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HOMENAGEM AO MONSENHOR ORIEL ANTÔNIO FERNANDES

Maciel Gonzaga (foto)
MACIEL GONZAGA* Quando Karl Marx afirmou que “a religião é o ópio do povo” é preciso
que se entenda o contexto de sua afirmação. Primeiro, Marx não diz que a religião é o narcótico, o entorpecente do povo, mas, sim, que é o ópio – um narcótico específico. Caracterizar a religião como uma droga que anestesia a dor, por mais chocante que seja para muitos, hoje, foi ainda mais radical em sua época. E, no entanto, mais do que condenando a religião em si, Marx na verdade estava criticando a condição de uma sociedade que levaria as pessoas a um entorpecimento. De qualquer modo, a partir daí, não paramos de ouvir as críticas aos comunistas sem Deus, implicando que o pensamento marxista não tem valores nem moralidade. Torna-se incontestável que o tema da educação religiosa está profundamente ligado à família. A formação religiosa deve começar e se consolidar na família, cuja extensão vem a ser a escola. Torna-se inadiável oferecer às crianças, adolescentes e jovens a educação religiosa, pois é impossível formar uma nova geração com caráter, bons costumes e amadurecimento da personalidade, se não houver uma formação que lhes sirva de suporte e, ao mesmo tempo, de iluminação. Pois bem, a partir destas reflexões, quero falar neste artigo sobre uma figura que, na minha vida, teve uma participação importantíssima para que eu pudesse conquistar princípios religiosos: Monsenhor Oriel Antônio Fernandes, o nosso querido “Padre Orié”, como era carinhosamente chamado por seus paroquianos, que nos deixou há 39 anos. Certa vez, o poeta Belarmino de França o desafiou com um enigma: “O que é, o que é? Pintadinho como um guiné; veste saia, mas não é mulher; pede esmola, mas não é esmolé”. O próprio vigário, do alto da sua sabedoria, pensou um pouco e respondeu: “Só pode ser Padre Orié”. Matou o enigma! Oriel Antônio Fernandes nasceu no sítio Quixaba, na vila de Belém, hoje cidade de Uiraúna, no dia 18 de novembro de 1911. Filho de Marcelino Josa Vieira (Major Salô) e Maria Emetina Fernandes das Chagas. Eram seus irmãos, José Marcelino Vieira (Zé de Salô), Ana Socorro Fernandes (Orcina), Maria Inês Fernandes e Francisca Emetina Vieira. Quando seminarista, saía de Uiraúna a cavalo para apanhar o trem da Rede Ferroviária Federal, em São João do Rio do Peixe, com destino à cidade de Itabaiana e, posteriormente, tomar outra locomotiva com destino João Pessoa. Ordenou-se no dia 20 de novembro de 1938, sendo oficiante Dom Moisés Coelho, Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba. Celebrou a primeira missa solene em sua terra natal, no dia 8 de dezembro do mesmo ano. Servidor e acolhedor dos pobres, particularmente dos agricultores, com quem nutria profunda identidade afetiva, era devoto de Nossa Senhora do Carmo, sendo inclusive, membro da Ordem Terceira do Carmo. Sempre andava com uma mala, carregando e vendendo aos fiéis de sua paróquia bíblias ou textos evangélicos, catecismos, livros religiosos, terços, medalhas, santinhos. Era uma forma de fazer apostolado, sem visar nenhum lucro. Em Pombal, foi vigário da Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso durante 12 anos, deixando obras religiosas importantes: a construção da capela de São Bentinho, hoje cidade de São Bento, reforma e conclusão das capelas de São Domingos e Riacho dos Cavalos; idealizador do Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro; construiu uma grande Escola Paroquial na rua que tem atualmente o seu nome; participou do Sindicato Rural e do Rotary Clube local. Também exerceu o cargo de professor de religião na Escola Normal o no Colégio Diocesano. Era um bom orador e afeito à leitura. Gostava de política e não escondia sua simpatia pelo PSD de Ruy Carneiro, mas, respeitava a lei da igreja que o impedia de militar partidariamente