Foi, É e Será
Genival Torres Dantas |
Genival Torres Dantas*
O mês de outubro
fechou com acontecimentos nada confortáveis para o nosso país e setembro inicia
com fatos tenebrosos. No campo da diplomacia, depois do governo brasileiro
fazer um verdadeiro levante contra a espionagem feita pelos EUA em vários
países, incluindo-se aí o próprio Brasil, fomos pegos no contrapé com a
revelação que a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), tenha espionado
diplomatas americanos. Esse fato está sendo suavizado, principalmente pelo
nosso ministro da justiça José Eduardo Martins Cardoso, dando um valor menor que caracterizou as
ações americanas, mesmo assim, não deixa de ser constrangedor saber que os
países usam desse artifício, principalmente os desenvolvidos e
emergentes, para
uso do setor comercial e militar, entretanto, é uma situação real e de uso
universal.
Na economia a situação é preocupante quando não
conseguimos equilíbrio em nossa balança comercial e a moeda sendo uma das mais
desvalorizadas dos países emergentes, enquanto que a inflação recrudesce de
forma robusta, na mesma proporção que o nosso PIB (Produto Interno Bruto), se
mantém num patamar inferior ao desejado por todos nós.
Há certa perplexidade naqueles que defendem uma
máquina administrativa mais enxuta e proporcional a nossa capacidade de gastos,
entretanto o governo insiste em manter sua exacerbada administração pautado na
gigantesca máquina pública inoperante e desnecessária, conveniente apenas à
base aliada governista para sustentar e criar empregos aos afilhados da
incompetência gerencial.
O que nos deixa mais assustado, muito embora não
seja surpresa, num sistema de governo de compartilhamento, é que não há nenhuma
perspectiva de mudanças no curto, médio e nem mesmo longo prazo. Não vemos
nenhuma disposição política para que o quadro seja modificado no atual momento,
quando projetamos o futuro a decepção é a mesma, vejamos o que nos espera em
2014, se algo não mudar substancialmente:
A situação governista é cômoda, com a candidata à
reeleição natural da Presidente Dilma Vana Rousseff, se mantendo na dianteira
das pesquisas eleitorais, qualquer que seja seus adversários, considerando os
atuais pretendentes. Caso ocorra algum acidente de percurso, o PT tem um
reserva de ouro, às eleições, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva,
considerado o articulador político da sua afilhada, na condição do maior
carisma atuante na política nacional, com o crédito de ter sido o governante
que teve a visão e expandindo os programas sociais implantado no governo anterior,
Fernando Henrique Cardoso (FHC), resumindo num único sistema de distribuição de
renda, mas de um extraordinário valor para os mais necessitados, pecando apenas
em não ter mantido a contra partida para ter direito ou permanência nele, esse
fato não anula sua condição de líder junto ao eleitorado, principalmente no
nordeste brasileiro, região de maior carência social.
Correndo pelo meio, ostentando uma bandeira
oposicionista, vinda dos quadros governistas, temos a dupla, o governador de
Pernambuco e presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Eduardo Henrique
Accioly Campos e Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima, ex-senadora pelo
Acre, ex-Ministra do Meio Ambiente e articuladora da Rede Sustentabilidade,
partido que não foi oficializado ainda, por esse motivo filiou-se ao PSB, fato
que surpreendeu o meio político, surgindo uma possibilidade de chapa composta
pelos dois pretendentes, Eduardo e Marina ou Marina e Eduardo.
Na ponta, como oposição, surge o PSDB (Partido da
Social Democracia Brasileira) o partido considerado de verdadeiro
contra ponto ao governo atual não tem mantido com o vigor que se esperava dele,
trabalhando com apatia e sem mostrar nenhum programa de governo que venha
trazer mudanças ao sistema atual proporcionando melhorias gerenciais. Quando
governo, o PSDB trouxe alguns avanços tanto na economia, com a estabilidade
econômica, com a manutenção do Plano Real, criado no governo de Itamar Augusto Cautiero Franco (1930/2011), sendo
patrocinador do plano vitorioso, Plano Real, elaborado por sua equipe quando
ministro da fazenda. No campo social implantou alguns programas de distribuição
direta de renda como o embrionário Bolsa Escola, depois veio o Bolsa
Alimentação e Auxílio Gás, entre outros. Apesar da reconhecida capacidade, FHC
não foi capaz de eliminar focos de corrupção, se mantendo e evoluindo nos
governos subsequentes até o ápice da intolerância nos dias de hoje. Esse
partido, PSDB, mantém a tradição de entrar na disputa interna para concorrer ao
cargo de presidente da República sem a coesão necessária, totalmente dividido,
temos a disputa entre o ex-ministro da saúde, o paulista José Serra e o atual
senador mineiro Aécio Neves da Cunha, nenhum deles conseguindo a
popularidade necessária que possa vislumbrar qualquer sentimento de sucesso,
conforme pesquisas atuais.
Diante dessa conjuntura
e conjectura fica demonstrado que o Brasil foi sempre mantido por grupos
oligárquicos, ficando o erário a mercê de pessoas interessadas apenas no seu
bem estar, ficando o povo em segundo plano, essa condição continuará sendo
priorizada, se continuarmos a manter essa mentalidade medíocre que temos
voltada para a política, achando que o problema é do outro, não nosso e nada
mudará no futuro; vamos continuar lamentando os descalabros, a promiscuidade e
a descompostura de muitos que se servem do poder, podendo e não fazendo nada, dessa
forma estaremos ajudando a eternizar o crime da indiferença ao que ocorre em
nossa volta e em nossas vidas.
É bom lembrar o que
disse o poeta e escritor alemão Henry Charles Bukowski Jr. (1920/1994): ”O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes
estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas”.
*Escritor e Poeta
Foi, É e Será
Reviewed by Clemildo Brunet
on
11/11/2013 06:48:00 AM
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