Euthymia
Onaldo Queiroga |
Onaldo
Queiroga*
Como falar em euthymia num mundo tão
violento, de desconfianças, traições, inseguranças, incredulidade e
ingratidões? Como tocar no tema num tempo em que a droga e a promiscuidade interferem pesadamente na estrutura familiar da nossa sociedade, provocando um
rastro de flagelos, mortes e muita miséria humana?
Para quem não sabe, euthymia vem do
Grego, significa um estado de espírito que traduz tranquilidade da alma, ou
mesmo, a tão desejada paz de espírito. Nesse contexto, realmente fica difícil
olharmos para a frenética vida moderna e encontrarmos, assim, instantes de
euthymia, pois presenciamos uma sociedade vivendo escrava do relógio, das
etiquetas da luxúria, das modas editadas pela mídia televisiva, pelas teias da
corrupção, e,
acima
de tudo, pelos constantes golpes mortais desferidos contra a família. Há uma
conduta pervertida impregnada no caminhar da humanidade do Século XXI, que deve
ser repensada.
Muitos pensam que, com dinheiro na
mão, podem tudo. Ledo engano. O problema, contudo, é que esse engano tem feito
estragos impiedosos na história humana. Com dinheiro, a pessoa cresce os olhos
e adentra num destrutivo universo da promiscuidade, afastando-se dos princípios
morais, religiosos e éticos. Sem respeitar a própria sombra, pratica atos que o
transformam num ser sem sensibilidade, sem pudor e amor, o que, fatalmente, o
levará a um tempo sem amigos, pois enquanto possuir dinheiro, pode até pensar
que tem amigos, mas, na verdade, será sempre usufruído por aqueles que se
sentam à mesa para o banquete da hipocrisia. Quem acredita no ditado de que:
“onde dinheiro for e não resolver, é porque foi pouco”, sinceramente é porque
enquadra-se num outro dito, segundo o qual: “Quem disso usa, disso cuida”. Na
verdade, ele é a própria indignidade. Por isso, assim pensa, assim age.
Mas, diante de todos esses infortúnios, ainda encontro euthymia. Aliás, foi quando recebi e ouvi as canções com toques de paz, integrantes de um CD intitulado “Solitude”, de autoria da Banda Euthymia, que tem como um dos componentes o meu irmão Antonio Neto, que senti a necessidade de escrever esse texto, justamente para mostrar que, apesar de tantos gestos despóticos e malefícios que o homem vem perpetrando, a euthymia é possível quando você possui Deus no seu coração, carregando a esperança de que o ser humano ainda pode ser mudado, e o futuro ser escrito sob a égide da paz espiritual.
*Escritor pombalense e Juiz de Direito da 5ª Vara Cível de João Pessoa PB.
Euthymia
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/11/2013 07:06:00 AM
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