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CLEMILDO FEZ ESCOLA - I -

"ÉPOCA EM QUE O RÁDIO ERA FEITO DE IMPROVISO"
Paulo Abrantes de Oliveira*
Clemildo Brunet de Sá, que revolucionou o rádio na década de 60, jamais poderia imaginar a contribuição incalculável que estava dando à cultura popular sertaneja. A emissora de rádio “A Voz da Cidade”, criada por ele, em Pombal, cultuava um propósito de programação séria, arrojada, de tópicos informativos e culturais que rapidamente atingiu o sucesso entre todas as camadas sociais. Tinha programação certa para todos.
Clemildo, possuidor de uma habilidade comercial fantástica, herdado de seu pai, Napoleão Brunet, tinha uma visão holística do futuro, apesar de muito moço ainda. Tinha a época, apenas 16 anos. Fez escola, confiou à responsabilidade de locuções de programas, a quantas figuras fosse, na certeza tranqüila de que teriam a qualidade criativa, além do próprio Clemildo, de um Genival Severo, Zeilto Trajano, Carlos Abrantes, Eurivo Donato, José Geraldo, Edimivam Monteiro, José Costa, Maciel Gonzaga e Genildo Torres.
E não errou. Pombal possuía na sua emissora de rádio, a melhor discoteca e o mais invejável plantel de locutores e controlistas da região sertaneja. A música trombeteava solta com uma maciez surpreendente, apesar de acoplado a um pequeno transmissor de “0C”, na freqüência de 3.722Klsc-faixa de 45 metros. Isto porque seus controlistas: Otacílio Trajano e Genivan Fernandes (Pássaro Preto), além de excelentes locutores, não se prendiam às formas rígidas, secas, de programação. Improvisando sobre os temas, foram aos poucos dando características próprias aos programas, até que todos se tornassem sucessos, como de fato se tornaram.
Clemildo, em depoimento, revelou que a Rádio “A Voz da Cidade”, atingiu um elevado índice de audiência até hoje nunca alcançado pela emissora Maringá e Bom Sucesso de Pombal. “A nossa discoteca era mais atualizada do que o Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras”, diz Clemildo. Criada em 1966, “A Voz da Cidade” atuava clandestinamente, até que, no ano seguinte, em 1967, no auge da ditadura militar, a Censura Federal descobriu e imediatamente mandou tirar do “Ar”. Lembro desse fatídico dia, o Tenente Ferreira, Chefe do Serviço da Junta Militar, chegou com a notícia à casa de Seu Vicente Farias: “Chegou ordem pra fechar a Rádio”. Ficamos calados, olhando um para o outro, como se quiséssemos perguntar: Que mal nos faz?...
Os Programas mais ouvidos nos contam Genival Severo, foram: “Brotolândia” com Clemildo Brunet, “Noite de Saudade”, com Eurivo Donato, “A Pombal Boa Noite”, com José Geraldo e Zeilto Trajano, e “Varandão da Casa Grande”, com Genival Severo.
O certo é que durou pouco, mas o suficiente para Clemildo fazer escola de profissionais competentes por esses brasis afora: José Cezário de Almeida (Rádio Maringá), Eurivo Donato e Zeilto Trajano (Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras e Correio da Paraíba), Massilon Gonzaga (Rádio Caturité), João de Sousa Costa Jornal Correio da Paraíba), Gregório Dantas (Rádio Bonsucesso Pomba, José Barbosa Coelho, Evilásio Junqueira, Magão do Lord, Sérgio Lucena(FM-98- João Pessoa), Otacílio Trajano, irmão do saudoso locutor Zeilto Trajano (Rádio Correio da Paraíba, Sanhauá) João Pessoa, Bertrand Chaves (Beto Chaves-Rádio Arapuá-FM), Carlos Abrantes de Oliveira(“A Voz da Cidade”, Rádio Correio da Paraíba, Rádio Tabajara, Rádio Arapuan, atualmente, Advogado e Mestre de Cerimônia do Palácio da Redenção).
*Engenheiro Civil e Professor Licenciado em Ciências pela UFPB.
CLEMILDO FEZ ESCOLA - I - CLEMILDO FEZ ESCOLA - I - Reviewed by Clemildo Brunet on 3/24/2009 03:13:00 AM Rating: 5

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