FOGUEIRA ACESA
Severino Coelho Viana |
Por
Severino Coelho Viana*
No nosso tempo de adolescente quando
chegava o período junino havia um fato recorrente na nossa cabeça e vinham as
imagens humanas de Dona Inês e Seu Inácio, os famosos fogueteiros da cidade de
Pombal. Lembrávamo-nos dos estrondos e faíscas luminosas flutuantes: traques,
bombinhas, chuvinhas, rojão, bomba, foguetão etc. o cenário era iluminado por
uma grande fogueira de lenha acessa de frente ao casario, esperando o jantar
regado à pamonha, canjica, cuscuz com leite e
Hoje, na nossa idade de maturidade,
relembrando o passado e fazendo uma releitura da história, o nosso significado
juvenil cai por terra, aguardando as recordações na caixa de memórias, mas
vivemos o nosso tempo de ilusão. A fogueira da adolescência deixou somente as cinzas
espalhada nos nosso tempo de saudade.
Historicamente, a fogueira tinha e tem
diversos objetivos, tais como: promover aquecimento, cozer alimentos, manter
animais selvagens afastados, práticas de rituais religiosos, ritos pagãos,
festas e divertimento.
O nordestino com seus costumes e o
sentido de caráter religioso mostram que acender a fogueira no São João é uma
tradição! Mas onde surgiu esse hábito? O que ele significa? Bem, as fogueiras
juninas são de origem europeia e fazem parte da antiga tradição pagã de
celebrar o solstício de verão. A fogueira do dia de “Midsummer” (24 de junho)
tornou-se, pouco a pouco, na Idade Média, um atributo da festa de São João
Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia.
Ainda, hoje, a fogueira de São João é o
traço comum que une todas as festas de São João europeias (da Estônia a
Portugal, da Finlândia à França). Estas celebrações estão ligadas às fogueiras
da Páscoa e às fogueiras de Natal.
Antes da evangelização da Europa, na
Idade Média, as fogueiras eram utilizadas em rituais pagãos, que celebravam a
chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte. Como uma maneira de dar novo
significado às práticas pré-cristãs, a exemplo dos cultos solares e lunares
relacionados à vida agrícola, o dia 24 de junho foi incorporado ao calendário
cristão, como comemoração ao nascimento de São João Batista.
Naquele continente, a diferença entre as
estações é bem marcada por um contraponto: o solstício de verão – dia com maior
duração da luminosidade do sol (21 de junho) –, e seis meses depois, o
solstício de inverno – dia menos beneficiado pela luz solar (21 de dezembro).
Entre os mais importantes cultos solares, registrava-se por toda a Europa a
queima noturna de fogueiras no solstício de verão, para festejar a vitória da
luz e do calor sobre a escuridão e o frio. A Igreja Católica adotou esses
marcos cósmicos, atribuindo aos primos João e Jesus dois momentos de honra para
seus nascimentos: o primeiro, perto do solstício de verão; o segundo, perto do
solstício de inverno, segundo as explicações de estudiosos no assunto.
Uma lenda católica conta que o antigo
costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um
acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento
de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de
acender uma fogueira sobre um monte, a fumaça subia aos ares e Maria
compreenderia a mensagem de nascimento do rebento de Isabel.
"A fogueira tá queimando em
homenagem a São João...", cantou Luiz Gonzaga. De acordo com a tradição
católica, a fogueira queimou, nas montanhas da Judeia, para anunciar o
nascimento de João, no dia 24 de junho. Foi a forma que sua mãe Isabel
encontrou para comunicar a chegada do filho a Maria, sua prima, que também
estava grávida de seis meses e depois daria luz a Jesus.
Como Maria, Isabel também engravidou
contra todas as probabilidades. Não era virgem, mas dizia-se que estava estéril
e tinha idade avançada quando concebeu o último filho. Ele se tornou um
pregador e ficou conhecido por batizar os gentios nas águas do Rio Jordão. E
acabou ganhando a fama universal de `Batista´, justamente, porque realizou um
feito capaz de fazer inveja a qualquer outro santo: abençoou o próprio
Jesus", aclamado o filho de Deus.
Antes da evangelização da Europa, na
Idade Média, as fogueiras eram utilizadas em rituais pagãos, que celebravam a
chegada do solstício de verão no Hemisfério Norte. Como uma maneira de dar novo
significado às práticas pré-cristãs, a exemplo dos cultos solares e lunares relacionados
à vida agrícola, o dia 24 de junho foi incorporado ao calendário cristão, como
comemoração ao nascimento de São João Batista.
Naquele continente, a diferença entre as
estações é bem marcada por um contraponto: o solstício de verão – dia com maior
duração da luminosidade do sol (21 de junho) –, e seis meses depois, o
solstício de inverno – dia menos beneficiado pela luz solar (21 de dezembro).
A fogueira tá queimando em homenagem a
São João...", cantou Luiz Gonzaga. De acordo com a tradição católica, a
fogueira queimou, nas montanhas da Judeia, para anunciar o nascimento de João,
no dia 24 de junho. Foi a forma que sua mãe Isabel encontrou para comunicar a
chegada do filho à Maria, sua prima, que também estava grávida e seis meses
depois daria luz a Jesus.
Já foi utilizada como método de
aplicação de pena de morte. Durante os dois últimos séculos da idade média e os
dois primeiros da idade moderna, tornou-se comum a aplicação de pena de morte
na fogueira por crimes como heresia e bruxaria, primeiro pela Igreja Católica;
depois, largamente, pelas igrejas protestantes.
As nossas raízes falam ao nosso coração
e não podemos esconder. O viva São João é cara do nordestino.
A figura do homem interiorano, com seus
traços, suas roupas e seus trejeitos, assume lugar central na festa de São
João, vezes estereotipada pelo olhar urbano, seguindo uma tradição que vem
desde o Jeca Tatu de Monteiro Lobato, esboçada no livro Urupês (1918) e
consolidada na propaganda do Biotônico Fontoura. Outros personagens reforçariam
essa imagem, como o Jeca Tatu dos filmes de Mazzaropi e o Chico Bento, criado
em 1961 e publicado em histórias em quadrinhos de Mauricio de Souza.
Dotado de traços positivos como a
ingenuidade e o bom coração, o homem do interior é considerado “mais puro” que
o da capital. Ele representa a nostalgia e a idealização do passado dos
migrantes que hoje vivem nas cidades. A homenagem não chega a alterar sua
posição na estrutura social: depois da festa, ninguém deseja assumir aquela
caricatura. O matuto é apenas o “bufão” da cidade.
E viva São João!
João
Pessoa - PB, 13 de junho de 2016.
*Escritor
pombalense e Promotor de Justiça em João Pessoa PB.
scoelho@globo.com
FOGUEIRA ACESA
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/13/2016 10:36:00 AM
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