FESTA DO ROSÁRIO, HISTÓRIA, ORIGEM E TRADIÇÃO!
MARIA DO BOM SUCESSO L. FERNANDES*
Contemplar as belezas do passado é reviver uma linda história.
É feliz o pombalense que recorda com saudade o seu passado.
A Igreja do Rosário de Pombal é um marco histórico do primeiro núcleo colonial do município. Representa o símbolo fundamental da nossa história cristã.
No princípio do povoamento foi construída aquela capelinha tosca, cognominada de “Casa de Oração”, onde os Franciscanos da Ordem de Santo Antônio realizavam as suas orações imprimindo em todos, sobretudo, nos silvícolas, uma conservação da fé católica.
Empregar a fé cristã foi o fundamento dos franciscanos, tornando-se a razão maior do orgulho da nossa gente e da nossa história.
A citada igrejinha foi erigida há mais de três séculos passados, isto é, em 1701. Lamentamos, porém, que ela tenha sido totalmente destruída com o passar do tempo, restando-nos apenas uma imagem retratada através do nosso grande historiador, de saudosa memória, Wilson Nóbrega Seixas, no seu livro: “O Velho Arraial de Piranhas”.
Em 1721, os colonos e os índios, nossos primeiros povoadores, construíram a bela igrejinha barroca denominada de Igreja de “Nossa Senhora do Bom Sucesso” em homenagem a Santa que atendeu ao pedido dos franciscanos para acalmar os ânimos, numa luta acirrada entre eles como citam alguns dos nossos historiadores.
Após essa construção, foi formada uma Diretoria tendo como primeiro presidente, o capitão-mor José Diniz Maciel.
Esta segunda igrejinha significa uma obra sólida e valorosa, pois seguiu com certeza, um estilo barroco dos séc.XVII, XVIII e princípios do séc. XIX, aqui no Brasil, denotando como expressão principal das suas produções artísticas, as estruturas arquitetônicas e a escultura sacra.
É exatamente este, o retrato da nossa Igrejinha do Rosário, de estilo Barroco, em que, na época construída, exibiu esculturas de madeira banhadas a ouro com um visual esplendoroso manifestando até hoje, o seu grande valor arquitetônico.
Somente em 1897, com a construção da terceira Igreja, referenciada como, Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso, Santa que sempre foi a Padroeira de Pombal, ilustrada por sua imagem no nicho central do Altar-Mor da referida igreja, foi que a outra passou a se chamar de Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Santa dos negrinhos, passando a ser administrado exclusivamente por eles que logo formaram uma Irmandade constituída de um Juiz, um Escrivão, tesoureiro, zelador e doze irmãos de mesa, seguindo até hoje, o mesmo regimento.
A nossa tão expressiva e histórica Festa de Nossa Senhora do Rosário, de Pombal, partiu do princípio do domínio dos negros.
Contam os nossos ancestrais, que era uma festa exclusivamente religiosa e que foi fundada por Manoel Antônio de Maria Cachoeira, um negro beato, que morava naquela capelinha e o seu trabalho teria constituído o patrimônio daquela Irmandade.
Alguns historiadores pombalenses dizem que, ainda hoje, existem os documentos de compromisso da Irmandade do Rosário, nos arquivos da paróquia de Pombal, deduzindo o despacho conferido pelo Bispo de Olinda-PE, D. João Fernandes Esberardi, ao preto e confrade Manoel Antônio de Maria Cachoeira, que saíra a pé de Pombal até aquela cidade com a finalidade de receber do prelado olindense, o documento de ereção canônica para a criação daquela Irmandade. O documento foi despachado em 18 de julho de 1895, registrado pela comarca Eclesiástica de Olinda e autorizado pelo mesmo bispo, ficando instituída a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.
Essa festa tinha um caráter restrito, à prática religiosa, comemorando anualmente o louvor a Virgem do Rosário, iniciado com o hasteamento da Bandeira da Santa, nove dias, antes da data proposta da festa para também professar através da novena a devoção dos fiéis.
Valendo ressaltar que, até hoje, todos os católicos participam manifestando o seu fervor a Santa de tantas promessas e tantos milagres.
Os dias principais sempre foram a sexta, o sábado e o domingo, cada um com sua simbologia, sendo que, no sábado a noite, após a missa, sai o padre acompanhado pelos fiéis em procissão com o Rosário para pernoitar na casa do Rei do Rosário, na rua do mesmo nome, e, no domingo outra procissão para colher o Rosário de volta a Igreja, onde é celebrada a missa campal, pelo bispo da Diocese de Cajazeiras, o pároco e todos os adjutores da Paróquia de “Nossa Senhora do Bom Sucesso”.
Esta Missa que chamamos de Missa do Rosário é o ponto chave da grande festa.
Muitas foram e são as manifestações tradicionais dos festeiros com participação dos grupos folclóricos e outras atrações. E assim, a festa foi se tomando um clima de alegria e de muito amor.
Com o passar do tempo, além do caráter religioso, ela tomou rumo ao social sendo animada pela Banda de música local, na época, uma das melhores da Paraíba, apresentada, todas as noites, num coreto das Quermesses preparadas pelos organizadores da festa. Este é o momento que me faz expressar assim: Tempo bom que não voltará jamais!
Outro tipo de atração, os grupos folclóricos, Pontões, Congos e o Reisado, dirigidos pelos próprios negrinhos com manifestação de danças e cantos, cultura de valor incomparável.
Os primitivos Espontões eram representados por homens, as mais das vezes, de uma família só, a exemplo de Seu Elias, considerado o Rei do Fole, homem de caráter virtuoso que preserva até hoje, as suas tradições.
Também a Igreja permitiu a participação dos parques de diversões: Rodas Gigantes, Canoas, Cavalinhos e outros mais, que pudessem alegrar, sobretudo a criançada.
Foram se manifestando pessoas que comerciavam e comerciam bebidas e tira gostos, cuja renda é útil ao sustentáculo das suas famílias. Até hoje, armam Barracas animadas por músicas o que alguns chamam de movimento profano.
Existem atualmente, outras atrações, festas dançantes, principalmente para os jovens.
E tudo foi se aconchegando com essas agregações humanas e recheios de prazeres populares se transformando numa festa de agrado total aos pombalenses e aos visitantes, a ponto de ser chamada de, festa das promessas, dos milagres, da recordação, do encontro,da alegria e da amizade.
Tudo isso, enseja-me gritar: Recordar esta festa é viver de lembranças e viver de lembranças é morrer de saudades!
*Professora e poetisa bombalense.
Para contato: cessalacerdapb@hotmail.com.
FESTA DO ROSÁRIO, HISTÓRIA, ORIGEM E TRADIÇÃO!
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6/20/2008 10:28:00 AM
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