Sorrisos e Lágrimas, uma Realidade implacável
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
Ainda há muita gente contabilizando o resultado das últimas eleições, no 1° turno do dia 07 último. Sempre quando há ganhadores os perdedores entram num estágio de profunda lamentação pelo insucesso ocorrido, assim é em qualquer situação quando acontece uma competição. Na política o fenômeno se repete, os competidores se lançam à luta pelo resultado favorável, todos acreditam nela, poucos conseguem o resultado positivo, o número de competidores é muito grande, portanto, a choro das carpideiras, ou não, é enorme.
Nessa
eleição tivemos vários resultados que mostraram a evolução da nossa mentalidade
política, ainda não é o ideal, mas é
o inicio de um novo tempo. Com a peneira
feita pela introdução do voto limpo, tivemos uma vitória antes da abertura das
urnas, extirpamos do meio político uma classe indesejável, para o bem da moral
e dos bons costumes, e a saúde financeira do erário público.
Os
números são fantásticos, nos 5564 municípios, no DF não houve eleições,
tínhamos 138.5 milhões de eleitores, 22.7 milhões (16.41%) não compareceram as
urnas. Cidades com mais de 200 mil eleitores 83 vão para o segundo turno,
dentre elas 17 Capitais. Portanto, tivemos definição de 33 cidades, contando
com 9 Capitais, com mais de 200 mil, e já definiram seus prefeitos. Nas 9
Capitais tivemos 7 partidos vitoriosos, das 17
Capitais que foram para o segundo turno vão participar 13 partidos, em
coligação com os outros 13 que fizeram parte do primeiro turno.
Em
todo o Brasil 401 municípios pediram reforço policial e foram atendidos, com
destacamento e participação de militares do exército, marinha e aeronáutica.
Durante
o dia 07 tivemos um número reduzido de ocorrências, 2178, das quais, 400
representaram o número de candidatos envolvidos em incidentes, na grande
maioria, boca de urna e desacato a autoridade.
Tivemos
alguns perdedores e ganhadores, como se a política fosse uma roleta onde os
políticos apostam seu capital político, nesse aspecto destacamos algumas
cidades específicas. Em
Porto Alegre (RS), o governador Tarso Genro (PT) não teve
sucesso e seu candidato amargou uma derrota humilhante, ficando a vitória para
José Fortunati do PDT com 65.22% dos votos válidos, mais do triplo dos votos da
segunda colocada, Manuela D’avila (PCdoB). O último candidato eleito no
primeiro turno foi o Raul Pont (PT), em 1996, portanto há 16 anos.
Em
Recife (PE) ocorreu a maior derrota do ex-presidente Lula, fez interferência
direta no diretório do PT local e substituiu a candidatura natural do atual
prefeito, do seu partido, João da Costa (PT), pelo senador Humberto Costa (PT).
O fato levou a uma divisão dentro do diretório municipal, em Recife, e o
rompimento com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB.
Com um toque mágico, o governador que apoiava o prefeito do PT, fez aparecer um
candidato, seu ex-secretário do desenvolvimento econômico de Pernambuco,
levando-o à uma vitória já no 1° turno com (51.15%), ficando em segundo lugar o
Daniel Coelho (PSDB) com (27.65%), e o Humberto Costa no terceiro lugar com
apenas (17.43%).
Na
cidade de São Paulo ocorreu a grande vitória do ex-presidente Lula, nesse 1°
turno. Com um candidato imposto, em detrimento a nomes consagrados dentro da
própria legenda, PT, caso específico da senadora, Marta Suplicy, hoje ministra
da cultura, pasta negociada, segunda a visão de vários analistas políticos,
para apoio ao escolhido pelo ex-presidente Lula. Fernando Haddad, ex-ministro
da educação no governo Lula e Dilma, um nome de respeito e credibilidade,
entretanto, sem nenhuma experiência política, no que se refere a campanhas, ou
julgamento do voto popular. Surge com apenas 5% na preferência do eleitor
paulistano, o ex-presidente Lula confiou na marca história de 30% do eleitorado
do PT, na cidade de São Paulo. Renunciou a luta em pró de outras candidaturas
em outras cidades, para se dedicar à campanha do Fernando Haddad. Apostou todo
seu capital político naquele jovem inexperiente, neófito nas campanhas
eleitorais, se deu bem, viu chegar no dia 07 corrente com seu candidato
embolado nas pesquisas de opinião pública. Finalmente a abertura das urnas
provaram que o ex-presidente tem seu carisma e sua importância dentro do
partido dos trabalhadores, se constituindo, ainda, no seu grande líder.
O
candidato José Serra, do PSDB chegou em 1° lugar com (30.75%) dos votos,
Fernando Haddad conseguiu ir para o 2° turno com (28.98%), desbancando aquele
que vinha sendo o líder nas pesquisas, Celso Russomanno (PRB), que não teve
fôlego para continuar no páreo e amargou o 3° lugar com (21.60%). A campanha
apresentou ainda uma nova esperança na política paulistana que é o Gabriel
Chalita (PMDB), em 4° lugar, obtendo (13.60%). Na outra ponta temos a Soninha
(PPS), 5° lugar, com 2.65% da preferência do eleitorado, metade dos votos na
eleição anterior, portanto, na política, uma estrela cadente.
Nos
números consolidados no 1° turno, sendo, portanto, parciais, ainda teremos o 2°
turno, observamos no resultado dos 26 partidos que participaram da última
eleição, 1° turno, o encolhimento do PMDB, em (-14%), o PSDB (-12%), PTN (-31%),
PTB (-28%), DEM (-44%), PR (29%), PPS (-9%), PP (-15%) e o PDT em (-12%).
No
contraponto tivemos o crescimento de outros partidos, que saíram fortalecidos
nessa eleição. Destacamos os seguintes números: PCdoB (+225%), PSL (+53%), PSC
(+46%), PRTB (+45%), PSB (+42%), PRP (+41%), PRB (+41%), PTC (+38%), PV (+27%),
PHS (+23%) e o PT com (+14%).
Com
a realização do 2° turno, dia 28 próximo, teremos a consolidação da vontade
popular traduzida nas urnas. Então, e certamente, ocorrerá mudança no quadro de
participação dos partidos políticos nos municípios brasileiros.
Esses
números mostram, parcialmente, a pulverização dos votos em diversos partidos,
sem levar em consideração a ideologia, ou mesmo programas de governo. Foi
considerado apenas o candidato, com pouquíssimas exceções, e bem
regionalizadas. Enquanto persistir o atual modelo de governo, participativo,
quando o executivo faz acordos, sem levar em consideração a ideologia, isso
considerando todos os patamares de governo, tanto na esfera federal, como na estadual
e municipal, não vemos nenhuma possibilidade de mudanças para melhor. Vai continuar
a mesmice, sem transformações. Essa política vem se agravando desde a época que
entrou em moda, no inicio dos anos 80, século passado, numa frase histórica, “É
DANDO QUE SE RECEBE”, do saudoso Roberto Cardoso Alves, ex-deputado federal,
por São Paulo, e por 4 legislaturas, ex-ministro da Ind. E Com. de 1988 a 1989, ministro da
Ciência e Tecnologia, em 1989.
*Escritor
e Poeta
Sorrisos e Lágrimas, uma Realidade implacável
Reviewed by Clemildo Brunet
on
10/11/2012 06:35:00 AM
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