O MENINO DA VILA DO ARCO
Teófilo Júnior |
Teófilo Júnior*
Estava viajando
quando recebi a notícia de que o amigo Gilberto Lucena havia sido internado na
UTI do hospital de Pombal com problema de saúde. Apesar do choque, nutri dentro
de mim a esperança que o “menino da vila do arco” saísse dessa sem maiores
problemas.
Na manhã de hoje
soube de seu falecimento. O velho amigo partira antes do combinado deixando em
todos os seus amigos uma enorme lacuna e
um remanso de saudades.
Betinho é uma dessas pessoas que não morrem, se encantam. Um homem culto
por natureza. Tive com ele momentos memoráveis de admiração, brincadeira e
respeito. A sua inteligência o fazia um homem do povo. Era comum encontrá-lo no
centro da cidade em longas conversas com populares de todas as classes sociais
e de todos os credos.
No auge de nossa
juventude, participamos com ele e outros amigos de intermináveis saraus
poéticos e até musicais nas madrugadas da velha praça centenária de Pombal-PB.
Ao seu lado, realizamos inúmeros eventos culturais durante a XX Semana
Universitária de Pombal e a ele sempre recorríamos quando o assunto era
literatura, cinema, música e tudo mais que envolvesse o mundo artístico e
cultural.
Gilberto Lucena (Betinho) |
O titulo de Doutor
pela Universidade Federal da Paraíba não foi suficiente para fazer-lhe alterar
o sua rota de simplicidade. De short, camiseta e chinelo de dedos ele estava
sempre ali ao nosso alcance. Mas, agora ele resolveu partir.
Acredito que a
nossa existência apenas coincide com a vida até quando a matéria para de
funcionar. A vida, entretanto, pode continuar depois da existência. Ela se
mantém na forma das memórias represadas no coração e nas mentes daqueles que
ficam.
A morte verdadeira,
definitiva, inevitável, somente vem muito depois do fim da existência. Ela
somente aparece quando a última pessoa que se lembra, esquece-se daquele que se
foi. Nesse ponto, finalmente a morte encontra o fim da vida. De certo, estamos
condenados a viver somente uma vida, mas certamente continuaremos em pé,
pulsante, presente e eternizado na existência que construímos na lembrança de
cada um de nós.
Caro amigo, avante!
Vamos enfrentar o vento desse moinho do tempo alimentando a sua história.
*Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela
Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Direito Processual Civil pela
Universidade Federal de Campina Grande. Especialista em Prática Judiciária pela
Universidade Estadual da Paraíba e Escola Superior da Magistratura da Paraíba e
Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça da Paraíba com lotação na Comarca de
Pombal-PB
O MENINO DA VILA DO ARCO
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/07/2015 11:53:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário