A extinção do macho jurubeba
Teófilo Júnior |
Indiscutivelmente que a
sociedade patriarcal que imperou e ainda hoje impõe desmedida intervenção ao
universo que cerca as mulheres vem sofrendo progressivo combate prático e
ideológico. A verdade é que nos idos atuais as mulheres se emanciparam e resolveram
sair de casa, tomaram as rédeas, alçaram degraus, obtiveram conquistas, fizeram
surgir novos pensamentos, a exemplo do movimento feminista, de modo que a fêmea
de hoje vem se distanciado da mulher de outrora, recatada e educada apenas para
os afazeres da casa e do marido. A mulher moderna é de outro naipe, se
modificou, sobretudo no tangente ao seu papel no lar e no competitivo mercado
de trabalho.
De certo modo, vejo com bons
olhos tudo isso. Merecidamente a mulher vem conquistando, diga-se, com afinco e
competência, o seu verdadeiro espaço e
sua posição de destaque numa
sociedade em que, infelizmente, ainda traz consigo ranços de equivocada
dominação do homem construída através de séculos.
Numa rápida análise, a
mulher de agora vem deixando de ser a secretária do lar com meras atividades
primárias para se transformar na mulher executiva que disputa em pé de
igualdade as ofertas de emprego com o seu companheiro.
Queira ou não, o homem aos
poucos vai dividindo, quando não perdendo, essa competição. O marido agora
passa a cooperar ou mesmo a assumir as atividades domésticas, fato impensável
de acontecer nos ares da década de 1920. Impossível imaginar o vó Miro cuidando
da casa e dos meninos.
O fato é que elas, se antes
dominavam os lares, agora tomam a dianteira no mundo. A Inglaterra já se rendeu
a Margaret Thatcher, a dama de ferro dos ingleses. A Alemanha elegeu Ângela
Merkel. A Argentina, além de Eva Perón viu surgir Cristina Kirchner e o Brasil
é embalado pelos braços de Dilma Rousseff.
Inevitavelmente aquele macho
jurubeba acostumado com a figura da mulher doméstica corre um sério risco de
ser varrido de vez da face da terra, provavelmente extinto por não se adaptar a
evolução da espécie, seja por comodismo, ausência de condições, incompetência
ou por pura falta de melhor se posicionar diante da fronteira da história.
Em outras palavras, é
sentença de morte. E nesse particular, estou enrascado!
Eu, como já dito, que embora
veja com bons olhos todo esse avanço feminino, sou um incorrigível homem que
nada sabe fazer numa casa, exceto sentar-se a mesa e esperar D. Marileide
rodear-me com as suas iguarias. Não sei passar. Lavo muito mal e me confundo
sempre com os botões do meu fogão de seis bocas. Sou, digamos, um cabra marcado
para morrer, e ao que parece, de inanição.
Logicamente, isso era
enormemente motivo de preocupação e vinha me tirando o sono. Vinha até ontem. É
que, despretensiosamente como faço todas as manhãs, navegando em uma dessas
redes sociais vejo o velho amigo José Ribeiro postar, quase como a estender-me
um tábua de salvação, a seguinte mensagem em seu perfil social: “Não há
problema nenhum um homem arrumar a casa, cuidar dos filhos, lavar roupa,
passar, fazer comida e lavar a louça. Machismo, tô fora!”
- Zé, quer casar comigo?
Teófilo
Júnior
A extinção do macho jurubeba
Reviewed by Clemildo Brunet
on
1/18/2014 07:08:00 AM
Rating:
Nenhum comentário
Postar um comentário