Um caso de difícil solução
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Já
disse um dia uma ex-ministra do governo Dilma: quando a coisa está feia relaxe
e procure entrar em transe, claro que a afirmativa não foi bem com essas
palavras, tudo é questão de interpretação, mas o sentido é o mesmo. O nosso
país tem convivido com uma tragédia de constante, incessante crescimento e
espessa expansão, composta de veleidades calamitosas e incongruentes ideias
manifestadas pelos nossos gestores de limitada coerência.
Não
bastasse a crise moral, econômica e
política, agora temos um quadro de uma
dramaticidade empírica, pois, seus “artistas” são de longe os grandes protagonistas
de profundas mudanças no jogo das cadeiras, sempre se justificando pela
permanência no poder e dele se espraiando entre as frestas dos organogramas com
uso dos seus tentáculos polivalentes e de uma gula incomensurável,
manifestações dos olhos gordos dos insaciáveis. Vendo a safra chegar ao seu
final, antes do tempo, com colheitas incertas para o futuro, descaminhos
deslumbrando-se como forma de cascatas de cachoeiras caindo sobre um poço raso
e de pedras pontiagudas, não é de bom arbítrio esperar por uma enxurrada
tornando as águas mais volumosas e céleres em direção ao desfiladeiro, nesse
caso a queda seria fatal.
A
prudência diz que é melhor descer do barco, tentar chegar à margem, mesmo com
risco da adversidade do tempo aliado a distancia e o cansaço, que seguir em
barco desgovernado e sem piloto, com um desenho futurológico de um desfecho de
final trágico, ou seja, uma tragédia longamente anunciada. Seria um erro
crasso, para quem em tantas outras oportunidades já saltarem de outros botes em
águas menos perigosas, continuar sem perspectiva nenhuma apenas pelo bel prazer
de continuar puder, sem poderes, e oprimidos pelo próprio sistema a lhe exigir
coerência na prática dos malfeitos, um termo carinhosamente usado pelos
delituosos na consumação dos delitos, nada novo, apenas práticas dos novos
tempos.
Esse
partido de patranhas desmedidas tem nome e CPF, com invejável controle dos
poderes constituídos, detém a vice-presidência da República, a Câmara Federal é
presidida por um dos seus membros e o Senado Federal em conjunto com o
Congresso Nacional são também presidido por outro dos seus membros mais
operosos. Muito embora seja o principal aliado político nessa estranha montagem
de governabilidade, portanto, participante da base aliada de apoio ao governo,
sente-se a vontade para sair do acordo político e ainda, propagar suas ideias
de verdades ilibadas, mesmo estando o governo, seu aliado, mergulhado em um mar
de mentiras, origem de todo esse desgoverno que cai sobre nossas cabeças, numa
situação bastante desconfortável para nós que não apostamos nada nessa
conjuntura de caráter demoníaco. Por essa razão, tenho um sentimento de extrema
sinistrose para com o futuro do meu país, sinto que ele esteja fadado ao descompasso
e descaminho por um longo período.
Caso
o sistema de governo atual não suporte o clamor das ruas e por razões outras
que não seja a sua própria vontade, mesmo que vindo dela, o futuro fica tão
incerto como incerto é o atual quadro de negritude absoluta. Quando existe a
queda de um governo, espera-se que a oposição assuma uma postula de governança
e com o apoio popular, e dos poderes que uma Nação é envolvida, haja uma trégua
entre as forças e prevaleça o consenso e tudo seja feito pela governabilidade
do país. Entretanto, o que há no Brasil é uma situação descaracterizada pelos
absurdos cometidos na gestão de muitos desajustes, uma oposição fragilizada,
com os mesmos princípios dogmáticos, sem oferecer nenhuma alternativa viável e
que possa trazer um mínimo do novo, e nesse bojo, trazendo um pouco da
esperança que o povo ainda tem nas nossas lideranças que fraquejam diante do
impasse criado pela absoluta falta de confiança na classe política.
Somos,
portanto, todos reféns, ilhados e sem equipamentos de navegação, a mercê de um
tempo bom, e que venha ao nosso socorro um navio de alta cabotagem, e
confiável, que nos tire da terra em chamas e nos coloque em outra margem, porém
do mesmo país, ainda não atingido pelas labaredas da insurreição esquerdista,
tão maligna quanto sórdida, que temos convividos nos últimos anos.*Escritor e Poeta genival_dantas@hotmail.com www.genivaldantas.com
Um caso de difícil solução
Reviewed by Clemildo Brunet
on
9/07/2015 05:09:00 AM
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