Papel do indivíduo na história
Rinaldo Barros |
Rinaldo
Barros*
O rumo desta última conversa de 2015
tem, propositalmente, segundas intenções: provocar você para que se pergunte o
que está fazendo de sua vida, em sua passagem por este planeta.
O sociólogo estadunidense Immanuel
Wallerstein acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais
sobreviver como sistema. Cá no meu canto, ainda meio instintivamente, assino
embaixo.
Todavia, em que pese o fato de que o
capitalismo não tem sido capaz de resolver nenhuma grande questão social, nas
atuais circunstâncias e
Ou seja, o que surgirá em seu lugar
poderá ser melhor (mais justo e democrático) ou pior (mais autoritário e
explorador) do que temos hoje em dia.
É prudente destacar que o capitalismo é
passível de se transmudar em novos e inusitados padrões de acumulação, a
depender da formação social analisada. É importante ressaltar também que, desde
o final do século XX, o sistema financeiro solapou completamente o processo de
produção e a tecnologia transformou o capitalismo quanto à sua forma exterior.
Aqui no patropi, por exemplo, enquanto a
economia vai crescendo, a desigualdade social crescente põe tudo a perder.
Temos, a cada ano, mais milionários e mais miseráveis.
Em meio a essa complexidade, uma coisa a
vida me ensinou: ao contrário do que pensava o velho Karl Marx, o sistema não
sucumbirá num ato heróico de alguma liderança operária, numa insurreição
armada; mas desabará sobre suas próprias contradições.
Provavelmente, a morte do capitalismo
será fruto da ganância desenfreada de suas elites (1% da população), com a
conseqüente e provável deterioração da qualidade de vida da grande maioria (99%
da população). Essa agonia ainda vai demorar uns 30 ou 40 anos.
O sistema reproduz uma concentração cada
vez maior de riquezas paralelamente ao crescimento da miséria, do desemprego
estrutural, da criminalidade e do consumo de drogas.
A União Europeia está em séria e
duradoura crise econômico-financeira. A Espanha tem vinte por cento de sua
força de trabalho desempregada. A Grécia, Portugal e Itália estão adotando
regimes forçados de contenção de despesas, cortando salários e penalizando os
aposentados; para não falar na crescente intolerância aos migrantes e às
minorias. No Oriente Médio, a guerra está dizimando populações.
Para Wallerstein, vivemos o momento
preciso em que as ações coletivas, e mesmo individuais, podem causar impactos
decisivos sobre o destino comum da humanidade.
Concordo plenamente com Wallerstein,
quando ele afirma: “Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande
desabamento de um sistema. Estamos num momento de transição. Na verdade, na
luta política que acontece hoje no mundo não está mais em questão se o
capitalismo sobreviverá ou não, mas já se discute o que irá sucedê-lo”.
A verdade é que estamos vivenciando uma
espécie de Era da Incerteza sem volta, um período no qual quase tudo é
relativamente imprevisível no curto prazo - e as pessoas não podem conviver com
o imprevisível no curto prazo. Podemos nos ajustar ao imprevisível no longo
prazo, mas não com a incerteza sobre o que vai acontecer no ano seguinte.
Os empresários não sabem o que fazer, e
é basicamente isso o que estamos vendo na economia brasileira, nos dias atuais.
Ninguém está encorajado para investir,
já que ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta.
Quem não tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe;
e não investir torna a situação cada vez pior. Peço um pouco mais de atenção, a
partir de agora.
Quando o sistema está relativamente
estável, é relativamente determinista, com pouco espaço para o livre-arbítrio.
Mas, quando está instável, passando por uma crise estrutural, tal como agora, o
livre-arbítrio torna-se importante. Você pode fazer a diferença!
É fundamental o papel do indivíduo na
história. No atual momento histórico, as ações de cada um de nós realmente
importam, de uma maneira tal como não se viu nos últimos 500 anos. Nossa
atitude política pode realmente fazer a diferença, para definir que tipo de
futuro estamos construindo, no aqui e agora.
Encerro com um pedido: reflita bastante
quando for exercer o seu livre arbítrio agora em 2016, quando for escolher os
novos governantes municipais.
Você pode estar fazendo a escolha entre
a civilização ou a barbárie.
*Rinaldo Barros é professor –
rb@opinaopolitica.com
Papel do indivíduo na história
Reviewed by Clemildo Brunet
on
12/30/2015 09:13:00 AM
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