O Quadro Energético e a Tensão no Mercado Produtivo
Um dos assuntos que vem sendo manchete na mídia
nacional, nesses primeiro onze dias de 2013, é a situação gerada pelas
informações desencontradas, dadas pelo governo brasileiro, no que se refere a
nossa real situação da produção, distribuição e estoque da energia elétrica
consumida no nosso país, obtida pelas hidrelétricas e
termelétricas localizadas
no território nacional com concentração no centro-sul.
O quadro é de se lamentar pelos desencontros
informativos, a imprensa procura alertar da necessidade de termos dados
precisos para até podermos nos precaver em eventuais quedas, ou cortes de
energias pontuais. Na outra ponta, o governo concentra esforços na tentativa de
dizer que está tudo bem e que as opiniões e informações por parte da mídia são
simplesmente alarmistas, não havendo qualquer possibilidade de um novo apagão
no sistema elétrico do Brasil, que é até ridículo tal insinuação.
Para fazermos uma análise superficial, devemos ter a
leitura de alguns dados históricos.
No Norte e Nordeste brasileiro há produção de
energia que atende o consumo regional a partir de pequenas e médias geradoras,
com exceção da CHESF (Companhia Elétrica do São Francisco), empresa criada no
Estado Novo, governo do Presidente Getúlio Dorneles Vargas, em 03/10/1945.
Projeto instalado no Rio São Francisco. Se constituindo num complexo de 10
usinas hidrelétricas e 1 termelétrica, com produção de 10.737 MW (megawatt),
capacidade instalada de 16.931 MW, interligada ao sistema nacional.
Nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o
abastecimento vem, na sua maioria, do sistema composto de usinas da Bacia do
Paraná, essas usinas respondem por 68% do consumo das regiões, tendo como a
principal produtora a Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional, com produção de
98.287 MW. Essa usina foi construída no período da ditadura, entre 1975/1982,
nos governos de Ernesto Beckmann Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo.
A Usina de Itaipu é considerada uma das 7 maravilhas do mundo moderno. É
realmente uma obra monumental no rio Paraná, na divisa com o Paraguai, com 50
milhões de toneladas de terra e rocha. O ferro e o aço usados na sua construção
dariam para construir 380 Torres Eiffel, França, e 210 estádios de futebol do
tamanho do maracanã, RJ, com o concreto ali empregado.
Para efeito informativo, o consumo de energia no
nosso país tem os seguintes percentuais, distribuídos assim: Sudeste 59.3%,
Nordeste 15.5%, Sul 14.4%, Norte 5.9% e o Centro-Oeste 4.9%.
É bom salientar, o Estado de Minas Gerais entra
nessa história com uma importância fundamental para a existência dessas usinas
citadas. Tanto o Rio São Francisco como o Rio Grande, afluente que forma com o
encontro do rio Paranaíba, resultando o rio Paraná. O São Francisco nasce em Minas Gerais , corta a
Bahia, passa por SE, Al e PE, desaguando no Oceano.
O Rio Paraná é relevante, além de ser usado na
produção de energia tem um recurso natural, na sua bacia, que é o aqüífero
(rochas porosas e permeáveis, capazes de reter água) Guarani, água subterrânea,
um dos maiores aqüífero do mundo. Beneficiando 15 milhões de habitantes,
distribuídos nos Estados do MS, MT, GO, MG, RS, SP, PR e SC, além do noroeste
da Argentina e Uruguai e sudeste do Paraguai. As reservas que ficam no Brasil
são de 55 km³, correspondendo a 70% de seu manancial.
Para termos absoluta segurança na produção das
hidrelétricas se faz necessário que as chuvas caiam sobre, principalmente, o
Estado de MG e os demais Estados por onde corre os Rios São Francisco e o Rio
Grande/Paranaíba.
Atualmente temos algumas usinas em construção, no norte
do Brasil, com atrasos das obras decorrentes de problemas ecológicos, indígenas
e contratação de mão de obra para a região. Esses fatos de entraves devem ser
levados em consideração, se não houver um aceleramento no andamento das obras,
vamos ficar vulneráveis a novos apagões ou blecaute, como ocorreu em 11/03/1999
e 10/11/2009. Mais ainda, as ocorrências de 01/07/2001 e 27/08/2002 são espelhos
que devemos observar, pois foram ocasionados por absoluta insuficiência de água
para gerar as usinas produtoras. O que está acontecendo hoje são exatamente as
evidências de repetições por constarmos os baixos níveis nos reservatórios e a
ausência de chuvas que insiste em se manter, os indicies pluviométricos atuas
não nos garante uma segurança firme e absoluta na ausência de pane do sistema
elétrico.
Muito embora a Presidente da República seja uma
pessoa com profundo conhecimento no assunto, tendo sido ministra de minas e
energia, seus auxiliares, do setor, começando pelo atual ministro, Edson Lobão,
colocado no posto por cota política do seu partido e não por mérito do
conhecimento técnico, não tem currículo na área que nos transmita segurança e
tranqüilidade. Outro agravante é que no atual governo, quando um assunto é tido
como líquido e certo, normalmente ocorre o inverso, isso faz o mercado
produtivo e os meios de comunicações entrarem em pânico.
O bom senso preconiza a total transparência nesses
momentos delicados, quando a certeza absoluta depende de uma série de fatores
de riscos, como é o caso, quando contamos com as causas da natureza, chuvas;
negociações da intervenção governamental nas políticas de assentamentos nas
reservas indígenas, liberação de recursos para financiamentos pontuais das
obras com finalidades especificas em andamento; pontualidade e responsabilidade
no cumprimento de cronograma para não por em risco a credibilidade conseguida
com muito esforço. Finalmente, uma comunicação afinada com a realidade e os
fatos efetivamente consumados, sem subterfúgios, rodeios, pragmatismo
exacerbado, com clareza e lógica na exposição. Isso é o que o povo quer, isso é
o que merecemos.
Genival Torres Dantas Escritor
e Poeta
genival_dantas@hotmail.com
O Quadro Energético e a Tensão no Mercado Produtivo
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/13/2013 07:25:00 AM
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Um comentário
Bardzo fajnie napisane. Pozdrawiam serdecznie !
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