NOS ANOS 60
POMBAL SE COMUNICAVA ATRAVÉS DAS DIFUSORAS.
Jerdivan nobrega de araujo.
No inicio dos anos sessenta, A Rádio Difusora Maringá, na voz de seu Raimundo Sacristão, convidava o pombalense à participar dos bingos nos sábados á noite no Imperador das Novidades , de propriedade do Senhor Zuza Nicárcio.Eram os reclames das lojas comerciais que iam se alternando entre uma e outra música, sempre disputando a atenção dos pombalenses que passavam horas nas esquinas, escutando um som de primeira qualidade e apreciando a boa música, que era transmitida aos quatro ventos de Pombal, através das suas difusoras, colocadas sempre nos lugares mais altos e movimentados da cidade, tais como a Coluna da Hora e o frontopício do açougue.Às vezes a música era interrompida por um anuncio de "convite enterro" em outras para comunicar à cidade o nascimento de mais um filho de Pombal que, com a ajuda providencial de Maria José ou Maloura, acabara de vir alegrar mais uma família pombalense. Eram os dois lados de uma mesma moeda se alternando e se renovando através da radiofonia pombalense.As músicas apaixonadas oferecidas por enamorados, ou a simples lembranças de um aniversário, era o suficiente para que os comentários se espalhassem pela cidade.—Não esqueça da hora certa e da corrida do bicho. Lembrou Doutor cambista.Pois sim, como esquecer?Além do proprietário, a locução da " Rádio difusora Maringá" era confiada a Zeilton Trajano e ao garoto Clemildo Brunet que já começava a demonstrar a sua vocação para a radiofonia.Hoje os tempos são outros. A festa de Nossa Senhora do Bonsucesso, que era realizada sempre nos mês de setembro, ali ao lado da Matriz dedicada a padroeira da cidade, não existe mais, foi completamente suplantada pela Festa do Rosário. A Rádio Difusora que nascera quase que apenas para animá-la, também já deixou de existir. Em substituição, foi criado o serviço de alto falantes "A voz da Cidade " que tem aproveitado a onda da Jovem guarda para ganhar audiência través dos seus programas.A "A voz da Cidade" é uma pequena rádio comunitária, acoplado a um transmissor de ondas curtas, operando na freqüência de 3.722 Klsc, faixa de 45 metros, o que chega a cobrir uma distancia considerável. Não há pesquisas de opinião, mas pode-se dizer que a "pequena emissora" está ganhando na disputa pela audiência com a potente rádio Alto Piranhas de Cajazeiras.A discoteca, por exemplo, deixa a sua rival das terras do Padre Rolim, morrendo de inveja. A sua atualização é feita quase que simultaneamente com as melhores emissoras de Campina Grande, de forma que o último longplay de Ângela Maria já pode ser ouvido na "A voz da cidade", enquanto que a " alto Piranhas" ainda continua mostrando o seu disco anterior, como sendo novidade.A cada trinta minutos, como querendo esnobar com os relógios parados da coluna da hora, "A voz da Cidade" anuncia à hora certa. Às dezoito horas, a cidade silencia para ouvir " A Hora do Ângelus" ao som de a "Ave Maria" de Schuber.Os programas que mais têm marcado a emissora são: Brotolândia, tocando músicas da Jovem guarda e é apresentado pelo seu proprietário, o jovem Clemildo Brunet; "Varandão da Casa Grande", no final da tarde, que tem a frente Genival Severo; "A Pombal Boa Noite", apresentado por José Geraldo e Zé Hilton Trajano e, encerrando a programação, Noite da Saudade onde Eurico Donato faz uma retrospectiva das mais belas obras do cancioneiro popular.Nos lares mais pobres, rádios ABC Canarinhos colocados dentro ou encima das cristaleiras ou petisqueiras, são tratados como peças raras, assim com os demais biscuis. Sempre "vestidos" com trabalhadas capas brancas, onde na parte frontal pode-se ver um canário amarelo com o bico aberto de onde saem acordes que acabam por formar a palavra Radio, de forma a não deixar duvidas que ali estar um dos utensílios doméstico mais importante daquele lar.É através de "A voz da Cidade" que Pombal se comunica e os matutos ficam sabendo dos queimas das Lojas Paulistas, Casas Bandeiras, Lojas Primavera e na Camisaria de Tiquinho, Loja dos Pobres, além de outras novidades que vão chegando à cidade no decorrer destes anos sessenta que, é preciso que se diga, têm sido uma década bastante agitada e muita rica do ponto de vista cultural.
NOS ANOS 60
Reviewed by Unknown
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6/11/2007 10:07:00 AM
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