mas aqui vivia uma sociedade de adorável convívio, entregue às delicias dos saraus e às bisbilhotices dos serões nas velhas calçadas de Lages.”

Pombal, 151 anos nos separa da epopeia da sua elevação ao Status de Cidade. Essa terra, graciosa e saudosa, os teus filhos, presentes e ausentes, a tem com todas as forças do coração. Que essa data seja revigorada de alegria, harmonia e de uma grande confraternização entre os filhos, filhas e amigos (as) da nossa terra mãe. Como disse Antonio Ferreira Cascudo: “Eu desta gloria só fico contente”.

*Escritor e Pesquisador da Historia de Pombal.
POMBAL – 21 de julho de 1862 POMBAL – 21 de julho de 1862 Reviewed by Clemildo Brunet on 7/17/2013 09:43:00 AM Rating: 5

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