Cabo Branco: diversa e extremamente bela!

Onaldo Queiroga

Onaldo Queiroga*

Seja dia ou noite, a calçada da praia do Cabo Branco nos revela encantos e figuras das mais diversas, algumas intrigantes.

No alvorecer de mais um dia, sob o barulho das ondas do mar, o bate-papo com amigos, o vento que assanha os coqueirais e o calor do sol que nasce primeiro no ponto mais oriental das Américas, inúmeras pessoas chegam para o exercício vespertino. Algumas seguem sobre a calçada, outras pelas areias e

pelo leito do asfalto. Umas realizam o cooper, outras pedalam, andam de patins e skate.

Apesar dos adeptos do mundo saudável, encontramos várias cenas preocupantes, sendo muitas delas estranhas. Jovens advindos da boemia, alcoolizados, colocam em risco a própria saúde e a paz social. Uns Insistem em sair embriagados dirigindo veículos. Por ali, também encontramos usuários de crack, verdadeiros zumbis que perambulam durante a noite, amanhecendo uns, ainda, alterados e outros, sonolentos, postam-se largados sobre as areias daquela bela praia.

Há algumas figuras estranhas. Quem não já presenciou caminhantes realizando cooper na companhia de um grande rádio, a todo volume, bem coladinho ao ouvido, embora, na seara dos eletroeletrônicos, já existirem ipods ou congêneres, que possibilitam a caminhada e audição não só de programas de rádio, mas de canções previamente selecionadas. É de se destacar a solidariedade e o grande e o gesto humano de Helena Holanda, que, com o apoio de entes governamentais, leva ações esportivas, de lazer e culturais para deficientes e com mobilidade reduzida.

Há uma figura estranha que tem atraído muita atenção. Nas imediações da Fundação Casa de José Américo, fica uma senhora, que, ao amanhecer, instala-se sob a sombra de uma árvore, situada nas areias da praia. Com utensílios para passar o dia, ela se acomoda. Com a Bíblia à mão, começa a pregar, como se existisse em sua frente um considerável número de pessoas. Faça sol ou chuva, ela sai do altar abaixo da árvore e caminha com a Bíblia pelas areias do Cabo Branco. O sol da tarde, lentamente, cede espaço para o crepúsculo, e a noite chega sinalizando à senhora que é hora de ir embora. A praia do Cabo Branco é assim, diversa e extremamente bela!

*Escritor pombalense e Juiz de Direito

 onaldorqueiroga@gmail.com