MANÉ MALUCO: NINGUÉM AMOU O FUTEBOL COMO ELE...
Maciel Gonzaga (Foto) |
MACIEL GONZAGA*
Oportunamente, já afirmei aqui neste Blog que “a pessoa pode trocar de cônjuge, casa ou trabalho, mas a paixão por futebol permanece intocada”. A paixão do povo brasileiro pelo futebol é eminente em todas as partes do país. Década de 60, quando vivíamos em um país ansioso por transformações sociais e em busca da tão sonhada abertura política, aqui em Pombal tínhamos uma figura que externava uma paixão incomparável pelo futebol: José Dantas dos Santos ou simplesmente Mané Maluco. Ninguém sabe a razão do apelido.
Nesse mutirão que temos feito em defesa do resgate da história pombalense, não podemos deixar de homenageá-lo. Inicialmente, procurei a “enciclopédia viva” que é nosso historiador Verneck Abrantes (Nequinho), que forneceu algumas informações sobre Mané Maluco, dizendo que, inicialmente, ele era conhecido como Mané Pato. E prossegue Nequinho: “Em Pombal, não tinha nenhum parente. Inicialmente vivia de receber favores de uma casa ou outra, até ficar agregado a família de Raimundo Queiroga, fazendo favores e cuidando do gado. Por ser extrovertido e um tanto diferente dos meninos da época, logo ficou conhecido como Mané Maluco. E não se importava com o apelido. Depois que se estabeleceu em Pombal, nunca mais voltou a sua terra natal, também ninguém nunca ficou sabendo por que partiu, porque nunca conversava sobre isso”.
Sua vida era o futebol, principalmente o Santos Futebol Clube, mas, acima de tudo, Pelé. Mané entendia muito de futebol, mas em campo foi um jogador mediano, sua posição era mais de marcador, sem jogadas que chamassem atenção. Chegou a jogar no Pombal Esporte F.C. e em pequenos jogos do São Cristóvão.
Fui informado por Clemildo Brunet de que o professor Francisco Vieira havia convivido por certo período com o nosso homenageado. Recorri a Vieira em busca de mais informações. Aí sim! Me chegam boas agradáveis informações. Conta Vieira, que Mané foi seu colega de infância e adolescência e fez parte do seu círculo de amigos, tendo dele grandes recordações. E mais: nasceu na cidade de Patos-Pb, sendo o seu verdadeiro nome José Dantas dos Santos. Chegou a Pombal ainda criança, em fins dos anos 50 e início da década 60, acompanhado de seu pai que vinha de São João do Rio do Peixe, na época chamado Antenor Navarro (a cidade de padre Luiz Gualberto), para trabalhar na estrada de ferro. Devido às inúmeras dificuldades seu pai foi embora, tendo Mané ficado sob a responsabilidade de Zé Pretinho do Cartório. Depois de certo tempo passou a morar com o Sr. Raimundo Queiroga, onde cresceu e viveu a maior parte de sua vida no meio da família Queiroga das Caraíbas.
Legenda: Na foto, Mané Maluco aparece como jogador do Pombal Esporte F. Clube, em pé é o 5° da esq/dir. (Futebol Pombalense 1920-1990) |
Ainda, no relato de Vieira, Mané, assim como toda criança mostrou-se desde cedo um desportista nato, dedicando-se a prática do futebol, seu esporte preferido. Mané não teve estudo, portanto semi-analfabeto, pois lia pouco e escrevia muito menos. Contudo, tinha uma memória privilegiada o que lhe permitira gravar com facilidade histórias de clubes, jogadores e partidas, enfim, fatos que contava em detalhes. Era uma enciclopédia ambulante do nosso futebol. Além do futebol Mané admirava a música romântica e gostava de cantar entre alguns amigos canções de Altemar Dutra, seu cantor preferido. Pouca gente sabe dessa qualidade, pois sua timidez não lhe permita dar expansão, por isso se retraia. Era também conhecido por Mané do Churrasco, pois durante muitos anos trabalhou neste ramo em festas. (informações de Vieira)
Tinha eu pouco mais de 10 anos de idade. Muitas vezes ficava ouvindo Mané Maluco falar de futebol. Das proezas da Seleção de 58; da convocação da Seleção Brasileira de 62; falar do orgulho de ser brasileiro quando a Seleção Canarinha vencia uma partida após a outra. Com ele, aprendi tomar gosto pelo futebol, colecionando álbum de figurinhas da Capa de 62 compradas no Bar de Cabina. Lembro-me que muitas vezes perguntava a Mané sobre esse ou aquele jogador, para poder valorizar a troca de figurinhas que valiam mais que outras. Ele sabia um a um, se era craque ou não e qual a posição. Mas, como sempre fui contestador, segui um caminho totalmente contrário ao seu: fui torcer pelo Sport Club Corinthians Paulista, o maior inimigo do Santos de Pelé – e de Mané. Não me arrependi. Orgulho-me!
Mané Maluco faleceu, deixou esposa que se chamava Anjinha e dois filhos. Enfim, era uma pessoa simples, honesta, humilde e extremamente mansa. Não tinha animosidade com ninguém. Merece todo o reconhecimento de nós pombalenses!
*Jornalista, Advogado e Professor - Natal - RN.
MANÉ MALUCO: NINGUÉM AMOU O FUTEBOL COMO ELE...
Reviewed by Clemildo Brunet
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2/20/2011 08:16:00 PM
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