22 ANOS: REMINISCÊNCIAS DE CORAÇÃO APAIXONADO...

Clemildo Brunet

CLEMILDO BRUNET*

A data de 15 de maio não me foge da lembrança, nesse dia em 1989 houve a estreia de meu programa “Coração Apaixonado” na Rádio Bonsucesso AM, a emissora tinha sido instalada e inaugurada no ano anterior, seu fundador e proprietário era o médico pombalense Antonio Carneiro Arnaud, Prefeito de então da cidade de João Pessoa, Capital do Estado da Paraíba. Eu estava vindo da Rádio Maringá AM, onde havia dado minha parcela de serviço desde a instalação, inauguração e funcionamento definitivo. Vivi por lá uma temporada de 07 anos como Diretor Comercial e tinha acumulado as funções de locutor e programador.

Ao adentrar na nova rádio a convite do meu amigo Dr. Geraldo Arnaud de Assis Júnior (Dr. Geraldinho), atual Vice Prefeito e Diretor do Hospital Regional de Pombal, fui designado para assumir a Editoria de Jornalismo e de apresentador do Jornal Bonsucesso ao lado do confrade Gregório Dantas (in Memoriam). Completava minha carga horária com o Programa “Coração Apaixonado” e nas horas vagas agenciava reclamos comerciais para emissora que me dava à comissão de vinte por cento a que tinha direito, além do salário mensal.

Fachada da Antiga Sede da Rádio Bonsucesso

Aceito de bom grado pela a opinião pública, o programa “Coração Apaixonado” terminou por preencher a lacuna de um suplemento musical no horário das 13h30min às 15h30min, fazendo com que os ouvintes da Rádio Bonsucesso tivessem de segunda a sexta, o prazer de se deleitar com entretenimentos, músicas, poesias e contos de fadas.

A flecha do cupido dominava os corações e o programa “Coração Apaixonado” arrebatava com ímpeto as emoções dos românticos e enamorados. Frases soltas sobre o amor e a paixão ditas pelo apresentador e às músicas do estilo povão, emolduravam o pensamento crepitando o sentimento do ouvinte mais sisudo. A Rádio Bonsucesso popularizou-se; as inúmeras cartas com pedidos musicais era o comprobatório da grande audiência do programa, tanto na cidade como na zona rural.

É com satisfação que compartilho com meus leitores as doces lembranças que marcaram a minha vida como profissional do rádio. Delas guardo boas recordações. Este 15 de maio, portanto, marcam 22 anos das reminiscências de “Coração Apaixonado”.

Clemildo no Prog. "Coração Apaixonado"

Não é sem motivo que o Poeta J.G. de Araújo Jorge escreveu em “Os mais belos poemas que o amor inspirou”.

A civilização atual vai tirando ao homem todas as oportunidades de poder perder tempo. O homem vai se esquecendo de que, o que ele perde em tempo, ganha em vida.

Esses que não têm tempo a perder, são justamente aqueles que perderão a vida num passo adiante. Os homens se esqueceram de que não são máquinas, de que o coração não é um dínamo, de que os nervos e o espírito não possuem a estrutura ou a resistência do aço.

Já que somos uma ilha cercada de gente por todos os lados, vamos lançar, ao menos, vez por outra, uma ponte para o grande continente da convivência e da solidariedade humanas. A solidão dos homens normais é aquela que não prescinde das alegrias da amizade, da companhia do amor.

Oh, a inveja que, sinto, hoje, dos moradores das pequenas cidades. Os que ainda têm tempo para se sentar nos bancos das praças, nas mesas dos cafés, olhar as belezas que passam, discutir política, “salvar” o mundo dos outros, porque o seu está seguro. Os que visitam e são visitados. Os que ainda podem ter uma província verdadeira, mesmo violentada pela televisão, mas sem a subversão do tempo.

Os que ainda têm tempo para ler livros, ouvir música, olhar o céu, admirar a paisagem. Os que ainda têm tempo para amar as coisas e os seres e – oh suprema ironia! – até para se lastimarem da vida monótona de sua cidadezinha, o seu paraíso impercebido.

Pombal, 12/05/2011

*RADIALISTA

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