Prenúncio de muita discussão
Sou de uma geração tida no
nosso país como uma das mais importantes pela sua luta e participação política,
com obstinação aos ditames democráticos. Atravessamos várias reformas
econômicas e superamos sistemas administrativos que tipificaram devastadas ruínas,
outras estiveram no linear das
cambulhadas e a insensatez. Poucas se sustentaram e se sustentam por tanto tempo com tantos progressos e
ganhos sociais, muito embora a sociedade tenha muito ainda a ganhar e
ganharemos, pois somos recalcitrantes em nossos objetivos.
Tivemos oportunidade de ver a
nossa juventude de cara pintada ganhar as ruas, juntar-se aos mais experientes,
reivindicar seus direitos e
ajudar no retorno das
eleições diretas em todos os níveis após a catastrófica fase do regime militar,
com sua incapacidade gerencial e consolidado poder com o uso de suas amarras e
vendas, nos levando por duas décadas a pior sensação que é da desesperança para
com o futuro do nosso país.
O tempo passou, e durante
quase 20 anos depois estivemos calados, recolhidos no nosso espanto ao
verificarmos que a luta de todos nós tinha sido destorcida e malograda nas mãos
dos últimos governantes, pela indiferença aos objetivos da nossa luta e a
conivência com os desmandos e a corrupção generalizada que ocorrem na
administração pública.
Vendo nossos jovens correndo
por entre ruas e avenidas, enfrentando a polícia, muitas vezes truculenta e mal
orientada, buscando soluções dos nossos problemas, e não apenas os deles
especificamente, relacionados a educação, com a bandeira das desigualdades
sociais, buscando um serviço público mais condizente com a nossa realidade, com
prestação de serviços melhores, como o desempenho real na saúde pública, sem a
megalomania das obras faraônicas que travam muitas vezes um atendimento mais
simples, porém necessário para que haja uma atuação horizontal; transporte,
incluindo-se aí a mobilidade urbano, tão necessária a uma melhor condição de
vida nas cidades, independentemente de tamanho; uma segurança maior,
possibilitando a tranquilidade que todos merecem para que o rendimento dos
trabalhadores e estudantes possam ter um direcionamento humanitário mais
efetivo; além de outros itens tão necessários ao povo de um país em pleno desenvolvimento
como o nosso.
Lamentavelmente constatamos,
e o povo brasileiro sabe disso, que o movimento dos nossos jovens foi invadido
por pessoas estranhas as causas sociais, de interesse apenas deturpador,
nefastas pessoas que nada contribuem a nossa sociedade e as nossas múltiplas
necessidades, chegando ao limite da tolerância, vitimando um trabalhador,
Santiago Andrade, paladino da informação, prestando serviço à um canal de
televisão nacional, Rede Bandeirantes, ceifando uma vida que ainda tinha muito
a contribuir para com sua família e o sucesso da empresa que trabalhava, além
de mostrar a outros profissionais como é trabalhar dignificando uma classe.
Os marginais que assim agiram
tomam conta dos noticiários, agitam a sociedade em busca de soluções, e que
sejam exemplares. No meio político há verdadeiras correntes mobilizando
alternativas para coibir outros casos que venham a surgir. Até mesmo o
Secretário de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro José Mariano
Beltrame enviou ao Senado um projeto buscando contribuir com a definição do
crime de desordem, além de proibir o uso de mascaras e de armas ou objetos que
possam causar lesões.
Esse caso levantou vários
aspectos e situações dentro do Congresso, causando uma verdadeira celeuma em
função da aproximação da Copa mundial de futebol, em junho próximo, e as
eleições para outubro.
No Senado, o senador Vital do
Rêgo Filho (PMDB/PB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ),
encaminhou ao senador José Pedro Gonçalves Taques (PDT), relator da Comissão,
vai se debruçar sobre o projeto para análise, mas já adiantou que manifestação
não é crime, sendo um direito garantido nos regimes democráticos, ponderou o
Senador.
Há uma grande apreensão entre
vários senadores, pois não podemos editar uma medida que venha, mesmo que de
longe, parecida com o Ato Institucional
Número 5 (Al-5), texto do regime militar que tirou importantes direitos
do cidadão brasileiro. O senador Randolph Frederich Rodrigues Alves (PSOL-AP), classificou até como o Al-5 da Copa, claro que
há um exagero em tudo isso, não podemos imaginar que o objetivo seja criar
condições apenas para criminalizar as manifestações populares, principalmente
durante o período da Copa, a pedido da FIFA, evitando transtornos durante o
período da realização do evento, ou mesmo para evitar prejuízos políticos para
as eleições que se avizinha.
O senador Roberto Requião de
Mello e Silva (PMDB-PR), acredita que estão querendo acabar com o direito das
pessoas de se manifestarem, assim como, o Senador Cristovam Ricardo Cavalcanti
Buarque (PDT-DF), acha que o projeto pode representar um retrocesso para a
democracia. O Senador Jorge Ney Viana Macedo Neves (PT-AC), os senadores Álvaro
Fernandes Dias (PSDB-PR) e Pedro Jorge Simon (PMDB-RS), conforme
pronunciamentos à Mídia, são da opinião que não se pode usar um projeto
objetivando o cerceamento a protestos pacíficos.
Como esses senadores citados,
a maioria dos congressistas de todos os partidos que ouvi e vi se pronunciarem
sobre o assunto, e muitos brasileiros comuns, fazem parte dessa corrente
contrária a projeto que venha tirar direitos adquiridos na nossa constituição,
não podia ser diferente, é insano pensar que um político ou partido político,
ou mesmo qualquer outro cidadão, venha financiar meliantes para provocarem
bagunças e transtornos sociais apenas para descaracterizar os movimentos
pacíficos nas nossas ruas. É evidente que todos nós somos favoráveis que esses
bandidos que hoje se misturam aos manifestantes provocadores, com máscaras,
devem ser excluídos e até presos, para evitar tumultos e prejuízos maiores ao
patrimônio público e privado.
A luta pelo bem estar coletivo
é uma missão para os escolhidos, uma dádiva dos deuses e de muita
responsabilidade, deve ser respeitado pelos governos em todos os níveis, para
que a nossa sociedade não se deixe abater, e a esperança não volte a se perder
com os sonhos mutilados
pelos indesejados e
indesejáveis à história cívica nacional.
*Escritor e Poeta
Prenúncio de muita discussão
Reviewed by Clemildo Brunet
on
2/14/2014 10:46:00 PM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário