DEFENESTRAÇÂO E CRIMES INACREDITÁVEIS
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Ao longo da história muitos foram os crimes em nome das religiões, etnias, políticas, preconceitos, racismos, e tantas outras causas que enojam a humanidade.
A defenestração de Praga, entre 1618/1648, na Boêmia, atual República Checa, por disputada de sucessão de trono, foi uma das mais conhecidas. Entretanto, várias foram as defenestrações, em tempos diferentes e motivos vários, cada qual com sua importância histórica.
Vivemos um momento de turbulência no cenário nacional, a credibilidade nas instituições e poderes constituídos atravessa uma fase negativa junto à opinião pública.
Após a implantação, em 1994, do Plano Real, idealizado pelo economista Edmar Bacha, ainda no governo Itamar Franco, gestão do então ministro da fazenda Fernando Henrique Cardoso, o Brasil vem crescendo no cenário econômico internacional, se firmando como a 6° potencial mundial e se projetando à 5° potencia.
Esse fato de relevância política não foi suficiente para crescemos em todos os sentidos, formamos um contingente de pessoas inescrupulosas, voltadas ao apego e a prática do ganho fácil, aumentando substancialmente os desvios de recursos públicos, tanto nas esferas federal, estaduais e municipais, independente de partido ou cargos exercidos.
Com a aproximação do julgamento do mensalão, processo que rola no STF (Supremo Tribunal Federal), muita coisa foi dita a respeito, teses levantadas, dúvidas geradas, e a opinião pública atenta ao que possa acontecer com os acusados.
Nesse final de semana somos surpreendidos com a reportagem da Revista Veja, destacando um encontro casual do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no escritório do ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, em Brasília, com o ministro do STF, Gilmar Mendes, e desse encontro ocorreu uma conversar entre os dois e o ex-presidente teria tentado negociar o adiamento do mensalão para 2013, usando como argumento o julgamento este ano, 2012, não seria conveniente, e como moeda de troca o ministro teria proteção na CPI do Cachoeira, Carlos Augusto Ramos, simplesmente Carlinhos Cachoeira, de maioria governista, citando a relação estreita do ministro Gilmar com o acusado de participação na quadrilha do Carlinhos Cachoeira, senador Demóstenes Torres.
O ex-ministro, Nelson Jobim, negou a conversa do Lula com o ministro Gilmar nesses termos, mas confirmou o encontro dos dois sem conversa reservado.
Há ainda uma citação, dessa conversa, fazendo referência ao julgamento do referido mensalão, onde outras pessoas são citadas, como o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Sepúlveda Pertence, ligado a ministra do STF, Carmem Lúcia, para que ela apoiasse a estratégia de adiamento do julgamento. Assunto esse negado pelo presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência.
Essas denuncias mais a inoperância da CPI do Cachoeira nos deixa perplexo, até o momento os integrantes da citada CPI não justificaram ainda sua criação, total desinteresse de convocar pessoas, efetivamente citados pelos marginais envolvidos no processo, principalmente os atuais governadores do DF, GO e RJ, cuja atitude, do presidente e relator da CPI, gera uma sensação de acordo entre os partidos dos acusado em questão, PT, PSDB e PMDB, respectivamente.
Isso posto nos vem as dúvidas, se a defenestração dos patrocinadores dos atos de corrupção da nossa sociedade política virá ou se teremos um grande acerto de bastidores, quando alguns bois de piranhas serão escolhidos e condenados, apenas para satisfação da sociedade descrédita e tensa, pela impunidade que toma conta de uma nação que ver seu esforço em vão, onde poucos, e corruptos, ficam com tanto, e muitos com tão pouco, para a dura sobrevivência com a dignidade dos justos e a serenidade dos praticantes da retidão.
*Escritor e Poeta
DEFENESTRAÇÂO E CRIMES INACREDITÁVEIS
Reviewed by Clemildo Brunet
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5/29/2012 05:11:00 AM
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