Mensalão, um divisor de águas
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Quando
em 2005 o assunto começou a tomar conta das páginas dos principais jornais do
nosso país não poderíamos imaginar tamanha história começava a ser escrita a
partir daquele novo termo introduzido na vida política do Brasil.
Decorridos
cinco anos, muita coisa foi discutida, enumerada, fatos expostos à opinião
pública, denúncias escabrosas, revelações inacreditáveis, posições contundentes,
perguntas maldosas, respostas cínicas, atitudes imponderadas e casos
arrepiantes.
Dia
2 último o Brasil começou a assistir o grande espetáculo de um julgamento
incomum, a história política sendo julgada através dos executores do mensalão,
por parte de uma parcela da sociedade composta por políticos, empresários e
pessoas ligadas aos partidos políticos que deram sustentação ao governo do PT, na gestão do ex-presidente Lula, 2003/2010.
pessoas ligadas aos partidos políticos que deram sustentação ao governo do PT, na gestão do ex-presidente Lula, 2003/2010.
Do
outro lado os demais envolvidos, tais como, os ministros do Supremo Tribunal
Federal, que também estão focados pelos que acompanham essa história, observando
a total imparcialidade de todos seus membros.
O
caso é complexo e de fundamental importância para a nossa história, os 38
membros que estão sendo julgados, enquadrados em diversos artigos, como
formação de quadrilha, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, peculato, quando
funcionário público, gestão fraudulenta e evasão de divisas, alguns enquadrados
em mais de um artigo.
Observamos
que o procurador-geral da república, Roberto Gurgel, sustenta a acusação aos
membros da mensalão com fortes argumentos, principalmente ao acusado em ser o mentor
do caso, e participante do núcleo político, ex-ministro da casa civil, José
Dirceu de Oliveira e Silva, juntamente com o ex-presidente do PT, José Genuíno
Neto e o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares de Castro. Os três sendo acusados
por corrupção ativa e formação de quadrilha.
No
núcleo operacional o destaque é o Marcos Valério Fernandes de Souza, principal
articulador desse grupo formado ainda por Rogério Lanza Tolentino, Ramon
Hollerbach Cardoso, Simone Reis Lobo de Vasconcelos, Cristiano de Mello Paz e
José Roberto Salgado.
Quanto
ao núcleo financeiro, é formado basicamente por ex-componentes do Banco Rural,
alguns continuam na instituição, Kátia Rabelo, Ayanna Tenório Torres de Jesus,
José Roberto Salgado e Vinicius Samarane.
Os
demais membros são acusados sem pertenceram a núcleos específicos.
O
número de advogados na defesa dos acusados é muito grande, porém destaque para
os notáveis no mundo jurídico nacional, o Márcio Thomaz Bastos, José Luis de
Oliveira Lima, Marcelo Leonardo, Arnaldo Malheiros Filho, Antônio Claudio Mariz
de Oliveira, Alberto Zacarias Toron e Antonio Carlos de Almeida Castro.
Os
ministros do STF, num total de 11, tendo como presidente Ayres Augusto Ayres de
Freitas Brito, relator Joaquim Barbosa, revisor Ricardo Lewandowski, e Carmem
Lúcia, Celso de Mello, Cesar Peluso, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux,
Marco Aurélio Mello e Rosa Maria Webe. Terão uma tarefa difícil e estafante
pela frente
Já
no inicio dos trabalhos, os advogados de defesa, na pessoa do Márcio Thomaz
Bastos, ex-ministro da justiça, advogado de um dos acusados, o
ex-vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado, levantou a questão da
constitucionalidade do processo, pois há 35 acusados que deveriam ser julgados
na primeira instância, com direito a recorrer e estão sendo julgados
diretamente pelo STF, julgamento final, tese apoiada pelo ministro Ricardo
Lewandowski e contestada pelo relator ministro Joaquim Barbosa. O argumento foi
reprovado por 9 votos a favor e 2 votos contra. Foi o primeiro embate que
surgiu, no primeiro dia, entre o relator e o revisor.
Além
do julgamento dos acusados do mensalão, está sendo julgado o comportamento de
todos os membros do STF, envolvidos. Principalmente a história propriamente
dita. Caso a tese de corrupção seja efetivamente aceita e condenada através dos
seus principais membros, mentores do caso, a corrupção fica configurada dentro
do governo no período já citado. Se os ministros julgarem pela absolvição
desses mesmos acusados, indubitavelmente, a sociedade vai repensar o conceito
de corrupção, pois as provas e depoimentos foram tantas que a possibilidade de
condenação é muito forte, principalmente aos olhos dos leigos, e decepcionadas.
A única certeza que temos é que a vida política brasileira nunca mais será a
mesma, seja qual for o resultado desse julgamento. Mas, quem de fato julga são
os meritíssimos juízes, preparados para essas tarefas. E nas mãos deles
depositamos toda nossa confiança que temos no judiciário brasileiro.
Genival
Torres Dantas
Escritor
e Poeta
Mensalão, um divisor de águas
Reviewed by Clemildo Brunet
on
8/06/2012 05:29:00 AM
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