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Genival Dantas
Genival Torres Dantas*

Sou de uma geração tida no nosso país como uma das mais importantes pela sua luta e participação política, com obstinação aos ditames democráticos. Atravessamos várias reformas econômicas e superamos sistemas administrativos que tipificaram devastadas ruínas, outras estiveram no linear das  cambulhadas e a insensatez. Poucas se sustentaram e se sustentam  por tanto tempo com tantos progressos e ganhos sociais, muito embora a sociedade tenha muito ainda a ganhar e ganharemos, pois somos recalcitrantes em nossos objetivos.

Tivemos oportunidade de ver a nossa juventude de cara pintada ganhar as ruas, juntar-se aos mais experientes,  reivindicar seus direitos e

ajudar no retorno das eleições diretas em todos os níveis após a catastrófica fase do regime militar, com sua incapacidade gerencial e consolidado poder com o uso de suas amarras e vendas, nos levando por duas décadas a pior sensação que é da desesperança para com o futuro do nosso país.

O tempo passou, e durante quase 20 anos depois estivemos calados, recolhidos no nosso espanto ao verificarmos que a luta de todos nós tinha sido destorcida e malograda nas mãos dos últimos governantes, pela indiferença aos objetivos da nossa luta e a conivência com os desmandos e a corrupção generalizada que ocorrem na administração pública.

Vendo nossos jovens correndo por entre ruas e avenidas, enfrentando a polícia, muitas vezes truculenta e mal orientada, buscando soluções dos nossos problemas, e não apenas os deles especificamente, relacionados a educação, com a bandeira das desigualdades sociais, buscando um serviço público mais condizente com a nossa realidade, com prestação de serviços melhores, como o desempenho real na saúde pública, sem a megalomania das obras faraônicas que travam muitas vezes um atendimento mais simples, porém necessário para que haja uma atuação horizontal; transporte, incluindo-se aí a mobilidade urbano, tão necessária a uma melhor condição de vida nas cidades, independentemente de tamanho; uma segurança maior, possibilitando a tranquilidade que todos merecem para que o rendimento dos trabalhadores e estudantes possam ter um direcionamento humanitário mais efetivo; além de outros itens tão necessários ao povo de um país em pleno desenvolvimento como o nosso.

Lamentavelmente constatamos, e o povo brasileiro sabe disso, que o movimento dos nossos jovens foi invadido por pessoas estranhas as causas sociais, de interesse apenas deturpador, nefastas pessoas que nada contribuem a nossa sociedade e as nossas múltiplas necessidades, chegando ao limite da tolerância, vitimando um trabalhador, Santiago Andrade, paladino da informação, prestando serviço à um canal de televisão nacional, Rede Bandeirantes, ceifando uma vida que ainda tinha muito a contribuir para com sua família e o sucesso da empresa que trabalhava, além de mostrar a outros profissionais como é trabalhar dignificando uma classe.

Os marginais que assim agiram tomam conta dos noticiários, agitam a sociedade em busca de soluções, e que sejam exemplares. No meio político há verdadeiras correntes mobilizando alternativas para coibir outros casos que venham a surgir. Até mesmo o Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro José Mariano Beltrame enviou ao Senado um projeto buscando contribuir com a definição do crime de desordem, além de proibir o uso de mascaras e de armas ou objetos que possam causar lesões.

Esse caso levantou vários aspectos e situações dentro do Congresso, causando uma verdadeira celeuma em função da aproximação da Copa mundial de futebol, em junho próximo, e as eleições para outubro.

No Senado, o senador Vital do Rêgo Filho (PMDB/PB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), encaminhou ao senador José Pedro Gonçalves Taques (PDT), relator da Comissão, vai se debruçar sobre o projeto para análise, mas já adiantou que manifestação não é crime, sendo um direito garantido nos regimes democráticos, ponderou o Senador.

Há uma grande apreensão entre vários senadores, pois não podemos editar uma medida que venha, mesmo que de longe, parecida com o Ato Institucional  Número 5 (Al-5), texto do regime militar que tirou importantes direitos do cidadão brasileiro. O senador Randolph Frederich Rodrigues Alves (PSOL-AP), classificou até como o Al-5 da Copa, claro que há um exagero em tudo isso, não podemos imaginar que o objetivo seja criar condições apenas para criminalizar as manifestações populares, principalmente durante o período da Copa, a pedido da FIFA, evitando transtornos durante o período da realização do evento, ou mesmo para evitar prejuízos políticos para as eleições que se avizinha.

O senador Roberto Requião de Mello e Silva (PMDB-PR), acredita que estão querendo acabar com o direito das pessoas de se manifestarem, assim como, o Senador Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque (PDT-DF), acha que o projeto pode representar um retrocesso para a democracia. O Senador Jorge Ney Viana Macedo Neves (PT-AC), os senadores Álvaro Fernandes Dias (PSDB-PR) e Pedro Jorge Simon (PMDB-RS), conforme pronunciamentos à Mídia, são da opinião que não se pode usar um projeto objetivando o cerceamento a protestos pacíficos.

Como esses senadores citados, a maioria dos congressistas de todos os partidos que ouvi e vi se pronunciarem sobre o assunto, e muitos brasileiros comuns, fazem parte dessa corrente contrária a projeto que venha tirar direitos adquiridos na nossa constituição, não podia ser diferente, é insano pensar que um político ou partido político, ou mesmo qualquer outro cidadão, venha financiar meliantes para provocarem bagunças e transtornos sociais apenas para descaracterizar os movimentos pacíficos nas nossas ruas. É evidente que todos nós somos favoráveis que esses bandidos que hoje se misturam aos manifestantes provocadores, com máscaras, devem ser excluídos e até presos, para evitar tumultos e prejuízos maiores ao patrimônio público e privado.

A luta pelo bem estar coletivo é uma missão para os escolhidos, uma dádiva dos deuses e de muita responsabilidade, deve ser respeitado pelos governos em todos os níveis, para que a nossa sociedade não se deixe abater, e a esperança não volte a se perder com os sonhos mutilados
pelos indesejados e indesejáveis à história cívica nacional.

*Escritor e Poeta

Prenúncio de muita discussão Prenúncio de muita discussão Reviewed by Clemildo Brunet on 2/14/2014 10:46:00 PM Rating: 5

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