O ARRUBACÃO NAS “OITICICAS DE ANA” NA “OUTRA BANDA”
Jerdivan Nóbrega de Araújo |
Jerdivan
Nóbrega de Araújo*
A oiticica é uma planta da família
Chrysobalanaceae, endêmica na caatinga e na vegetação típica da faixa de
transição entre o sertão semi-árido do Nordeste. É encontrado nos Estados do
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. Tem grande importância, quer pelo
aspecto ambiental de ser uma espécie arbórea perene sempre verde que preserva
as margens dos rios e riachos temporários na região da caatinga, quer como
espécie produtora de óleo. Durante todo o ano, inclusive nos períodos de seca,
comuns às regiões de ocorrência natural dessa planta, mantém-se verde e fornece
sombra ao homem e
Na
“Outra Banda”, tínhamos diversas oiticiqueiras espalhadas por todo o sítio. Na
época da preparação das terras para o plantio era à sombra das oiticicas que os
trabalhadores faziam o seu “rancho”. Nada era mais gostoso do que tomar um copo
d' água tirada de um pote de barro que esfriou embaixo de um pé de oiticica.
A
sombra de uma oiticiqueira nos traz uma preguiça, uma vontade de se deitar de
papo pro ar e de nunca mais sair dali.
Você olha para cima e não vê o a luz do sol de tão espeça são as folhagens
daquela árvore.
As
“oiticicas de Ana”, por um capricho da natureza, nasceram e cresceram a uma
distância de pouco mais de vinte metros entre elas, de forma que ao se encontrarem na copa fundiram-se
como se fora uma única árvore,
que proporcionando mais de trezentos metros quadrados de boa sombra.
Embaixo
das árvores chegava a ser escuro já que as copas desciam por todos os lados até
próximo ao nível do chão. Mesmo em chuva torrencial era possível se abrigar sem
receber um único pingo d' água no corpo.
Sombra,
muita água fresca e corrente, bem localizada as margens do rio e distante da perturbação
da cidade, foram às prerrogativas que transformaram as oiticicas de Ana no
balneário da cidade de Pombal.
Eram
panelas e mais panelas de arrubacão e muita cachaça consumida ao som dos
violões que ecoavam por todos os recantos da velha e aconchegante oiticica.
Mesmo cometendo injustiça é oportuno lembrar alguns frequentadores em diversas gerações, que fizeram da
“Oiticica de Ana” o seu ponto de lazer: Pedoca de Deca, Aércio Pereira, Arnaldo
Ugulino, Bebé de Antônio Gomes, Curinha, Biró, Carlos Cesar, os irmãos Zeilton e Otacilio Trajano, Manoelzinho de
Deca, Amauri, Admilson, Paulo Queiroz, Mastonho, Gariba, Verneck, Ridney, Beca,
Gandhy, Gariba, Kleber Bandeira, Chico
de Maurita, Condida, Ademir Queiroga, Wellington, Beto Bandeira, Geraldo Águia,
Genário de Dora, José Tavares João Neto, João Maria de Cabina, Lairton, Pacote,
Leómarques, Luizinho Barbosa e também eu. Era um clube do Bolinha.
Ao final da tarde os farristas cambaleantes
passavam de volta as suas residências, trazendo nas mãos as panelas vazias e os
violões que alegraram o domingo de lazer.
Os jovens que povoaram aquela “bêra de rio” hoje
são avós ou já se foram, deixando para trás o cheiro do arrubacão e o som dos
violões que insiste em ecoar nos ouvidos dos saudosistas, que não abrem mão de
relembrar tão boas farras vividas nas sombras das “oiticica de Ana”.
O ARRUBACÃO NAS “OITICICAS DE ANA” NA “OUTRA BANDA”
Reviewed by Clemildo Brunet
on
6/03/2016 11:55:00 AM
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