A Sorte e a Mágica não passam da Capacitação e Oportunidade Juntas
Genival Torres Dantas |
Genival
Torres Dantas*
Olhando o céu cinzento
através da vidraça da porta que dar acesso à sacada do meu escritório, com a temperatura
apontando 18 Graus Celsius, lembrei-me repentinamente de dois fatos relevantes
e que marcaram a história.
Um deles, em 30 de maio
de 1431 a heroína francesa, Joana d¹Arc, executada pelos Borguinhões, partido
do Duque da Borgonha, (João Sem Medo), aliados dos ingleses, na Guerra dos Cem
Anos, que combatia à facção dos Armagnacs, comandada por Duque d¹Orleães. A
camponesa simples e analfabeta foi a mártir francesa e heroína do seu país;
depois de ser queimada viva na fogueira aos 19 anos, foi transformada em Santa
da Igreja católica e padroeira da França; foi Beatificada em 1909 pelo Papa Pio
X, e Canonizada em 1920 pelo Papa Bento XV.
O outro fato que
relembrei com muita tristeza foi a morte, em 30 de maio de 2002, aos 91 anos,
do advogado, radialista, ator, poeta e compositor, Mario Lago. Esse brasileiro
de posição política definida, contemporâneo nos bancos de Faculdade de Direito
dos brasileiros não menos ilustres: Carlos Lacerda, Jorge Amado e Lamartine
Babo, entre tantos outros! Como compositor teve seu grande sucesso, “Nada
Além”, gravado por Orlando Silva. Na sequência Mario Lago compôs “Ai que
saudades da Amélia” e “Atire a Primeira Pedra”, com parceria de Ataulfo Alves.
O número de sucessos com outros compositores foi muito grande, entre os anos de
1930 e 1940. Foi um grande ator no teatro, rádio, nas radionovelas; na
televisão atuou em “Selva de Pedra”, o “Casarão”, “Barriga de Aluguel”, entre
outras. Hoje ele é nome do troféu concedido, anualmente, aos melhores do ano da
teledramaturgia, no programa televisivo Domingão do Faustão.
Comecei a observar, o
meu estado de espírito estava ansioso, daí as lembranças, até de certa forma,
amargas, isso tudo tinha um fundo de realidade. Estava na expectativa de uma
informação vinda da cidade de Franca/SP, onde meu filho, Genival Torres Dantas
Junior, estava apresentando sua dissertação de mestrado, exatamente naquele
horário.
Minha reação, naquele
momento, foi fixar o olhar no horizonte e um filme antigo começa a rodar na
minha cabeça. Lembrava-me das escolinhas, do maternal, primário e depois veio a
sequência lógica até atingir a universidade, evidentemente, não nessa
velocidade, mas, na sequência do exercício educacional. Por força das minhas
tarefas profissionais, tivemos que passar por várias cidades em Estados
diferentes, hábitos, costumes e culturas diversificadas, porém, o que me
surpreendia era a persistência dos filhos, Junior e a Isabel, ambos mantinham a
força de vontade e o desejo de estudar. Era tão forte o sentimento deles, que
numa cidade, quando me transferi no meio do ano, portanto, quebrando o ritmo do
ano letivo, o colégio que eles se matricularam quisera adiantar uma séria pelo
o adiantado das matérias que eles estavam, não concordamos para não
prejudica-los posteriormente, acertamos na nossa decisão.
Na proporção que o
tempo passava as responsabilidades aumentavam, as dificuldades tornavam os anos
mais duros e tensos, chegando à universidade já calejado pelos desafios a fios
com que eram submetidos. No caso do Junior, como ele é tratado na família e
pelos amigos, o primeiro estágio e o segundo, foram frutos da sua insistência e
persistência, conseguindo com o promotor público da cidade que morávamos ser
estagiária do Ministério Público local, sem remuneração, tendo que viajar 200
km diariamente para ir à Faculdade. Em seguida veio o segundo e o terceiro
estágio, agora no Ministério Público Estadual e Federal. Passou na OAB e
conseguiu o primeiro emprego, num sindicato. Não mediu esforços e em pouco
tempo passou em vários concursos e fez opção pela Defensoria Pública do Estado
de São Paulo. Foi convidado para ser professor na universidade em que se
formou, aceitou e é considerado um grande mestre na faculdade de Direito.
Fazendo um paralelo
entre os jovens atletas de uma seleção hexacampeã, em busca do pentacampeonato;
a jovem heroína que foi queimada viva e transformada em padroeira do seu país;
o nonagenário artista que viveu aplaudido pelos seus contemporâneos, fazendo o
país cantar seus inúmeros sucessos, sendo lembrado num troféu de sucesso
nacional, depois da sua passagem; e a carreira profissional desse jovem
Defensor Público, não por ser seu pai, mas, como observador político do nosso
país, posso afirmar, fazendo uma análise da vida de todos os citados,
verdadeiramente, eles não tiveram sorte nem jogaram com a vida, foram
obstinados, corajosos, e nunca foram incautos, aproveitaram o seu tempo e as
oportunidades que surgiram, se destacando junto a sociedade que escolheu, cada
um com o seu julgo, balizados pelos seus méritos da luta sempre empreendida na
busca dos seus objetivos.
No caso específico do
Genival Junior, somente eu, a mãe dele, Maria Luíza do Amparo, e sua irmã,
Isabel Cristina, nós, sabemos dos seus méritos e o quanto ele é merecedor das
suas vitorias e honrarias, aproveitamos para dizer do quanto nos sentimos
honrados com as suas qualidades de filho e irmão, sabemos também que a luta
continua, por enquanto descanse em paz, você merece um descanso prolongado, é o
que desejamos.
*Escritor
e Poeta
A Sorte e a Mágica não passam da Capacitação e Oportunidade Juntas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/02/2014 10:26:00 PM
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