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POMBAL EM: A TAÇA DO MUNDO É NOSSA! *

Jerdivan N. Araújo "Noventa milhões de brasileiros em ação, salve a seleção!" Os poucos carros que existiam na cidade, em sua maioria Jipes e fuscas, desfilavam pelas ruas de Pombal exibindo em seus pára-brisas adesivos de propagandas do governo Médici do tipo: Brasil: Ame-o ou deixe-o; Este é um país que vai prá frente! Ou, simples bandeirolas de fitas na cores verdes e amarelas. Na prefeitura e no Grupo Escolar João da Mata a Bandeira do Brasil era levada ao mastro todos os dias. Subia a bandeira ao som desafinado do Hino Nacional entoado pelos alunos daquele estabelecimento de ensino. Na banca de revistas do Escurinho a novidade era o álbum da Jovem Guarda que acabara de chegar. As figurinhas de artistas como: Antônio Marcos, Roberto e Erasmo, Wanderléia, Os incríveis e outros astros do movimento de vanguarda, passavam de mão em mão, disputadas no "bafo" ali mesmo na calçada do armarinho de Pio Caetano ou Antônio de Cota. As figuras premiadas eram trocadas por pôsteres dos ídolos da juventude que eram vendidas para suspirantes e sonhadoras adolescentes que pagavam caro até mesmo por um exemplar da "Revista da TV", mesmo sendo a televisão uma raridade por estas bandas, que sempre trazia as últimas novidades do mundo artístico. O conjunto "Os Águias", fazia a matinê de domingo à tarde no Pombal Ideal Clube. O Cine Luz anunciava “Dio Como Te Amo" e o Lord Amplificador tocava o ultimo LP de Nelson Gonçalves enquanto que em alguma outra parte do Brasil uma mãe chorava, em silêncio, o filho que não voltará pra casa. Era esse o clima em que vivia Pombal quando a seleção brasileira de futebol, desacreditada pela critica especializada, saiu do Brasil. Na véspera da viagem o Presidente Médici demitiu o técnico João Saldanha que se recusara a convocar o Dário Pereira, peça chave da propaganda militar. Em substituição a João Saldanha, foi indicado o assistente Técnico Zagallo que já pegou a equipe pronta. Em Guadalajara, na medida em que o "excrete canarinho" ia deixando seus adversários para trás, também ia ganhando a confiança do povo brasileiro, de forma que das oitavas de final para frente, não havia mais dúvidas que, independente da incompetência do técnico, tínhamos jogadores talentosos que, mesmo jogando sem orientação tática, eram providos de perícia suficiente para trazer o tricampeonato para o sofrido povo brasileiro. Nas tardes de jogos a cidade se transformava em um deserto, e até o Barraco Padre Cícero de Zé de Lau fechava mais cedo. Não se via viva alma nas ruas. Mal terminava o jogo e o cenário voltava ao que era antes, exceto pelos carros que passavam buzinando, e os foguetões que rasgavam o céu de Pombal, dando conta de que a seleção canarinho havia passado por mais um adversário. Os bares se enchiam e o assunto não era outro. Quem assistiu ao jogo pela televisão esnobava dos que não tiveram tal privilégio. Eram jogos sofridos, com adversários difíceis que chegavam até a abrir o marcador, deixando nossa equipe na difícil situação de ter que reagir, para não perder a peleja. Foi numa dessas partidas que, Seu Antônio do Ó, não agüentando a pressão exercida pelo adversário sobre nossa equipe, sapecou o seu velho rádio de pilha contra a parede, espatifando-o em vários pedaços. Vicente Farias se desdobrou o botou pra funcionar no dia seguinte.! No final tudo dava certo. O chute forte de Rivelino, a correria sem rumo de Jairzinho, a frieza de Tostão e o inigualável futebol de Pelé, em seus dribles desconcertantes que, segundo um Jornalista Alemão "parecia passar por dentro dos adversários como se fossem todos ali fantasmas e somente ele real" deixou o adversário extasiado levando o excrete brasileiro para a grande final contra os "comedores de pizza" do primeiro mundo. A final da Copa de 1970 foi vista nas poucas televisões já instaladas na cidade e ouvida pelos muitos rádios ABC Canarinho que foram vendidos de forma facilitada pelas Lojas Paulistas e Casas Bandeiras. Pombal se vestiu de verde amarelo e comemorou junto com todo o país a grande conquista. * do Livro Sob o céu estrelado de Pombal 1997 "A união" COMENTÁRIO DE CLEMILDO! É por demais interessante este artigo do escritor pombalense Jerdivan Nóbrega de Araújo, a quem eu dou meus parabéns. Permita-me Jerdivan, acrescentar um detalhe sobre o Lord Amplificador, que talvez você tenha passado despercebido. O Lord Amplificador foi destaque em nossa cidade por ocasião da Copa do Mundo de 1970. A transmissão do evento via sinal de rádio! Na Praça do Centenário foi instalado um televisor para o público assistir a cobertura dos jogos. Pois bem, o povo via a imagem pelo monitor de TV, mas o áudio preferido era o do LORD AMPLIFICADOR, por ser mais abrangente para os ouvidos dos telespectadores.
POMBAL EM: A TAÇA DO MUNDO É NOSSA! * <strong>POMBAL EM: A TAÇA DO MUNDO É NOSSA! *</strong> Reviewed by Unknown on 5/21/2008 10:21:00 AM Rating: 5

Um comentário

Anônimo disse...

Clemildo muito boa a sua observação. Sempre que escrevo um texto recebo esse tipo de contribuição. Eu realemnte nao sabia desse detalhe. Vou acrescentar no texto. Um abraço. Lembdo, no etanto que a imagem da Tv tupi era precaria e o som simplesmente nao tinha. Zé de Lau colou por tras da TV um radio sintonizado na Radio Globo. Havia uma diferença de chegada do som.

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