A Credibilidade Precisa ser Mantida
Genival Torres Dantas*
Segunda metade dos anos 60, assume o ministério da Fazenda o economista paulistano, Antonio Delfim Netto, ficando no cargo de 1967/1974. Nesse período o Brasil foi presidido pelo gaucho, General Artur da Costa e Silva, 15/03/1967 até 31/08/1969, com seu impedimento legal e morte, assume o governo em 31/08/1969, a Junta Governativa Provisória de 1969, triunvirato governamental de três ministros militares: General Aurélio de Lira Tavares, paraibano, Ministro do Exército; Almirante Augusto Rademaker, carioca, Ministro da Marinha, e o Brigadeiro Marcio de Souza Mello, catarinense, Ministro da Aeronáutica. Transmitindo o cargo ao eleito indiretamente, General Emilio Garrastazu Médici, gaúcho em 30/10/169, ocupando o cargo até 15/03/1974.
Durante todo esse período o paulistano Antonio Delfim Netto, mandava na
economia brasileira, figura respeitada, professor emérito da Faculdade de
Economia e
Administração da Universidade de São Paulo (USP), conceituado
economista no meio empresarial. Nem por isso, e com sua inteligência e respeitável nome no mercado, não
deixou de manipular números na nossa economia, fazendo a inflação no seu
período, enquanto ministro parecer menor. Criando entre outras coisas o famoso
CIP (Conselho Interministerial de Preços), dessa forma, controlando a inflação
por decreto, com controle rígido sobre o mercado produtor.
Os números manipulados só foram repostos no governo Ernesto Beckmann
Geisel (1974/1979), tendo como seu Ministro da Fazenda, o também conceituado
professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade de
Brasília, e banqueiro, o carioca Mario Henrique Simonsen.
Faço essa citação pelo fato do mercado, nesse começo de ano está em
efervescência, há uma pasmaceira no ar. O nosso Ministro da Fazenda, o italiano,
nascido em Gênova, Guido Mantega, desde 27/03/2006, não manipulou, apenas
maquiou, de forma legal, porém não recomendável, no final do ano de 2012,
próximo passado, as contas do governo, no sentido de apresentá-las mais
positivas e eficientes. Esse fato só está sendo questionado pelos especialistas
no setor por alguns resultados negativos na área econômica. Muito embora a filosofia do atual governo seja desenvolvimentista,
passado dois anos temos patinado num crescimento pífio, inclusive, ficando os números
do crescimento em 2012 próximo a 1%.
Apesar dos esforços do próprio governo,
tentando trazer a inflação nos patamares estabelecidos pela meta e não
alcançada, havia uma expectativa e projeto de 4.5 pontos percentuais,
entretanto esse número chegou a 5,84%. Graças a um conjunto de medidas, no
decorrer do ano, como corte de impostos, IPI, no setor de bens duráveis, casos
específicos dos setores automobilístico e linha branca, como exemplo. Se essa
atitude não tivesse sido colocada em prática, mais a não correção nos preços
dos combustíveis, certamente esse número seria maior. Não podemos esquecer, com
a mudança do cálculo do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Completo), não tivesse sido feita, teríamos um ajuste para cima na ordem de
0,5%, portanto, um número de 6,34% na inflação.
Com o crescimento pequeno, quase nada, considerando nossa potencialidade,
recursos e projeções, com a condicionante da inflação em alta, já temos o risco
de estagflação, a presença da inflação sem crescimento do mercado, ou seja,
crescimento do PIB próximo a zero. Aliado a esses fatores de riscos, convivemos com uma situação
perturbadora, na área energética recomenda-se fazer uma análise mais profunda.
A Petrobrás é a única empresa no seu setor, e em todo mundo, que consegue
trabalhar no prejuízo, fato ocorrido no 3° trimestre de 2012, por algo
estapafúrdio, um dos fatores negativos, a empresa vende gasolina para o mercado
externo por um valor inferior ao adquirido, isso gera falta de lucro e
conseguintemente ausência de caixa para investimentos. Essa política fez com que
a empresa, Petrobrás, perdesse o seu posto de 1° empresa da América Latina,
assumiu seu lugar a AmBev (Companhia de Bebidas das Américas), valor de mercado
de U$120,1 Bilhões, superando a Ecopetrol (Empresa Colombiana de Petróleos
S/A), e a própria Petrobras (Petróleo Brasileiro S/A).
Como não houve repasse de custos aos preços do combustível, em 2012, para
o mercado interno, há uma necessidade premente de um reajuste de imediato,
fala-se que o ideal seria de 15%, mas espera-se um número próximo a 7.5%, esse
acréscimo não resolve, apenas ameniza o problema da empresa. Porém, não
compromete demasiadamente o índice inflacionário no mês de janeiro, já tão
comprometido com a elevação de preços em vários setores da economia.
Continuamos ainda com a possibilidade de racionamento de energia
elétrica, os índices pluviométricos verificados não descarta essa necessidade,
apesar do otimismo do governo. O desconto que será feito nas contas dos
consumidores, 20.2%, com incentivo à produção, minimizando o custo Brasil, a
partir de fevereiro, as mesmas contas vão ser reajustadas em decorrência dos
custos adicionais na produção de energia geradas a partir das termelétricas, em
operação desde outubro de 2013, com previsão de desligamento do sistema, caso
as águas nos favoreçam, a partir de abril próximo. Esse custo, com uso do óleo
diesel e do gás natural, na geração de energia, corresponde a R$700
milhões/mês. Caso as previsões realistas se confirmem, com a continuidade do
uso dos combustíveis fósseis na produção de energia, a indústria será afetada
de qualquer forma, pois vai haver a necessidade de desviar parte do gás natural
utilizado na produção industrial para as termelétricas. Um desvio de conduta
que se faz necessário para atender a coletividade em detrimento a um setor, ou
setores específicos, da sociedade.
Genival Torres Dantas |
*Escritor
e Poeta
A Credibilidade Precisa ser Mantida
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/18/2013 07:02:00 AM
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