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Brasil, o país das contradições

Genival Torres Dantas
Genival Torres Dantas*

O que temos visto, lido e ouvido nos últimos tempos parece até um pesadelo, tudo leva a contradições, idas e vindas em ritmo alucinante, àquilo que é dito pela manhã é contestado no período da tarde e mudado seu sentido no período seguinte. Culpa da incompetência de quem procura agir por impulso ou emoção, às vezes até por erro de interpretação quando não por intuição o ou disparate de quem usa e abusa do poder sem saber exerce-lo sem a truculência de quem acha que autoridade é mandar quando devia trabalhar em compartilhamento e divisão no exercício de suas funções e tarefas. Existem ainda os fatores ocorridos pela força da natureza alheios e impotentes ao controle humano.

Na área política, a partir de junho último, temos acompanhado a movimentação e agitação de países e de todos os continentes envolvimentos na catastrófica e
 melancólica situação adversa tanto nas economias como nos seus sistemas administrativos e políticos.

No inicio, quando a juventude brasileira saiu às ruas reivindicando seus direitos tudo parecia um gesto de misericórdia aos problemas que aflige toda sociedade, principalmente aos mais carentes, necessitados de serviços que seria por força constitucionais oferecido pelos governos em todas suas instancias, na qualidade que o ser humano precisa tão necessária à sua sobrevivência com dignidade. Hoje o Brasil está mergulhado numa crise sem precedentes de muito perigo para a democracia e suas instituições; os que estamos vendo nas ruas são bandidos mascarados atemorizando toda população sem a interferência e atuação policial na consistência exigida pelas circunstancias para coibir as ações, com prejuízos provocado pelos vândalos ao patrimônio público e privado.

O nome disso chama-se anarquismo tão em evidencia entre o final do século XlX e começo do século XX, e o anarquismo nunca significou coesão, mas uma anomia com absoluta ausência de ordem, tudo aquilo que repudiamos e não merecemos, depois de tanta luta pela recuperação da tão sonhada democracia, depois do regime de exceção que vivemos entre 1964/1985. Devemos tolerar e estimular a luta pacífica do povo, entretanto, condenar a força do mal que não é o bem ao próximo, apenas pregam o ódio contra os irmãos.


Infelizmente existe outra situação absurda, da algaravia, entre os poderes que nos regem, e a partir deles. O que devia haver seria uma simbiose entre eles e dentro deles, mas, o que temos visto é uma dicotomia acentuada, cada qual querendo mostrar sua força e poder, numa verdadeira hecatombe. Provocada aos desventurados e necessitados que compõem a base da nossa população.

Enquanto as ruas estão em chamas, clamando por justiça e bons serviços dos nossos gestores, indiferente ao que ocorre, ficando com o pensamento fixo e tão somente voltado à sucessão presidencial para o próximo ano, nesse caso a população que procure alternativas, esquece esse mesmo governo que a população tem o poder do voto e com ele certamente fará justiça. Focando nesse objetivo o governo tenta derrubar o orçamento impositivo nem que para esse intento seja necessário ter que apelar ao STF (Supremo Tribunal Federal), alegando que essa regra dessa forma vai engessar o sistema ao criar nova vinculação. Um acinte à população, que elegendo seus representantes, ao legislativo, ver uma das suas prerrogativas serem desprezadas pelo poder paralelo, o executivo; tão importante quanto os demais poderes, com um diferencial, apenas recolhe e distribui os valores destinados aos costeios da administração pública, com intenção única e exclusiva de usar seus valores, na ordem de R$22 bi,  como moeda de troca, um dos símbolos do modelo atual, o dando que se recebe, uma das maiores vergonhas do nosso governo.  

O Legislativo por sua vez deprime a população com uma atuação pífia e desastrosa, o Senado Federal, numa demonstração total de desinteresse no trato com a coisa pública teve sua sessão de ontem (15), simplesmente suspensa às 16h23min por absoluta falta de orador, o que se constitui num fato lamentável e desrespeitoso aos eleitores brasileiros, apesar do seu presidente, senador Renan Calheiros, anunciar a famosa pauta produtiva, aparecendo no plenário e na mesa administrativa, apenas quando a votação lhe interessa o que vem demostrar um verdadeiro calote ideológico.

O judiciário, agora na análise dos recursos das defesas, chamados de embargos de declaração, dos condenados envolvidos no famoso mensalão começa a dar sinais de confrontos em decorrência das notórias divergências conceituais entre o Presidente e seu Vice no STF, ministros Joaquim Benedito Barbosa Gomes e Enrique Ricardo Lewandowski, respectivamente. Uma situação vexatória para o judiciário nacional, quando todos reconhecem o STF como uma das instituições mais sérias do nosso país, o comportamento desses dois membros pode leva-la ao descrédito junto à opinião pública.

Finalmente, as causas da natureza corroboram com o pior momento que atravessamos no pós-ditadura militar, com uma avacalhação generalizada em termos político administrativo, enquanto a economia gera desconfiança no futuro, com inflação alta, crescimento baixo e o câmbio subindo a cada dia, enfraquecendo nossa moeda; enquanto isso no nordeste, com destaque para o Piauí, a seca insiste em matar de fome e sede os já famintos sertanejos e seus rebanhos, enquanto no sul que padece especificamente o Paraná que teve um prejuízo superior a R$1.2 bi, nas suas lavouras e em consequência das geadas nas noites de inverno.
 *Escritor e Poeta

Brasil, o país das contradições Brasil, o país das contradições Reviewed by Clemildo Brunet on 8/16/2013 07:21:00 PM Rating: 5

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