Abril, um mês de erros e equívocos
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
A
nova constituição federal, promulgada em 1988 não corrigiu todos os problemas e
diferenças sociais no campo jurídico e político que vinham se acumulando por
tantos anos e vários sistemas administrativos implantados desde a nossa
independência (1822) e posterior proclamação da República (1889); Considerando
as seis (06) anteriores, 1967, 1946, 1937, 1934, 1891 e 1824.
A
multiplicidade das ideologias faz do Brasil um país tenso nas suas relações inter poderes com o agravante do comportamento prepotente de alguns membros que compõem os
respectivos poderes constituídos; executivo, legislativo
e judiciário.
Nos
últimos tempos, e, principalmente no mês de abril último, verificou-se um
acirramento nos conflitos já evidentes transformando-se em verdadeiros
confrontos entre o judiciário e o legislativo.
A
situação ficou mais complicada depois que o Judiciário julgou e condenou os
réus no processo da ação penal 470, mais conhecida como mensalão. Depois desse fato,
o PT (partido dos trabalhadores), e seus aliados, na base política que servem
de sustentação ao poder executivo, se sentiram prejudicados por não concordarem
com o desfecho do processo, alegando outras situações pendentes no judiciário,
caso do mensalão mineiro, sem ter sido dada a mesma importância e celeridade
que foi dada ao caso da ação penal 470.
A câmara dos deputados lançou mão de
uma PEC (proposta de emenda constitucional) número 33, do deputado federal
Nazareno Fonteles (PT-PI) que impõe limites ao poder do Supremo Tribunal
Federal, no caso o deixaria de ter a última palavra sobre mudanças na
Constituição.
Outra situação de atrito entre os dois
poderes decorreu pela liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes
determinando que a votação fosse suspensa, em caráter provisório, antes mesmo
da votação, no dia estava sendo votado, pelo senado, o que não ocorreu por
falta de quórum, a urgência do projeto de Lei da Câmara (PLC) 14/2013, que
restringe a criação de novos partidos.
A via sacra feita por alguns
congressistas alegando inconstitucionalidade e dos presidentes da câmara e do
senado, Henrique Eduardo Lyra Alves e
José Renan Vasconcelos Calheiros, respectivamente, afirmando o contrário,
fazendo um verdadeiro beija mão ao ministro do STF Gilmar Ferreira Mendes, num
gesto vergonhoso para o congresso nacional que devia agir em condições de
igualdade e não se pequinhando diante de outro Poder da República. Motivo que
levou alguns senadores e deputados, dotados de espírito ético e moral,
descompromissados com o disparate da incoerência, a ficarem incrédulos ao
saberem de tamanha insanidade de seus pares.
O que fica esquisito são os presidentes das casas, câmara e senado, com
processos correndo na justiça, questionando o judiciário, certamente há sustentação
legal, porém não há um clima moral que possa deixar o ambiente, entre os
poderes, em plena harmonia. Para piorar é a CCJ (comissão de constituição e
justiça) querer impor limitações ao judiciário, fazendo parte dessa comissão
dois deputados condenado pelo STF, caso dos deputados João Paulo Cunha e José
Genoino Guimarães Neto, ambos do PT/SP.
Outro fato é a PEC 37 propondo restrições de investigação ao Ministério
Público subtraindo poderes a esse orgão tão competente nas suas atribuições e
tão importante no momento histórico que atravessamos. É claro que ele, o MP,
precisa seguir regras normativas para não ocupar espaços de outras competências
acarretando a questão da duplicidade de poderes.
Toda essa celeuma foi criada a partir da possibilidade de candidatura, a
presidência da República, da Marina
Silva e formação do seu novo partido (REDE SUSTENTABILIDADE), fato que trouxe
desconforto aos situacionistas, eles se sentiam tranquilos nas suas pretensões
de reeleição e a Marina tem transito livre tanto na esquerda como na direita
brasileira, com um currículo invejável e capital político capaz de competir com
reais condições de sucesso no próximo pleito.
A
imprensa nacional tem noticiado os desacertos e erros cometidos pelo poder
executivo quando na execução dos seus projetos, muitos deles meritórios nas
suas idéias, mas, de extrema inconsistência na hora de pô-los em prática; apenas
para exemplificar alguns fatos e justificar a afirmativa, lembro o PAC que tem
servido para prestigiar alguns setores da economia e direcionado às empresas
com endereço certo e retorno duvidoso, caso específico do grupo representado
pelo bilionário, Eike Fuhrken Batista, do setor
energético, e com grande soma de valores alocados pelo BNDS (banco nacional de
desenvolvimento social), nas suas empresas, e com possibilidades da Petrobrás
fazer novos investimentos nesse grupo, para salvar algumas empresas do seu
conglomerado, quando esse mesmo empresário devia vender parte dos seus ativos
para fazer frente ao deficit apresentado e enfrentado por uma gestão
calamitosa.
O programa
Minha Casa Minha Vida, de extrema necessidade social, depara com a indiferença
da administração pública, quanto aos seus controles, sendo tocado por empresas
contratadas, muitas delas fazendo a construção, a venda, os recebimentos de
valores financiados pela Caixa Econômica Federal, e ainda, sendo responsável
pela fiscalização de todas essas operações; utilizando-se de empresas
coligadas, mas com estrutura jurídica locada no mesmo endereço, configurando
verdadeira insanidade administrativa. O pior, as obras executadas, vendidas e
financiadas estão sendo devolvidas ou interditadas pela péssima condição de
acabamento pelo material empregado que difere muitas vezes daqueles apresentados
nas planilhas e projetos aprovados.
Tudo isso
ocorre com o beneplácito do legislativo, poder que devia fazer a fiscalização
das ações do executivo. Entretanto, em decorrência da explicita subserviência
que ocorre hoje, no legislativo pelo executivo, nada é feito, a grande maioria
situacionista torna aquele poder impotente e obsoleto para exercer sua
atividade dentro da moralidade que lhe compete.
São erros
que precisam ser corrigidos evitados para que o Brasil possa caminhar
harmonicamente até às próximas eleições, e o eleitor venha a refletir e não
continuar tratando a política, como se dizia na Grécia antiga, de 2500 “a.C”,
na indiferença, tornando-se um verdadeiro idiota; como é sabido, cuidar da sua
cidade, seu Estado e seu país, é não colocar lixo na urna, se continuarmos com
essa prática jamais resolveremos a questão da ética e moralidade que recrudesce
a cada pleito.
O que mais nos entristece é
sabermos que os erros e equívocos da esquerda que ocupa hoje o poder no Brasil são
os mesmos praticados pela direita quando ali esteve, ambos cometem o mesmo
crime em nome do continuísmo, é o verdadeiro apego ao poder, custe o que
custar, até mesmo rasgar a Constituição Federal.
*Poeta
e escritor
Abril, um mês de erros e equívocos
Reviewed by Clemildo Brunet
on
5/02/2013 07:41:00 AM
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