Jornalismo malandro
João Costa |
João
Costa*
Para sua consideração – Muitos chamam de
expertise da profissão, qualquer profissão, outros; de pura malandragem ou
“sabidos demais”, profissionais que se destacam dos demais, no jornalismo, por
exemplo. Vejamos o dueto travado há décadas pela mídia nativa e que agoniza
depois da promulgação, com vetos da presidenta Dilma Vana, da Lei 13.188 que
dispõe sobre o direito de resposta ou retificação do ofendido em matéria
divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social.
O projeto foi de iniciativa do senador
Roberto Requião, e
A coisa funcionava mais ou menos assim:
“investigação aponta que Romário tem milhões de dólares em banco da Suíça”,
“Lulinha fez isso ou Lulinha fez Aquilo”, “Delator confirma depósitos na conta
de amigo de Lula” e assim, “sucessivamente sem sessar”, se alimentava o jornalismo
de declaração, travestido de jornalismo investigativo na mídia nativa.
Dá-se o nome de Jornalismo
Investigativo, à prática de reportagem especializada em desvendar mistérios e
fatos ocultos do conhecimento público. Bacana, mesmo. Mas há jornalismo investigativo
e jornalismo press release travestido de investigativo, o que é mais comum e festejado da mídia nativa.
Aprovada a Lei Requião o que se viu na semana que passou foi uma enxurrada de
“erramos”; especialmente em O Globo", da famíglia Marinho e na Veja, do
capo Giancarlo Civita, pedidos de desculpas e etc., por parte dos famosos
jornalistas investigativos que estão “passando o país a limpo”.
E como ainda funciona, esse jornalismo
de esgoto, mas embalados como investigativo na mídia nativa? Antes do ponto
parágrafo, aviso aos navegantes: certos repórteres investigativos são irmãos
siameses de repórteres de polícia, que “comem na mão do delegado”. O tal
jornalismo de declaração, “se o delegado disse... Então é verdade”. Já vi isso
de perto na redação e a engrenagem azeitada roda assim:
Vejamos um caso hipotético: o tal
repórter investigativo, geralmente aquele com boas relações públicas, fica
sentado na redação ou no restaurante badalado (tem um aqui em João Pessoa) e
recebe do procurador federal, do delegado ou emissário da fonte interessada na
matéria, a encomenda contendo fitas de
áudio e vídeos, inclusive páginas e páginas de depoimento do delator. O
trabalho a fazer, é transcrever os tópicos já grifados, e dar uma embalagem de
texto jornalístico. Fácil como tomar pirulito de pirralho. Aí, sapeca na
primeira página, pois tal material geralmente vai para a primeira página e na
dobra de cima com foto – se possível – em título no corpo 72.
Bem, até aí o furo foi dado, o repórter
a seguir finge humildade diante dos colegas, ou um ar misterioso; o dever
profissional foi cumprido, a “verdade” revelada e não há risco algum de
processo ou direito de resposta, porque “o material revelado faz parte das
investigações, ou o procurador disse, ou o delator revelou de fato ao delegado
que por sua vez vazou os dados, como um “triângulo das bermudas” da informação,
geralmente em nome causa; hoje diz-se, em nome do projeto”.
Detalhe: procurador nenhum é imbecil em
ser apontado como inquiridor amador, autor de inquérito mal feito. Nem tudo que
o delator disse, entra na peça final do inquérito. Ou seja: nem tudo o que foi
dito pelo delator e vazado para o repórter, está escrito no inquérito final,
apenas fez parte do arrazoado colhido pelo delegado ou pelo procurador. Mas o
objetivo foi alcançado: destruir a reputação de alguém tornado inimigo público
número um.
Mas o bom mesmo, é que qualquer
procurador pode individualmente oferecer uma denúncia, já que a investigação
não será feita por ele, o delator premiado salva parte do que roubou, o
repórter investigativo ganha mais fama, o jornal vende(vendia), e a verdade
daquilo que antes era mistério, vira arma de destruição de reputação. Ponto
parágrafo.
*João Costa é
radialista, jornalista e diretor de teatro, além de estudioso de assuntos
ligados à Geopolítica. Atualmente, é repórter de Política do Paraíba.com.br
Jornalismo malandro
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/17/2015 09:50:00 AM
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