e mantinha um bom relacionamento com o deputado Chico Pereira. Foi agraciado com o título de Monsenhor, conferido pelo Papa Paulo VI. Monsenhor Oriel foi um árduo defensor de sua igreja, de sua fé católica e um forte combatente de outras religiões, protestantismo, espiritismo, ou instituição como a maçonaria. Detestava falar sobre o comunismo. Depois de longa enfermidade que lhe afetou o pâncreas, faleceu no dia 16 de maio de 1969, aos 58 anos de idade. Seus restos mortais estão sepultados no interior da Matriz de Pombal, onde é hoje venerado pela população católica da cidade. Durante toda a minha infância em Pombal convivi bem de perto com o Padre Oriel. Foi para mim um “verdadeiro pai”, pois a partir de 8 anos de idade eu passei a morar na Casa Paroquial. Por isso mesmo, alguns contemporâneos de infância me chamavam de “filho do padre”. Confesso que nunca gostei, pois considerava a brincadeira pejorativa e até cheguei algumas vezes a reagir com pedradas. Fui coroinha e, depois, auxiliar dos sacristãos (Raimundo Lacerda e Odorico). Pude conhecer de perto a figura desse servo de Deus, que incutiu na minha cabeça uma formação verdadeiramente sólida, no que se refere à religião e, a partir dos seus ensinamentos, tomei gosto por disciplinas como Filosofia, Antropologia, Sociologia ou Ética procurando melhor compreender o homem diante do Infinito, a dimensão do ensino religioso e a compreensão que puder ter da infinita Sabedoria divina, que tudo criou, governa e sustenta a humanidade. Como vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso, o Monsenhor Oriel ensinou aos seus paroquianos que, a cima de todos os valores humanos, estão os valores divinos, que Deus nos revela na Sagrada Escritura. A partir de sua Encarnação, Cristo nos transmite estes valores de forma vivencial e concreta, colocando-se como o exemplo a ser imitado e dando-nos, ao mesmo tempo, a graça necessária para realizá-lo. Monsenhor Oriel Antônio Fernandes, que Deus o tenha em um bom lugar! *Jornalista, Advogado e Professor. Natal R. G. do Norte
DE MACIEL GONZAGA: EM RESPOSTA AO COMENTÁRIO DE DONA CESSA. Prezado Clemildo! Tenho ressaltado em outras oportunidades que, se o historiador Wilson Nóbrega Seixas fosse vivo, com certeza abriria um espaço na sua Enciclopédia para enaltecer a importância de Clemildo Brunet de Sá na história da cidade de Pombal. Você é realmente um baluarte! A oportunidade que nós pombalenses estamos tendo, por seu intermédio, de nos comunicar e fazer história, é de grande alvitre. Da minha parte, sinto-me cônscio do dever cumprido em poder oferecer ínfima contribuição. Aproveito o ensejo para agradecer – em meu nome pessoal e dos meus irmãos Massilon e Marcelina – pelos elogios recebidos da digna professora Cessa Lacerda, filha de um dos homens mais probos da nossa terra, que foi o senhor Cícero Gregório. Quero dizer que a nossa família agradece penhoradamente a referência à nossa mãe (Roza Gonzaga de Luna) que foi uma “Mulher de Verdade”. Espero que o Supremo Criador nos dê saúde por muitos anos para que possamos continuar dando às gerações mais novas a oportunidade de conhecer a história da nossa TERRA QUERIDA. Por último, já fiz o esclarecimento por e-mail à professora Cessa e o faço agora de público, que a decisão de ouvir os jogos da Copa do Mundo de 58, pelo rádio, da janela da casa do Sr. Cícero Gregório, com apenas 8 anos de idade, foi de foro íntimo. Eu ficava à distância cuidando da Sacristia da Paróquia, que se encontrava em pleno expediente. Se alguém, por ventura lá chegasse, eu corria para atender. Esclareço ainda que, por várias vezes, o próprio Cícero Gregório, seus filhos e netos me mandavam entrar e sentar. Mas, muito me honra e pode hoje contar que ouvi os jogos daquela Copa do Mundo na residência de tão digna família. MACIEL GONZAGA DE LUNA – NATAL/RN
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