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O PODER, O TER E O PRAZER!

Prof Vieira (foto de arquivo)
FRANCISCO DE ASSIS VIEIRA NUNES* Segundo o Evangelho de Mateus, escrito por volta do ano 80 d.C, temos uma grande responsabilidade perante Deus, à humanidade e nós mesmos, pois, recebemos Dons Divinos, qualidades, talentos e virtudes, de forma que sobre nossos ombros repousa o dever de fazê-los crescer e multiplicar. Cabe-nos aprimorar estas habilidades e investi-las em benefício da coletividade fazendo-nos espiritualmente maiores. Este é o dever cristão e omitir seria um grande mau. Não podemos, pois, nos frustrarmos a esta prática privando a humanidade de saborear de frutos tão salutares. O homem, criado como a imagem e semelhança de Deus infelizmente nem sempre faz jus a esse conceito, pois não corresponde na prática com a finalidade para a qual fora criado. O ser humano nasce, cresce, desenvolve, reproduz e morre, completando assim o ciclo natural da vida. Entretanto, nem sempre esse processo é vivido. Enquanto alguns procuram viver de conformidade com os princípios ético-cristãos, outros criam sua própria filosofia de vida – logicamente aquela que mais lhe convém – como se ela fosse a mais lógica e mais correta. Daí, seguindo esse pensamento o homem luta intransigentemente visando alcançar metas, atingir objetivos, sempre no campo da materialidade e, por conseguinte, acumulando riquezas. É como se a aquisição de bens materiais representasse toda sua felicidade. Em suma, a vida se resume em três objetivos: o poder, o ter e o prazer. E nada, absolutamente nada, poderá restringir ou proibir de fazê-lo. Qualquer atitude nesse sentido seria ferir seu ego, além de uma afronta ao que a mídia nos ensina e divulga abertamente. O Poder, o Ter e o Prazer, estão inseridos na mente da maioria das pessoas, como requisitos indispensáveis à vida. São preceitos fundamentais nesse mundo capitalista, onde o ter prevalece diante do ser, subestimando as qualidades, os talentos e as virtudes. E, como se não bastasse, para consegui-las, o homem se utiliza de meios ilícitos, injustos e escusos, portanto, abomináveis aos olhos de Deus. Para tanto, em desrespeita ao semelhante: maltrata, humilha, espezinha e até mata. Como cristão sinto-me estarrecido com a temeridade com que se joga com a vida humana, como se fosse algo banal, o mais precioso bem, o qual, uma vez perdido, irrevogavelmente estará perdido para sempre. E, para explicar sua infinita grandeza, mesmo que a vida fosse um dom transferível ou recuperável, ainda assim, não justificaria a mesquinha e inexplicável atitude de perdê-la ou mesma de oprimi-la. Consta que a humanidade através de sua história tem se digladiado na busca pelo poder, na luta pelo ter e pelo prazer. A guerra tem sido desde os tempos mais remotos o meio pelo qual, famílias, povos e nações procuram resolver problemas de ordem política ou econômica, como ainda acontece nos dias atuais, tanto por simples motivos de honra ou questões religiosas, como antigamente. Muitos foram os conflitos entre os quais destacamos a Primeira Guerra Mundial, conhecida como a Grande Guerra pelo grande número de participantes e que ocorreu de agosto de 19l4 até novembro de 19l8. Assim, também, a Segunda Guerra Mundial que durou de 1939 até 1945, e que por sua vez causou o maior número de vítimas em toda história. E o que é pior, hipoteticamente imagina-se numa terceira guerra que seria travada pelas superpotências com a utilização de armas nucleares e que certamente teria efeitos rápidos e conseqüências mais trágicas. A propósito, não vejo heróis de guerra e sim, egocêntricos armados. Sabe-se à luz da fé que de todos os seres – exceto os anjos – só ao homem é permitido por Deus o poder de alterar a sua obra, pois Ele o fez livre. Mas, infelizmente o homem, pelo pecado, abusa da sua liberdade alterando as maravilhas da criação o fazendo de forma arbitrária em prejuízo dos outros e de si mesmo. A luta pela sobrevivência é um direito natural, até mesmo dos seres irracionais. Baseado nessa premissa, todo ser humano, pela clareza e limpidez de sua conduta moral pode naturalmente almejar objetivos e contribuir condignamente para o formoseamento da humanidade – família de Deus na terra. Entretanto, com o livre arbítrio, o homem pode seguir os mais adversos caminhos que lhe darão resultados distintos, isto é, de conformidade com a trilha percorrida. Ora sob o prisma da prudência e da sabedoria cristãs, cautelosos e responsáveis, agem conscientes de que, dos nossos atos e conduta depende a nossa glória ou ruína eterna. Ora agem pelo impulso e apavoramento não se prevenindo contra os riscos de surpresas desagradáveis. A palavra poder, segundo a sua etimologia vem do latim potere e consiste no direito de deliberar, agir ou mandar. Conforme o contexto a que estiver inserida pode representar a faculdade de exercer autoridade sobre algo ou alguém. No sentido sociológico entende-se como a habilidade de impor sua vontade. Ainda dentro desse contexto encontramos diversos tipos de poder, tais como: social, econômico, militar, político, etc. Enquanto isso, no aspecto político o poder é definido como a capacidade de impor algo sem alternativa para a desobediência ou descumprimento que tendo sua legitimidade reconhecida e sancionada como executor da ordem se constitui uma autoridade. Com essa lógica podemos caracterizá-lo arbitrário e opressor. Há ainda o poder da mente, do pensamento, da oração, da palavra, etc. Diante de toda essa explanação conclui-se que os dons divinos devem ser colocados a serviço da obra de Deus. Assim, o poder, o ter e o prazer devem ser vividos intensamente, mas, sobretudo com humildade. Quer seja o mais renomado cientista ou o mais simples trabalhador, o mais sucedido empresário ou o menos afortunado, todos, constituem diferentes caminhos, porém, todos filhos de Deus. Afinal, não é a humildade da profissão que descaracteriza sua nobreza e sim, a indignidade humana. Sendo assim, todo ser humano deve servir-se dos dons celestiais e colocá-los a serviço do bem, do semelhante, principalmente o poder, o ter para que se tenha realmente prazer. A título de lembrança, a palavra de Deus no que se refere à prudência nos adverte que devemos guardar tesouros para vida eterna, pois o tempo não gasta, a traça não estraga, o ladrão não rouba. Enfim, de que vale ao homem, o poder, o ter e o prazer, se tudo isto pode se tornar causa de sofrimento a sua alma? Lamentavelmente se percebe que na prática é diferente. É que o homem, para satisfação de seu bel prazer, o faz imbuído de vaidade e egoísmo. Como fruto de vis interesses sobrepõe a materialidade como razão do sucesso e do bem-estar em detrimento a qualquer sentimento de nobreza. Na verdade são atitudes insensatas de pessoas que na embriaguez do seu devaneio e tresloucado sonho tornam-se escravas de fantasias insanas. Quem assim procede não percebe ser o egoísmo a miséria da alma, tornando-se favelado de si mesmo, portanto, indigente da espiritualidade, por isso, incapaz de exercer o amor – maior dos sentimentos. Enfim, não é senhor de si, quem mesmo tendo conseguido o poder, o ter o prazer, torna-se deles escravo. *Professor e ex-diretor da Escola Estadual “João da Mata”
O PODER, O TER E O PRAZER! O PODER, O TER E O PRAZER! Reviewed by Clemildo Brunet on 11/18/2008 08:57:00 PM Rating: 5

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